Capítulo IV

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(Acima, música ambiente para a leitura do capítulo)

(Acima, música ambiente para a leitura do capítulo)

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Me deitei, perdida em meus pensamentos, tentando lembrar de onde conhecia o rosto da mulher na pintura. Era uma loucura. Nada vinha na cabeça.

— Vamos, Nina. Você precisa se lembrar.

Fecho os olhos, adormecendo. Era como entrar num estado de transe, como uma biblioteca. Um novo sonho começa. Apareço em frente ao espelho do meu antigo quarto. Me olho e... Tenho cinco anos? Como assim?

Nina Beaudelaire...

Uma voz me chama pelo espelho. Ponho a mão nele e ela atravessa o vidro, como se mergulhasse. Arregalo os olhos. O que raios aconteceu aqui? Ela chama de novo e atravesso o espelho, ficando em terceira pessoa, como se entrasse em uma cena esquecida no tempo. Olho ao redor e reconheço o local. Era o escritório antigo do meu avô. Olho para mim mesma novamente e voltei ao atual. A pequena Nina de cinco anos estava na minha frente. Assistia aquilo, como um filme.


14 anos atrás...

Estava sentada no tapetinho do escritório do vovô, brincando com o Sr. Tobias, seu gatinho. Noto meu avô preocupado. Ele usava um cordão com uma chave no pescoço, sempre presa à ele, como seu relógio de bolso. Me aproximo.

— Vovô, porque está triste?

Digo, com uma voz fina e simpática. Afinal, era uma criança. Ele estava sentado em sua poltrona, na frente da lareira, como de costume. Era muito idoso, tinha 102 anos, mas carregava essa chave peculiar pra todos os lugares.

— Não estou triste, minha pequena Papillon. Estou curioso.

Ele indaga, sem demonstrar sentimento algum.

— A curiosidade, Nina, ela nos faz descobrir os maiores mistérios do mundo.

Ele olha pro quadro pintado de vovó, firmemente.

— Mas, vovô qual o grande mistério?

Digo, franzindo o rosto em tom de dúvida.

— você é uma criança muito inteligente pra sua idade, querida. Peculiar, mas muito inteligente. Certamente, puxou sua avó.

Ele pega a chave, retira o cordão e põe em meu pescoço.

— A curiosidade, minha querida, vai te levar a lugares inimagináveis e respostas sobre um passado obscuro. Nunca deixe de questionar, Nina. Nunca.

Ele diz em tom sério e concordo com a cabeça. Olho pro quadro de minha avó, não entendendo. Não a conheci, mas sei que é uma dor que meu avô cativara por muitos anos. 

— Margot, estou indo. Nosso legado está salvo.

Ele sorri e me tira do seu colo. Se apoia em sua bengala e vai até próximo da lareira. Abre um cantil metálico e o bebe. Ele me olha e sorri, caindo em seguida.

— Vovô?

Digo, desesperada, sem entender. Meu pai entra no escritório abruptamente.

- Tire a Nina daqui!

Meu pai se agacha e sinto minha mãe me levar dali. As várias vozes que ouvi aquele dia assombraram minha cabeça por muitos anos. Foi a última vez que vi meu avô.


Acordo, num susto, ofegante

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Acordo, num susto, ofegante. É claro. Como pude esquecer. A imagem agora era clara na minha cabeça. Margot era minha avó, mas o que tinha a ver ela com a casa do Archie ou que pecado ela cometeu? A faca ensanguentada, a carta, tudo aquilo corria pela minha mente de tantas formas diferentes. O que poderia abrir meus olhos?

— É claro.

Abro uma gaveta minha, onde guardava algumas caixas de joias. Dentro dela, a tal chave de vovô, presa em uma corrente prateada. Pego a mesma, analisando. Era antiga e grande, como a fechadura.

— É isso.

Sinto um vento bater e me atravessar. Era o mesmo vento da casa do Archie. Eu reconhecia pela força que soprava e o cheiro claro de citronela e vela queimando.

— A curiosidade, vovô. Eu vou descobrir o que tem ali.

 Eu vou descobrir o que tem ali

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Margot | Em andamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora