CAPÍTULO 10

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NÃO. Meu grito sooa cheio de pavor e desespero por entre as paredes do meu quarto e me acorda de um pesadelo. Minha respiração descontrolada, meu coração batendo aceleradamente e um pavor crescente de violência cometida por um homem dono de olhos pretos sombrios. Isso é o que vem acontecendo a quatro noites, desde de que a conheci, sua pele delicada, seu jeito quente e forte, seu ligeiro toque em meu rosto, seus olhos castanhos. Meus sonhos, não sei se posso dizer assim, meus pesadelos, ficaram cada vez mais frequentes desde que a vi pela primeira vez dentro daquele escritório, sentada a mesa, junto com todos os outros. Era para ter sido só uma reunião normal, ganhar a confiança de todos e controlar o projeto, mas ela estava lá, cabelos ondulados, personalidade indecifrável, gentil, tudo era para ter ocorrido como o costume mas Heyoon estava lá. Tão vulnerável, doce, submissa, eu arriscaria dizer.

VOCÊ A REJEITOU
ELA QUERIA VOCÊ
E VOCÊ A REJEITOU

Foi para o bem dela.
Minha mente está sendo minha pior inimiga, não paro de pensar em Heyoon, gostaria de ter prendindo seus braços antes que ela pudesse ter tocado em mim, isso teria resolvido tudo, a teria beijado, sentido seus delicados lábios. Ela foi embora correndo, não olhou para atrás nem uma única vez, não reciou ao sair com o carro. Sei que a enchi que esperança quando minha boca estava coloda em seu pescoço e depois a desanpontei fugindo como uma criança.
Por que ela não me respondeu? Esperava que com o buquê que a enviei ontem e com que disse ela poderia pelo menos me desculpar, preciso mostrar para ela quem eu realmente sou, mas não sei se ela está preparada para isso.
Confiro o relógio e vejo que ainda são quatro da manhã. Vou ter uma série de coisas importantes para resolver e não consigo ter uma noite de sono sem pensar nela.
O som familiar do despertador começar a tocar as seis e meia quando ainda estou com os olhos abertos encarando o teto. Não dormi e estou cansada. Isso é ridículo

[...]

- Senhor James

Resmungo o dispensando. James é o último empresário de hoje, tive várias reuniões, e nenhuma me fez esquecer Heyoon. O céu de Seattle já está escuro e eu estou morta, pelo menos consegui tudo que queria, e assinei um dos contratos de parceira mais importante.
Enquanto caminho para porta da empresa consigo enxergar pessoas escondendo seus celulares e tirando os pés de cima de suas cadeiras e mesas, já estou acostumada, isso é normal por aqui, e para falar a verdade não vou me estressar por esse motivo hoje. Durante o meu trajeto escuto coisas como "Boa noite Senhorita", "Aproveite seu fim de noite".
Dylan está me esperando prontamente com o carro. Digo que vou direto para casa, não quero sair para correr, ou nem para jantar como faço de costume. O percurso entre a minha empresa e até meu prédio é curto, levando em torno de trinta ou vinte minutos. Os detalhes da noite de Seatlle me encantam todos os dias, a cidade iluminada pelas luzes dos diversos prédios e edifícios, a lua refletida na agua cristalina do Lago Washington, o Monte Rainier ao Sul, e as grandes árvores com suas folhas intocadas. Morar na parte central de Seatlle tem suas vantagens, nunca gostei de companinha, meus pais moram em uma casa um pouco
afastada do centro, assim que fiz dezoito anos vim morar aqui na 4th Ave, nunca tive vontade de dividir minha vida com ninguém até ela chegar. Acalme-se Sina.

[...]

Quando estou finalmente em casa, indo em direção ao meu quarto
percebo um embrulho em cima da mesa de centro da sala. Fico instigada para saber o que é. É pesado, pode ser de algum dos caras que troquei mensagem na semana passada, ou até mesmo de Liam. Assim que estão em minhas mãos percebo do que se trata. São livros da primeira edição de Cinquenta Tons, não preciso nem pegar o cartão para saber de quem foi. A citação que eu escolhi, tudo tem que haver com a gente..., com ela.
Rasgo o restante do papel e resolvo lê o que a Srta Jeong escreveu.

