Capítulo 08: Mozzarella da sua pizza

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Manuel se lembrava bem do dia em que ele havia conhecido Mara. Foi em um dos shows da sua antiga banda, ela aproveitou a pausa entre uma música e outra e chegou perto dele com um papelzinho na mão. Se não fosse pelo sorriso malicioso que a mexicana tinha nos lábios, o pianista acharia que seria um pedido de música. Mas era o seu número de celular mesmo.

Ela exalava sedução e Manuel não pôde resistir. Aceitou de bom grado o seu número de telefone, depois os convites para encontros e quando ele menos percebeu, já estava enfeitiçado. Mas ele não se importava, o espanhol gostava do relacionamento dos dois, era um prazer chamar Mara de "sua namorada".

Só não seria melhor do que chamá-la de "noiva" e, futuramente, "esposa". Mas ele não teve chance para isso, somente para "ex-namorada". E já estava começando a se acostumar com esse termo. Por isso o seu próximo passo seria importante. O anel de noivado que havia lhe custado um pouco mais de 4 mil dólares. Com certeza não era o mais caro e luxuoso dos anéis, mas ele havia juntado dinheiro por meses para comprá-lo.

Pena que foi à toa.

Manuel pesquisou e viu que, dependendo do interessado, ele poderia vender a joia por quase o mesmo preço que comprara. E se conseguisse, teria uma boa grana nas mãos para ajudar sua família enquanto estivesse em St. Albert.

Além de, uma certa forma, se despedir definitivamente de Mara e do passado.

— Está em perfeito estado – Analisou um dos joalheiros da cidade, um senhor de aparentemente uns sessenta anos, enquanto olhava cada detalhe do anel que Manuel havia levado em sua loja.

— Sim, eu comprei há pouco tempo. O senhor tem interesse?

O homem tirou os óculos de grau que estavam em seu rosto, os repousou no balcão de madeira à sua frente e olhou para o alto espanhol.

— Dou dois mil dólares por ele.

O músico piscou os olhos algumas vezes em surpresa quando ouviu isso. 2 mil? Era tipo a metade do que ele havia pago!

— Perdão, mas eu o comprei na casa dos 4 mil dólares. Americanos – O lembrou que o dólar americano valia um pouco mais do que o canadense — E não foi usado. Como o senhor mesmo falou, está em perfeito estado.

— Sinto muito, garoto – Ele lamentou enquanto o devolvia o anel — Não posso pagar mais do que isso. Talvez tenha sorte na loja do final da rua.

Frustrado, o Gutiérrez saiu do estabelecimento ainda com aquele maldito anel.

Que só o lembrava do seu fracasso.

***

Aquele era um dos dias mais frios da temporada. Bia, Chiara e Celeste estavam agasalhadas da cabeça aos pés e mesmo assim tremiam quando um vento gelado batia em seus corpos. Mas elas já estavam acostumadas com o clássico clima canadense de novembro.

— Eu já disse que prefiro o verão? – Chiara perguntou as amigas enquanto elas andavam pela rua.

— Umas mil vezes – Celeste a respondeu.

Estavam em horário de almoço e haviam combinado de comerem juntas. Normalmente Bia iria com Ana, mas naquele dia ela tinha saído com Thiago para almoçarem e a mais nova jamais se atreveria a segurar vela para os dois. Mesmo que a irmã não percebesse que esse seria o caso.

As amigas tinham acabado de comer em um restaurante japonês e estavam caminhando pela cidade com cafés quentinhos nos copos, enquanto esperavam dar a hora de voltar ao expediente.

Entre Neve & Sonhos || BinuelOnde histórias criam vida. Descubra agora