CAPÍTULO 8

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As lágrimas que estava segurando rolam apressadamente pelo meu rosto e em questão de segundos estou entregue aos soluços. Não paro de formular milhares de perguntas. Ela não começaria a me beijar se não sentisse atração por mim, mas porque saiu daquela forma? Ela estava assustada? Com medo? Como que vamos continuar administrando o projeto depois de tudo isso? A única coisa que sei no momento é que nunca vou ser capaz de entender o mistério que é Sina.
Aumento o volume da minha playlists e rio com a ironia da letra da música que começou a tocar. Conan Gray - Heather

"But how could I hate her...?"
(Mas como eu poderia odiá-la..)

"...She's such an angel"
( ...Ela é um anjo)

A música faz com que a faca que estava em minha garganta cortasse o restante do meu pescoço me deixando sem ar. Não estou com raiva de Sina, e sim com medo. Medo de nada disso ser real, do clima no elevador ter sido apenas fruto da minha imaginação, o fato dela me defender se só por motivos profissionais, e principalmente medo de assumir para mim mesma que o que sinto por ela só está aumentando. Sejá lá o que isso signifique.
Os olhares de Sina voltam a me afetar, ela parecia perdida, não poderia ter a deixado naquela forma na garagem. Ela me atinge intensamente, e sei que não mudo absolutamente nada em sua vida.
Passo o caminho todo perdida em meus pensamentos e suposições. Cole está a minha espera na frente ao edifício, olho rapidamente para o retrovisor e enxergo o reflexo de uma mulher exausta, e que acabou de ter todas as esperanças esmagadas em mil pedacinhos.

- Boa noite Senhorita. Tenho uma notícia que você vai gostar.

Cole abre a porta e estende a mão para que eu levante.

- Desculpe peguntar, mas está tudo bem com a senhora?

Percebo que Cole nunca me viu assim antes, com uma exceção apenas.

- Sim, agora está. Só tive um dia longo.

Na mesma hora lembro que as meninas chegariam de viagem hoje, e um sorriso surge em meu rosto.

- Todos já chegaram de viagem?

Digo impaciente

- Exatamente, a Senhorita Hidalgo está acordada na sala esperando a Senhora chegar, os outros foram se deitar a uma hora atrás.

- Obrigada por avisar Cole. Boa noite.

Entrego a chave em sua mão para que ele estacione. Entro em direção ao elevador, digito a senha e assim que ele se abre adiciono os números do andar na tela digital. Esse é bom de ser dona de um prédio, você nunca precisa ficar precoupada se vai encontrar alguém nos corredores, se o elevador vai parar em outro andar e principalmente ter tudo que deseja sem precisar ir para rua. Me sinto um pouco melhor ao saber que vou encontrar Sabina, ela é a minha melhor amiga há anos, nos conhemos por conta de nossos pais. Ela é luz, e é isso que ela transmite. Os sorrisos, as risadas, as horas que eu e ela passamos acordadas falando sobre todos os assuntos mais aleatórios do mundo. Ela era uma menina queita, com medo de tudo e hoje ela se transformou em uma mulher, forte, decidida, incrivelmente linda, que corre
atrás do que quer sem pensar duas vezes e que principalmente consegue tudo que deseja com o seu jeito espontâneo, carinhoso, sedutor.

- Décimo quinto andar

A voz eletrônica me volta para o mundo real e as portas a minha frente se abrem. Fico aliviada ao entrar, tenho a sensação que fiquei um mês fora mesmo passando apenas algumas horas.
Logo posso enxegar Sabina sentada em uma das poltronas diante Seattle. Assim como eu, ela passa horas admirando a vista daqui de cima.
Apoio a mão na parede e tiro os meus saltos que estavam me matando, e os carrego na mão enquanto me aproximo. Sabina escuta o barulho e imediatamente vem correndo em minha direção, solto as sandálias, que caem no chão de mármore fazendo barulho agudo, e passo o braço por cima de seu pescoço. Seu abraço é reconfortante, e estou chorando de novo, estou com o corpo cansado, não sei se aguento mais uma crise de choro hoje.

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