Luísa
No caminho para casa, Erick permanece calado e sério. Não posso deixar de perceber o quanto está sexy vestindo jeans surrado e camiseta preta. O sol do fim da tarde batendo em seu rosto clareia ainda mais seus olhos verdes. Sentindo-se incomodado, ele retira os óculos aviador da gola de sua camisa e o põe na face.
Observo tudo discretamente enquanto dirijo. Esboço um sorriso debochado quando o vejo agarrar firme o "puta que o pariu" localizado na parte interna da janela do carro.
– Você acha mesmo que eu não sei dirigir, não é? – pergunto incomodada.
– E tem como eu pensar o contrário? – Me olha de soslaio.
Nesse momento, percebo seus olhos pousarem rapidamente sobre minhas coxas.
– O que você faz da vida, Erick? – Mudo de assunto, ajeitando a posição do retrovisor. Na verdade, faço isso para parecer desinteressada.
- Já disse que estou desempregado – fala secamente.
– Eu sei, mas acredito que nem sempre foi assim...– Giro em sua direção rapidamente. – Anda, fala... O que você fazia antes?
– Por que você tem tanto interesse na minha vida?
– E por que você está sempre na defensiva?
– Arqueio a sobrancelha. – Não estou na defensiva.
– Está sim. Sempre que eu te faço alguma pergunta ou ao menos tento ser gentil você me responde com algum deboche ou grosseria.
Vejo que ele abre e fecha a boca algumas vezes, mas decide por se calar.
– E por que, às vezes, eu tenho a impressão de que você quer me falar alguma coisa, mas logo desiste? – insisto.
– Não sei para que isso tudo! – bufa.
– Isso tudo o quê? – pergunto confusa.
– Me visitar no hospital, me trazer para casa...
– Você já ouviu falar em educação? – digo ao parar o carro em frente à sua residência.
Erick apenas me olha de uma maneira misteriosa, e esse olhar me faz, de repente, perder o fôlego.
– Bom, mais uma vez desculpa e espero que você se recupere logo – despeço-me, tentando me refazer do efeito que ele acabou de causar em mim.
– Não quer descer e tomar um café? – Se debruça sobre a porta e agora me parece bem nervoso. – Acho que minha tia vai gostar de te ver e eu aproveito para me redimir das grosserias e te mostrar que eu não sou assim tão mal-educado.
Confesso que esse convite me pegou de surpresa.
– Ok! Aceito. – Comprimo os lábios num sorriso sem graça.
Mesmo sabendo que não vai conseguir subir os degraus da escada sozinho, ele é incapaz de me pedir ajuda. Pense num rapazinho orgulhoso!
Como eu sou a responsável por tudo isso, além de ser uma moça educada e prestativa, me adianto e coloco seu braço sobre meu ombro de maneira que eu sirva como apoio. E droga, mais uma vez eu sinto um troço esquisito quando nossos corpos se tocam. Finjo que nada acontece e espero enquanto ele procura as chaves da porta em seu bolso. Já dentro de casa o conduzo diretamente para o pequeno sofá. Assim que se acomoda chama logo por dona Dulce.
– Tia! Cheguei! – grita. – Tia? – Sua voz praticamente ecoa por dentro da casa. Tudo está no mais absoluto silêncio.
– Acho que não tem ninguém em casa! – falo sentindo vibrações estranhas passearem pelo meu corpo. – Será que eles foram ao hospital me fazer uma visita? – Esboça um sorriso.
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Paixão em Cativeiro
Roman d'amourLuísa é uma jovem cuja família é dona de um dos maiores hospitais do país. Ela sonha em ser médica assim como o pai e a irmã mais velha, Heloísa. Concluiu o primeiro ano de faculdade, e se esforçou bastante para tirar as notas máximas. É uma moça tí...