"Ele me enche de certezas e depois me cobre de dúvidas."

Ela conhece os livros, sabe a história, entende os personagens, espero que quando tiver minha conversa com ela seja mais fácil agora que eu sei que ela entende um pouco do assunto.
Eu a deixei chateada, triste até, essa citação se encaixa tão bem no que aconteceu. Por que ela não me entregou isso pessoalmente? Por que ela não veio até aqui se estava mal? Por que eu não estou indo encontra-la nesse exato momento?
Nunca corri atrás de ninguém, de nenhuma mulher, mas sinto como se precisasse.

" "Eu a queria". Assim como você o medo me dominava por completo, ainda domina, mas daria de tudo para tê-la. Mas nós não podemos Sina."

Heyoon Jeong

A dor me abala por dentro. Por que é tão doloroso lê essas palavras? Por quê?
Meus desejos nunca vão passar de desejos. Isso nunca vai dar certo, o que eu estava pensando? Onde eu estava com a cabeça?
Suas palavras me pertubam, atigindo uma parte sombria e reprimida da minha memória. A tantas coisas que preciso que ela saiba, há tantas coisas que quero dizer a ela se ela estiver disposta a me ouvir.
Já faz um tempo desde de que uma situação parecida com essa aconteceu, e o resultado foi trágico. Quero voltar ao domínio, e sei que só posso fazer isso quando falar com ela.
Mando uma mensagem para Dylan e peço para que ele ache o número pessoal de Heyoon. Minutos depois percebo que chegou uma notificação com os dados que pedi. Êxito em discar, está tarde mas desde de que a vi não estou pensando direito em nada que estou fazendo.

- Heyoon

Minha voz sai desesperada.

- Sina, o que aconteceu? Você está bem?

NÃO HEYOON, EU NÃO ESTOU BEM PORRA. Ela consegue vê quem eu realmente sou, não enxerga só uma mulher de negócios e sim a verdadeira Sina e não suporto ter que aceitar isso.

- Onde você está? Eu...

Preciso te ver.

- Eu só quero saber onde você está.

- Eu não estou em Seatlle, vim a Los Angeles a trabalho.

- O que aconteceu?

- Eu acabei de lê o seu cartão, eu disse Heyoon nós precisamos conversar.

- Não, nós não podemos, a gente tem um protejo juntas. Nossa relação tem que ser a base de negócios Sina.

- Pare de inventar desculpas para não assumir o que você quer. Eu sei que me deseja porque também sinto a mesma coisa.

- Sina

- Que dia que você vai está de volta?

- Amanhã pela tarde. Vou sair com algumas amigas para fazer compras, tenho uma festa para ir amanhã a noite.

Presumo que seja a festa de sua amiga Sofya. Dylan me informou sobre esse acontecimento que seria na sexta, mas agora pelo visto as coisas se adiantaram.

- A festa de sua amiga será na sexta?

- Como...Como que você sabe sobre a festa de Sofya.

- Não seja boba, você conhece a sua amiga, não é tão difícil ficar sabendo, ela chamou metade de Seattle.

- Ah

- Sina... Eu preciso de você.

A voz suave e calma de Heyoon entra em meus ouvidos e faz me coração disparar.
Não tive chance de responder, no mesmo momento que ela termina a frase encerra a chamada, a última coisa que escuto é sua respiração ofegante, que me causa uma série de pensamentos, sei que não devo, mas é inevitável. Ela falando meu nome enquanto traço uma trilha de beijos por sua barriga passando os lábios por entre suas coxa, nossos corpos colados, seu cabelo escorrido e grudado em sua pele, sua respiração falhada em meu ouvido. Ela não vai deixar você fazer isso.
Eu quero passar o braço ao redor de seu corpo e não deixa-la ir para longe. Eu aprendi a lidar com a solidão, a conheço melhor do que qualquer outra coisa. Eu não sou a pessoa certa para ela, estou longe de ser. Mas eu mudaria por ela. Não Sina, você não é capaz de mudar.
Nós nos conhecemos a quatro malditos dias, e eu estou disposta a fazer o que for necessário para beija-la.

O que Heyoon está fazendo comigo?

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