A luz dos olhos teus - Bokuaka

A luz dos olhos dele estão se apagando...

— Você é o que? — a voz escandalosa de Bokuto soou pelo cômodo, se sobrepondo à música de fundo que ainda soava do celular de Akaashi. Uma sensação de déjà vu se apossou dele.

— Konoha teve a mesmíssima reação, acredita? — o moreno tentou descontrair o clima que se instaurou no ambiente. Na verdade, ele estava bem tenso e nervoso, mas tentava disfarçar a toda custo, ele não podia ceder ao desespero que se instalava em seu interior. Tirou seus óculos e os pôs na mesa, assim não veria tudo ao seu redor perfeitamente, incluindo as expressões sofridas que se passavam no rosto de Koutarou.

— Por que você contou pro Konoha antes de me contar? — era isso? Bokuto havia perdido oficialmente o posto de melhor amigo de Akaashi?

Ah, ali estava. Bokuto desanimado, quase no modo emo. O levantador soltou um suspiro pesado.

Ele agora tinha duas opções viáveis para consertar aquela bagunça: bajular o amigo, até sua animação costumeira voltar, ou… jogar as cartas na mesa. Se abrir. Ser sincero.

Pensar em si próprio antes de pensar em Bokuto.

Ser egoísta em situações como essa ao menos uma vez naquela amizade.

"Se você explicar tudo bonitinho, tenho certeza de que ele vai entender, do mesmo jeito que nós entendemos."

Akaashi, gostando ou não, tinha seus motivos para esconder seu subgênero por tanto tempo. Doía falar sobre, mas os poucos meses de terapia foram o suficientes para fazê-lo perceber duas coisas que antes se recusava a enxergar: ele só irá melhorar quando estiver disposto a mudar, e falar sobre assunstos delicados faz parte do processo.

"Ele te ama e ele é compreensivo."

Talvez o "amar" de Bokuto direcionado à Akaashi não seja de modo romântico, mas isso pouco importa: amor é amor. Se isso for verdade, se Bokuto realmente amá-lo, seja como amigo ou seja de outro jeito, irá entender tudo direitinho e bonitinho, mesmo que demore um tempo para que isso ocorra.

— Sabe, Bokuto-san — Keiji começou a falar, com os olhos azuis fixos no prato de macarrão a sua frente e o rosto inexpressivo de sempre. Seus dedos batucavam na madeira da mesa no mesmo ritmo de "Do I Wanna Know?" — Você é um alfa. Você não… sente as coisas pelas quais Konoha e eu passamos — aquilo definitivamente foi um tapa na cara de Koutarou, que passou a olhar Akaashi mais atentamente a procura de algo errado, fpra dos eixos em seu semblante. — E eu sou um ômega lúpus. Minhas mães são ômegas. Até outros ômegas dizem serem superiores à mim. 

— Mas, Kaashi — Bokuto chamou com as sobrancelhas franzidas. — Você é incrível, sendo ômega, beta ou alfa. Você é tipo, super super, super incrível — surpreendentemente, o platinado não parecia mais estar desanimado, apenas preocupado com o seu amigo. — Você é a pessoa mais incrível que eu conheço.

Akaashi ainda olhava para baixo, mas sentiu necessidade de olhar para o sorriso brilhante que ele tinha certeza estar estampado no rosto do mais velho.

Então ele levantou seu rosto.

E seus olhos se encontraram.

O azul esverdeado de Akaashi encarava o dourado dos olhos de Bokuto fixamente.

A luz dos olhos dourados e a luz dos olhos azulados se encontraram por frações de segundos; segundos estes que pareceram séculos.

Ai, que bom que isso é, meu Deus! se passava como um looping rápido na mente de Akaashi, enquanto Bokuto apreciava o frio costumeiro que lhe dava sempre que havia esse encontro de olhares.