(5) Está na hora

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Jimin

As ruas de volta para casa estão vazias, igual quando há tempestades. Por que aquele gatinho não aparece agora? Pena que ele só me acompanha na ida e nem são todos os dias...

O céu não está mais azulado, uma cor cinzenta tomou o lugar. Pelo menos não está chovendo ou ventando. Está fresco, o que na minha opinião é a temperatura perfeita. Nem muito quente, nem frio demais.

  Olhei para um telão de um prédio onde normalmente marca as horas, temperatura,  e algumas vezes passam propagandas, mas desta vez, algo não estava certo, a tela mostrava somente a seguinte frase "está na hora".

  Ignorei o telão, virei a esquina saindo em outra rua. Só havia eu ali. Precisei parar de andar, por um breve instante, juro que a rua transformou-se na cidade vazia que sonho sempre... sinistro!

Hesitei, mas dei continuidade na caminhada...

Quero chegar logo em casa para tomar um banho quente e ficar enfiado nas cobertas. A professora que me perdoe, pois hoje não vou fazer o dever de casa. Nessa noite mudarei de identidade para "senhor preguiça".

  Parei de andar quando escutei alguém batendo no vidro de uma vitrine. Olhei curioso para o lado. Lá dentro havia um homem segurando uma plaquinha, escrito "está na hora".

  Fiquei confuso e assustado. Resolvi continuar andando para me afastar daquela mini loja, onde um homem de, chuto, trinta anos, estava segurando uma placa.

  Eu estava prestes a terminar aquele quarteirão quando precisei parar por conta de uma ventania repentina. Meus cabelos foram para os ares. Caso não estivesse segurando bem meus papéis, algumas folhas também teriam sido levadas.

Bendito dia que esqueci minha pasta. Não vou jogar o dever na bolsa para depois levar um sermão da professora sobre ter cuidado com as coisas, pois provavelmente os papéis ficariam amassados.

  Está na hora...

  O vento trouxe essa frase até mim. Senti o sussurro em meu ouvido esquerdo e fiquei arrepiado com os olhos arregalados. O que raios está acontecendo? É pedir muito para ter um momento normal?

  Resolvi ignorar todas essas esquisitices e continuar minha caminhada. Meu único objetivo era chegar em casa, não é nada extraordinário.

Decidi, assim que chegar em casa não virarei o senhor preguiça, ligaria para alguma clínica para marcar um horário com um psiquiatra. Ouvir e ver coisas só pode significar que sou esquizofrênico.

Assim que virei outra esquina, dei de cara com alguém. Por sorte, consegui parar antes de nos chocarmos.

Estou tão desastrado ultimamente...

  Eu pediria desculpas e continuaria andando, mesmo com vergonha, mas fechei a boca paralisado quando me dei conta de quem era.

Não pode ser...

Então...

Ele realmente existe.

Jm: Es-esquisitão!? — balbuciei desnorteado.

Silêncio. Era como se o mundo tivesse prendido a respiração.

Meu anjo é diferente Onde histórias criam vida. Descubra agora