É uma ideia de jerico, mas é a única que tem

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Akaashi Keiji era a definição de "vergonha da profissón" quando o assunto era o jeito que ele lidava com seu subgênero.

O moreno não gostava de ter nascido ômega lúpus, não gostava mesmo; todos duvidavam da sua capacidade de ser tão bom quanto um alfa, alguns até diziam que ele não deveria praticar um esporte como vôlei, mas sim algo mais leve e refinado, como tênis; e outros, os mais ousados e retrocessos, diziam que ômegas eram mais fracos até mesmo que betas e, por isso, deveriam trabalhar apenas em casa, cuidando do lar e da família.

Keiji cresceu ouvindo absurdos desse subgênero, ouvindo que ele era mais fraco do que todos ao seu redor, apenas por ser um ômega. Principalmente quando ele era um ômega filho de duas mulheres ômegas, sendo uma delas trans, que se reproduziram pelo "sexo principal". A essência "submissa" de Keiji era extremamente forte, por tê-la herdado dos dois lados. Como dito, ele era um ômega lúpus.

Então, quando suas mães o matricularam no Instituto Fukurodani, ele não pensou duas vezes ao decidir se passar por beta, usando lentes de contato para que a mudança de cor dos olhos não fosse evidente, desenvolvendo sua oratória para ser tão intimidante quanto um alfa, fazendo uso extremo de inibidores de cheiro e supressores — disfarçando seus feromônios ao máximo e diminuindo significativamente a vontade louca de fazer sexo e as dores agoniantes — e, ao menos duas vezes por ano, passando os 4 dias do seu cio trancado, sozinho — e muito bem assim, obrigado — em seu quarto, com a desculpa de que adoeceu, apenas para não deixar de passar pelo cio — pois prolongá-lo demais faria mal a sua saúde — e não precisar enfrentar os alfas de seu colégio. Sua sorte era ter um ciclo regular que acontecia uma vez a cada 4 meses, durante 4 dias.

Akaashi negava seu subgênero constantemente, quando na companhia dos colegas. Ele não tinha orgulho de ser ômega, muito menos um ômega lúpus.

Espécies "lúpus", devido ao ideal de "família perfeita" imposta pela sociedade onde alfas se relacionam apenas com ômegas ou alfas do sexo oposto, eram extremamente raras, principalmente quando se tratava de um ômega ou de um beta, tanto que havia uma lenda qualquer sobre eles se transformarem em lobos completos em um dado período do ano — o que não passava disso: uma lenda, afinal eles eram híbridos e não lobisomens —, além de serem julgados mais fracos do que alfas, lúpus ou não. Era como se ômegas como Akaashi fossem naturalmente mais fracos, e isso angustiava o garoto em níveis absurdos.

Ele não se sentia uma pessoa válida ou merecedora de coisas boas que vinham do seu esforço. Porque ele era um ômega. E ômegas deveriam ser mais fracos que alfas e betas.

Se passando por beta, era tudo mais fácil; ele era rebaixado apenas por "não ter um lado lobo", e não por "ter o lado inferior de um lobo". Ao ver de Akaashi, ele apenas trocava a repressão que sentia constantemente, por uma que não se encaixava verdadeiramente nele e, por isso, ele não a sentia.

As mães de Akaashi sabiam que o filho não lidava bem com o fato de ser ômega, mas não sabiam como ajudar o garoto. Elas podiam ter o mesmo subgênero, mas cresceram em épocas distintas e tiveram experiências distintas; elas tiveram outros ômegas lhe cercando e alfas protetores em sua família; coisa que, aparentemente, faltava para o filho em seu meio social ou havia algum trauma que elas desconheciam.

Todo dia, tentavam provar para Keiji que ser um ômega não era tão ruim quanto a sociedade fazia parecer, mas era um trabalho difícil quando se convivia com essa mesma sociedade.

Então, quando o garoto chegou em casa segurando as lágrimas — por ser apenas um ômega, no fim das contas —, suas mães resolveram dar um basta na situação; Keiji começou a fazer um acompanhamento psicológico, para lidar com toda sua insegurança e conseguir se aceitar melhor, um pouquinho mais a cada dia.

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