Capítulo II

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Depois daquela noite, fiquei pensando em Archie e sentia um frio na barriga toda vez

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Depois daquela noite, fiquei pensando em Archie e sentia um frio na barriga toda vez. Não era simplesmente ele, mas alguma coisa existia ali. Quando soube da festa na quadra do colégio, decidi que deveria chama-lo pra ir. Na realidade, eu não queria ir.  Detesto esse tipo de evento. Como representante de classe, não podia fugir disso. Pelo menos, tendo uma companhia — Considerando que Jesse não iria nem se eu pagasse — Poderia não ser tão ruim. Eu poderia ter ligado para Archie. Poderia ter mandado uma mensagem, mas, apesar de não saber o porquê, tinha que ir até a sua casa. A curiosidade estava me matando. Na verdade, sempre quis entrar naquele velho casarão. 

Atendendo aos meus desejos, dirigi até lá. Não tinha como me perder. Num bairro de casas pequenas, coloridas, uma  pertinho da outra, destacava-se uma casa de tom escuro, no fim da rua, onde não tinha mais para onde ir. O portão cobre enferrujado barrava a minha livre passagem para dentro, então, aproveitei para ver os jardins. Perfeitamente cuidados, com plantas de vários lugares, flores de diversas cores e tamanhos, a típica plaquinha indicando o nome da planta, inclusive, em latim. Uma parede de rosas tomava conta da lateral esquerda da casa, entrelaçando-se numa trepadeira verdíssima, que esbanjava vida e saúde. Via semelhança com o castelo da Fera no conto de Suzanne Barbot. Iria me assustar se fosse atendida por um mancebo que sabia fazer reverência. Ao fim da distração, procurei algum tipo de campainha ou interfone. Ao lado direito, perto da caixa de correio que também escondia-se entre algumas flores e ferrugem, encontrei. Em poucos segundos, Archie abriu a grande porta de madeira da casa, que parecia pesada até de abrir. Ele ergueu uma das sobrancelhas e veio até o portão gradiado do lado de fora. Remexeu um chaveiro circular que devia ter vinte ou vinte e cinco chaves. Me perguntei de onde seriam todas elas, até porquê não faria sentido terem cópias ali. — Talvez, uma seja do calabouço ou algo parecido. — Pensei, em tom de brincadeira. É. Ou não.

— O que faz aqui?

— eu vim convidar você pra festa na quadra na escola, na verdade, achei que talvez fosse uma boa... distração?

Indago, o olhando. Ele achou aquilo estranho, pelo olhar. Me convidou para entrar na casa e aceitei. Fui andando devagar pelo piso de pedra da entrada, que estava úmido. Cair não era uma boa ideia agora. Subimos uma pequena escadinha também de pedra e lodo, até a entrada da casa. Ao abrir a porta, uma sala imensa, com quebras no piso, teto, paredes, um candelabro de cristal — que estava cambaleando um pouco para a esquerda — Mas que, ao pensar naquele lugar sessenta anos atrás, era encantador.  Eu girei em torno de mim mesma, imaginando toda história que havia se passado por aquelas paredes já meio mofadas. Olhava o candelabro no teto, novamente. O toque para consertá-lo era gritante.

— Essa casa era do meu avô, ficou meio abandonada pelos anos, que fatalmente não a trataram muito bem. Bom, de qualquer forma, vou subir para me arrumar, um instante.

Margot | Em andamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora