Capítulo 18 - Parte II

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 Luísa

No caminho para casa, Erick permanece calado e sério. Não posso deixar de perceber o quanto está sexy vestindo jeans surrado e camiseta preta. O sol do fim da tarde batendo em seu rosto clareia ainda mais seus olhos verdes. Sentindo-se incomodado, ele retira os óculos aviador da gola de sua camisa e o põe na face. 

Observo tudo discretamente enquanto dirijo. Esboço um sorriso debochado quando o vejo agarrar firme o "puta que o pariu" localizado na parte interna da janela do carro. 

– Você acha mesmo que eu não sei dirigir, não é? – pergunto incomodada. 

– E tem como eu pensar o contrário? – Me olha de soslaio. 

Nesse momento, percebo seus olhos pousarem rapidamente sobre minhas coxas. 

– O que você faz da vida, Erick? – Mudo de assunto, ajeitando a posição do retrovisor. Na verdade, faço isso para parecer desinteressada.

 - Já disse que estou desempregado – fala secamente. 

– Eu sei, mas acredito que nem sempre foi assim...– Giro em sua direção rapidamente. – Anda, fala... O que você fazia antes? 

– Por que você tem tanto interesse na minha vida? 

– E por que você está sempre na defensiva? 

– Arqueio a sobrancelha. – Não estou na defensiva. 

– Está sim. Sempre que eu te faço alguma pergunta ou ao menos tento ser gentil você me responde com algum deboche ou grosseria. 

Vejo que ele abre e fecha a boca algumas vezes, mas decide por se calar. 

– E por que, às vezes, eu tenho a impressão de que você quer me falar alguma coisa, mas logo desiste? – insisto. 

– Não sei para que isso tudo! – bufa. 

– Isso tudo o quê? – pergunto confusa. 

– Me visitar no hospital, me trazer para casa... 

 – Você já ouviu falar em educação? – digo ao parar o carro em frente à sua residência. 

 Erick apenas me olha de uma maneira misteriosa, e esse olhar me faz, de repente, perder o fôlego. 

 – Bom, mais uma vez desculpa e espero que você se recupere logo – despeço-me, tentando me refazer do efeito que ele acabou de causar em mim. 

– Não quer descer e tomar um café? – Se debruça sobre a porta e agora me parece bem nervoso. – Acho que minha tia vai gostar de te ver e eu aproveito para me redimir das grosserias e te mostrar que eu não sou assim tão mal-educado. 

Confesso que esse convite me pegou de surpresa.

 – Ok! Aceito. – Comprimo os lábios num sorriso sem graça.

Mesmo sabendo que não vai conseguir subir os degraus da escada sozinho, ele é incapaz de me pedir ajuda. Pense num rapazinho orgulhoso! 

Como eu sou a responsável por tudo isso, além de ser uma moça educada e prestativa, me adianto e coloco seu braço sobre meu ombro de maneira que eu sirva como apoio. E droga, mais uma vez eu sinto um troço esquisito quando nossos corpos se tocam. Finjo que nada acontece e espero enquanto ele procura as chaves da porta em seu bolso. Já dentro de casa o conduzo diretamente para o pequeno sofá. Assim que se acomoda chama logo por dona Dulce. 

– Tia! Cheguei! – grita. – Tia? – Sua voz praticamente ecoa por dentro da casa. Tudo está no mais absoluto silêncio.

 – Acho que não tem ninguém em casa! – falo sentindo vibrações estranhas passearem pelo meu corpo. – Será que eles foram ao hospital me fazer uma visita? – Esboça um sorriso. 

Paixão em CativeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora