Desejos e vontades

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Enquanto Draco estava a recuperar na enfermaria, Harry visitava-o todos os dias, com esperança de que ele viesse embora, bem e melhor do que nunca. Mas isso não aconteceu, Malfoy ficou inconsciente durante dias, e Harry sentiu-se nervoso e sozinho sem a presença dele.

Os amigos estavam a terminar alguns trabalhos das aulas de poções, que agora, Harry passava sozinho, já que o seu par era Draco. Sentia saudades de cada momento, sentia que tinha sido insuficiente em todas as vezes que esteve com Malfoy, e prometeu para si próprio que quando o rapaz loiro acordasse, Harry iria-lhe dar o maior abraço que alguma vez deu a alguém, era disso que ele precisava.

-Pessoal, eu nunca vos cheguei a contar o que eu queria... naquele dia- Harry decidiu que iria partilhar com os amigos o que sentia, já não conseguia guardar aquela dor só para ele.
Ron e Hermione pararam o que estavam a fazer e focaram-se na voz de Harry, que estava trémula, por conta da vontade que ele tinha de chorar. Harry fez-lhes sinal para irem para fora do castelo, para terem alguma privacidade. Desceram as escadas e no final, Harry olhou para a porta da enfermaria que se encontrava fechada, e uma lágrima escorreu-lhe pela bochecha. Harry limpo-a rapidamente sem que ninguém se apercebesse, e saíram do castelo.

-Não sei como é que vão reagir a isto, mas eu espero que não me matem.

-Harry porque é que nós te haveríamos de matar!?- Ron e Hermione começaram-se a rir queriam, claramente, aliviar a tensão e medo que viam no rosto de Harry.

-Eu comecei a sentir algo pelo Malfoy.
Os amigos cessaram as gargalhadas e Hermione esboçou uma expressão preocupada e confusa, enquanto Ron, mostrava-se chocado e sem perceber muito bem o que tinha acabado de ouvir.

-Espera, tu...? Tu gostas do... -Ron não sabia muito bem o que responder.

-SIM! EU GOSTO!- Harry começou a chorar, não conseguia esconder mais. Estava na altura de lhes dizer.- Eu e o Malfoy começámo-nos a dar melhor este ano, e eu comecei a sentir sentimentos por ele...
Harry continuo a chorar, sentado no chão, enquanto desabafava.
Enquanto o moreno falava aos soluços, Hermione sentou-se ao lado dele e abraçou-o e ele pouso a testa no ombro da amiga. Ron, sem saber muito bem o que fazer, imitou Hermione e sentou-se ao lado do amigo.
Ficaram ali, a ouvir Harry chorar durante alguns minutos.

-Harry, olha para mim- Hermione agarrou nas laterais do rosto do rapaz- Não tens de ficar assim! Nós somos teus amigos, e não te vamos julgar pelas tuas opções. Confia em mim, ele vai ficar bem, vocês vão ficar bem. Eu e o Ron- A menina olhou para o ruivo, que retribuiu com um movimento de cabeça afirmativo.- ...vamos sempre estar ao teu lado!!
Hermione sabia sempre o que dizer. Depois dessas palavras, Harry ficou bem mais calmo, e um grande peso desapareceu-lhe dos ombros.
Ficaram ali os três, com poucas palavras e alguns risos que significavam "está tudo bem.".

-Harry...- Ron que não conseguira abrir a boca desde que o amigo começou a falar, decidiu dizer, por sua vez, alguma coisa.- Sabes que não sou muito bom com palavras, mas nós somos melhores amigos e vou sempre apoiar-te em qualquer opção que fizeres... Mesmo que essa opção seja ficares com o teu arqui-inimigo.
Os amigos riram-se às gargalhadas até o sol se pôr.
Quando todos os raios de luz solar desapareceram, os três jovens voltaram para dentro, ainda a rir-se das piadas que Ron contava repetidamente, mas que nunca perdiam a graça.

-Eu vou só...- Harry entrou no castelo e começou a subir as escadas, mas num pensamento repentino, decidiu ir fazer uma visita a Draco.
Ron e Hermione entenderam e subiram para a sala comunal, deixando Harry à porta da enfermaria.

Draco estava deitado, com um lençol a cobrir-lhe o corpo até ao peito. Harry dirigiu-se até à cama do rapaz e ficou a olhar para o rosto adormecido e sem expressão de Malfoy. Passou as mãos sobre a testa dele, afastando os cabelos louros. Depois de poucos minutos sentando na cadeira de madeira que estava ao lado da cama, decidiu levantar-se e sair, pois estava a ficar tarde e Harry precisava de descansar.

Aqueles olhos cinzentosOnde histórias criam vida. Descubra agora