Capítulo I

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"Stars, in your multitudes, scarce to be counted and filling the darkness

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"Stars, in your multitudes, scarce to be counted and filling the darkness."

Quem poderia dizer que, de uma hora para outra, o meu mundo seria virado do avesso, ou melhor, o que já era virado do avesso, ficaria ainda mais complicado?

Era um questionamento pesado e complicado para uma mãe de gêmeos tão precocemente. Ler o meu livro favorito me tirava da realidade tão bruta. Javert estava certo. Nada era mais belo do que observar as estrelas; Impossíveis de serem contadas, que preenchiam a escuridão. Passava horas as olhando e como queria mergulhar naquela imensidão, como qualquer sonhadora faria, mas agora...

(...)

Ohio, 12 de Janeiro de 2010

...Meus pensamentos são interrompidos. Repentinamente, me vejo numa situação caótica. Eram duas da madrugada. Bennie caiu no chão e chorava desesperado, louco por um milkshake de morango para melhorar a sensação de dor no seu dentinho. Eu, como mãe babona, claro que iria até o único lugar na cidade aberto até essa hora. Entro no carro e rapidamente, dirijo até o local. Estaciono e entro.

— Boa noite.

Digo, ao rapaz de cabelos ruivos no caixa. Era o único ali, na verdade.

— Desculpe atrapalhar, imagino que estavam fechando, mas por acaso, ainda tem milk-shake de morango?

Indago pro rapaz, rezando pra que tivesse. Abro um sorriso fraco pro mesmo, tentando ser amigável.

— Não, senhora. Apenas de menta. Morango é muito requisitado, acabou por hoje.

Ele diz, com um sorriso cansado no rosto, mas claramente chateado por notar que eu precisava do tal. Balanço a cabeça positivamente, aceitando o de menta. Bennie não poderia ser tão mimado assim. Ele prepara o mesmo e eu pago, agradecendo.

— Você quer ajuda pra fechar? Parece cansado.

Digo, amigavelmente. Ele nega com a cabeça e responde.

— Mas uma companhia cairia bem. Me chamo Archie.

O olho, sorridente.

— Nina, muito prazer.

A primeira conversa que temos com alguém costuma dizer muito sobre a pessoa, apesar de ser um pensamento errôneo. Se a companhia for tímida o suficiente, demorará até 3 meses para mostrar sua verdadeira personalidade. Apesar disso, não foi o que eu senti com Archie. Ele era calado, fechado, parecia alguém muito sozinho, na verdade. Era difícil quebrar a casca que ele projetava sobre si para não falar da própria vida e eu entendia isso muito bem. Aliás, talvez falar demais seja um defeito meu. Todavia, eu também não estava com tanta força de vontade para desvendar seja lá o que fosse. A conversa foi típica: De onde você é, onde estuda, e muitos blás depois, veio a típica surpresa de "você tem filhos?". É, pois é. Tenho sim. 

— Aceita uma carona?

Ele me pergunta, educadamente.

— Estou de carro, mas obrigada pela gentileza.

Digo, sorridente. Olho em volta e o questiono novamente sobre a loja, me assegurando que não precisava de mais nada. Ele nega e pego o milk-shake do filho.

— Então, logo nos vemos, Archie! Foi um imenso prazer!

Digo, sorridente.

— O mesmo, Nina! espero vê-la logo, aí posso te dar seu milk-shake de morango.

Rio e me despeço, indo pra casa em seguida. Quando entro, a situação caótica voltava e me trazia novamente para a realidade. Entrego o milk-shake pra criança, dentro da mamadeira, tentando acalmá-lo. É, ser mãe era difícil, de fato. Mas valia cada segundo apenas por vê-lo calmo daquela forma, saboreando. Bom, desconheço uma criança que não goste de sorvete, não é? Enfim, ele termina e o coloco para dormir, no berço ao lado de Florence. Ajeito os dois e sorrio fraco. Adorava vê-los dormir. Era como finalmente, encontrar a paz. Encosto a porta, deixando um abajur com a luz levemente acesa. Caso eles acordassem, eu saberia, é claro. Entro no banheiro do quarto, enquanto Jesse se ocupava, gerenciando sua agenda. Era músico. Um bom músico, aliás. Demoro um tempo debaixo do chuveiro, deixando a água quente do chuveiro descer, acalmando cada partezinha do meu corpo. Faço minha rotina noturna de higiene e me deito ao lado dele, pensativa.

— Aconteceu alguma coisa de interessante, querida?

— Não, está tudo na mais perfeita ordem.

E estava. Infelizmente, estava.

 Infelizmente, estava

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Margot | Em andamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora