(2) Não entendo...

627 91 228
                                    

Jimin

Jm: De novo não! Não aguento mais, por favor, me deixe em paz!

Em pensamento, gritei suplicante. Estou sonhando, não gosto dessa cidade velha, suja e abandonada. Eu só queria ter sonhos tranquilos. Por que não posso ser normal? Será que um dia saberei como é ser assim?

Parando para pensar, isso é incomum, nunca sonhei em dias seguidos, se sonhei ontem então não deveria estar sonhando hoje.

Algo não está certo...

Como de rotina, a Coisa me puxa igual um boneco, como se eu tivesse o peso de uma pena. Logo avisto ele, a pessoa que atazana meus sonhos. Mais uma vez o estranho está de costas para mim. O que aquela árvore morta tem de tão especial para ele observar tanto?

  Em seguida, o esquisitão vira me encarando, todo esse silêncio está me assustando. Resolvi mostrar a língua igual uma criança birrenta, mas o garoto não demonstrou nenhuma expressão.

Aproveito o silêncio para reparar em sua aparência. Sempre achei sua pele muito clara, mais um pouco e ele seria transparente. O que mais me intriga, é essa marca vermelha no seu olho direito, será que simboliza algo?

— Está próximo, se prepare...

  Ele disse uma frase diferente!? Entendi direito!? Não foi aquela frase chata "Nos veremos em breve" ou a frase dos meus aniversários "Parabéns, está chegando..."

Em todos esses anos, em todos os sonhos, ele jamais disse algo diferente.

  Tento falar, mas meus lábios grudam um no outro, forço para abrir, mas sinto que nunca mais irei abrir a boca novamente. Que sensação horrível!

— Nos veremos em breve.

  É óbvio que o esquisitão não deixaria de dizer essa frase. Até parece que foi a única coisa que ensinaram para ele.

  Minha boca ainda está grudada, então apenas assisto o garoto fazer seu truque igual mágica. Ele levanta a mão e faz um símbolo no ar, em seguida sou puxado para trás pela Coisa, é como estar em uma montanha-russa e meu destino final é meu corpo no mundo real.

Acordo ofegante e assustado, não sei porquê, mas toda vez meu corpo tem essa reação. Sem tempo da minha respiração voltar ao normal, levo um susto do despertador, que tocou repentinamente fazendo-me dar um pulo e colocar a mão sobre o coração para ter certeza de que ele não tinha saltado para fora do meu peito.

  Sento ainda com a mão no coração, sim, ele continua batendo, ufa.

  Antes de levantar, observo a janela ao escutar um barulho de coruja, o famoso "uuh uhh". Apenas o vidro estava fechado, então consegui observar a ave.

  Não é a primeira vez que ela aparece na minha janela, na verdade, quase todos os dias a coruja me visita, normalmente é pela manhã. Acho estranho, pois corujas são animais noturnos. Ela fica algumas horas e depois se vai, quando tenho aula, a hora que saiu é quando ela vai embora.

  Pesquisei no Google e pelo jeito ela é da espécie A. clamador. A única coisa que a ave faz é me observar. Minha lembrança mais antiga dela é quando eu tinha 6 anos, lembro que corri atrás dela no quintal, mas isso não a fez ir embora, na verdade, nada faz.

Meu anjo é diferente Onde histórias criam vida. Descubra agora