Capítulo 16

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Erick 

Hoje vou sair em busca de emprego, por isso capricho no visual. Faço a barba, visto minha melhor camisa e vou até a cozinha para tomar café da manhã. Tia Dulce prepara alguns ovos mexidos enquanto Yuri espera ansioso sentado à mesa. Logo me junto a eles. Pego o jornal e vou direto para a página dos classificados. Não posso vacilar, por isso selecionarei o máximo de anúncios possíveis. Algum desses lugares há de me contratar apesar da minha ficha criminal e, quando isso acontecer, provarei que poderão confiar em mim. 

– Vai procurar emprego, filho? – Tia Dulce puxaassunto. 

– Sim. 

– Você vai encontrar. Não desanime, pois mais cedo ou mais tarde as coisas darão certo – incentiva carinhosamente.

 – Eu sei. Vou tentar até conseguir, tia. – Esboço um sorriso fraco. 

– Você não vê o Thiago? Ele já está há meses no mesmo emprego. Eu nem posso acreditar. – Disfarça para que Yuri não perceba seus motivos. 

– Ele já saiu para o trabalho? – pergunto curioso. 

– Já. Hoje ele começou às sete. 

Tia Dulce mal fecha a boca e Thiago entra em casa que nem um furacão. Posso apostar que aconteceu algo muito sério, pois sua expressão não é das melhores. Bom, já até imagino do que se trata pelo modo como me olha. 

Ele está soltando fogo pelas ventas e tanto tia Dulce quanto Yuri observam assustados para a cena que se forma. 

– Erick, tô precisando levar um papo contigo. –Aproxima-se, colocando as mãos no bolso da calça. 

– Não dá para ser depois? Agora tô saindo para procurar emprego. 

– Não, não dá! – Cruza os braços. – E, além disso, já te disse que ninguém dá emprego para vagabundo. 

Nesse momento, o sangue me sobe à cabeça e levanto encarando-o firmemente. 

 – Qual é a tua, Thiago? Por que tu tá sempre tentando me colocar para baixo? 

– Tô precisando levar um particular contigo, já disse! Vamos lá para o quarto! 

– Mas o que está acontecendo aqui? – tia Dulce interfere.

 – Eu não gosto de ver vocês dois brigando.

– Não se mete, tia. A conversa é entre mim e esse babaca aqui – Thiago fala rispidamente. 

– Não fala assim com a tia. – Altero a voz. 

– Fiquem calmos, por favor. – Yuri me olha assustado, então, nesse momento, percebo que é melhor fazer oque Thiago pede. 

– Ok! Vamos para o quarto – digo firmemente. Ao adentrarmos no pequeno cômodo, ele logo se apressa em fechar a porta e depois me ergue pelo colarinho da camisa.

- Cadê o dinheiro? – pergunta entre dentes. 

– Me solta, porra! – digo, empurrando-o contra o guarda-roupas. Apesar de Thiago ser mais velho três anos, eu sempre levei a melhor durante nossas brigas. 

– Cadê a grana, Erick? – Caminha agora freneticamente pelo quarto.

 -Para quê tu quer saber? – pergunto tentando manter o autocontrole.

 – Me mostra a tua parte da grana, agora! 

– Para quê? 

– Para eu não ficar pensando que tu a devolveu para o ricaço. – Me encara procurando a verdade nos meus olhos. – Hoje fui limpar a piscina dele e a patricinha disse que ontem uma caixa cheia de dinheiro foi jogada em seu jardim. 

Paixão em CativeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora