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- Se não sair do meu caminho, eu vou te queimar, vou queimar seu coração. – Disse Moriarty.
- Soube de fontes seguras que eu não tenho um. – Sherlock não se intimidaria.
- Nós dois sabemos que isso não é verdade. – Ele sorriu maliciosamente. – Ah, doce Anne. Ela era tão bonita. – Ouvir o apelido de Amy na boca de Moriarty fez Sherlock sentir raiva.
- Era? O que fez com ela? – Sherlock exigiu. Sua voz estava mais alta, o desespero em sua voz denunciava seu pânico.
- Uau! Eu realmente não esperava essa reação. – Moriarty estava surpreso, mas satisfeito com o comportamento de Sherlock. – Bem, está na minha hora. – Moriarty disse olhando seu relógio, sem responder Sherlock.
- Responda! – Sherlock cobrou.
- Terá que ver com seus próprios olhos. – Deu de ombros. – Mas acho que pode não gostar do que verá. – Riu. – Você vai conseguir viver com o sangue da única mulher que foi capaz de te amar, além de sua mãe, nas mãos?
- Eu vou acabar com você. – Ele mantinha sua arma apontada para ele. O que quer fosse que ele tivesse feito com a Anne, não ficaria sem uma resposta.
- Será? Você é realmente cheio de surpresas, Holmes... Vamos, atire, vingue sua amada Amelia. – Riu mais uma vez. – Adoraria ver sue lado vingativo. – Moriarty não conseguia esconder a satisfação de ver o desespero de Sherlock. Encarando Holmes com o olhar mais perverso de todos, esperou pelo tiro, mas Sherlock não conseguiu. – Ciao, Sherlock Holmes. – Moriarty foi embora sorridente, deixando Sherlock e John sozinhos. Rapidamente Holmes correu até o amigo e tirou a bomba que estava presa ao corpo dele.
- Precisamos achar a Amy. – John disse nervoso. – Ligue para seu irmão e peça que ele mande alguém até a casa dela. – John, que tinha dificuldade controlar suas pernas, deu a ideia.
- Bem pensando. – Holmes tirou seu celular de dentro do bolso e discou. – Mycroft, mande alguém para casa de Anne agora. Como assim quem? Mande a Guarda Real se for necessário, mas mande alguém. Ela corre perigo.
L
A cena era como a de um filme, o barulho da sirene ficava mais altos com forme se aproximam da casa de Amy e havia policiais por todos os lados. John e Sherlock estavam apreensivos, não sabiam o que iriam encontrar e temiam pelo pior. Moriarty havia provado ser alguém sem escrúpulos. Assim que desceram do carro, de dentro da casa os legistas traziam um saco preto com um corpo dentro. John se desesperou.
- Amelia. – Dizendo baixo, acompanhou o corpo com o olho.
- Não, grande demais para ser ela. – Sherlock constatou – Ela está viva. Anne! Onde ela está? – Deparou-se com Lestrade.
- Fique calmo. – Ele pediu. Amelia estava viva, mas seu estado assustaria até o mais insensível detetive de Londres, assim como havia impressionado Lestrade. Jamais imaginou que um dia pudesse ver Amelia daquela forma, tão vulnerável.
- Onde ela está? – Exigiu uma resposta, já exaltado, o comportamento de Lestrade o preocupava. – Onde ela está? – Repetiu.
- Na cozinha. – Mycroft respondeu. – Mas não sei se irá gostar do que verá. – Caminhando lentamente, as pernas de Sherlock pareciam não o obedecer.
Sentada em uma cadeira, ela recebi os primeiros socorros dos paramédicos, que checavam seus sinais vitais e tentavam limpar seus ferimentos. Amy vestia apenas uma camisa e calcinha, sua roupa normal de dormir – que Sherlock conhecia bem – que estavam manchadas de sangue. Machucados lhe cobriam o rosto e o corpo, porém o choro compulsivo, consolado por Sally foi o que mais o destruiu. Amy poderia ser a pessoa mais amável e carinhosa do mundo, sempre preocupada com o bem estar de quem amava e muita honesta com seus sentimentos, mas Amelia nunca se mostrava frágil, nem para os amigos, muito menos para pessoas “desconhecidas” que lotavam aquela cozinha. De todos ali, apenas Sherlock já havia testemunhado um momento como aquele – no dia que ela descobriu sobre a morte de seus pais – e ele desejou nunca mais vê-la vulnerável daquele jeito, porém, lá estava ela, soluçando, perdida, sentido dores físicas e emocionais que ele sabia que não poderia curar mais uma vez. Sherlock estava aliviado de vê-la viva, mas ao mesmo tempo irritado consigo.
- Anne? – Ficando de joelhos a frente dela para que ficassem na mesma altura, ele viu de mais perto a extensão dos ferimentos e o quanto os olhos dela estavam vermelhos e inchados de tanto chorar. 
- Sherlock? – Ela levou alguns segundos até reconhecê-lo. Piscando várias vezes, ela parecia não acreditar em seus olhos. – Você está vivo? Mas ele disse que você... – Não conseguiu terminar a frase, pois novas lágrimas lhe ocorreram.
- Quem disse o quê? – Ele quis saber, segurando as mãos de Amelia entre as suas.
- Um homem ligou e disse que você havia sofrido um acidente e que precisava ir até o Saint Bart. – Contou entre soluços. – Mas assim que eu saí do meu quarto... – Amy não conseguia controlar as emoções. - Foi como se eu revisse o que aconteceu com os meus pais tudo de novo.
- Estou aqui, Anne. – Aquele momento era como um déjà vu para eles. – Sente alguma dor? – Levantando o rosto da mulher, pode ver melhor o roxo que começa a se formar em um dos olhos e o corte aberto na maçã do rosto, assim como o machucado no canto da boca. Olhando para as mãos dela viu os nós dos dedos inchados e vermelhos, sujos com sangue seco. – Lutou, não foi? – Ela fez que sim com a cabeça. – Não esperaria outra coisa.
A cena durou muito tempo, pois ninguém ali teve coragem de interromper o momento e separá-los, a presença de Sherlock funcionava como um calmante para Amelia e, aos poucos, o corpo de Amelia foi se acalmando e as lágrimas começaram a cessar. Nada foi dito, o silêncio entre eles valia mais que qualquer palavra. Amy estava satisfeita em tê-lo por perto. E saber que ele estava vivo e ele por poder estar com ela e vê-la viva.
- Jess? – A voz chamou a atenção de todos. – O que aconteceu? – Perguntou ao ver o estado que ela estava.
- O que faz aqui, Peter? – Sherlock quis saber. A presença dele era inconveniente, inoportuna e uma ameaça para Amy. – Você não pode estar aqui.
- Peter? – Só então ela se deu conta de quem era. – O que faz aqui? Vai embora.
- Jess, o que aconteceu com você? Vim assim que me avisaram e me espantei em saber que ainda era seu contato de emergência. – Contou, tirando Sherlock de seu caminho. Tomou as mãos de Amy nas suas, só para ela as retirar. Ficando de pé rapidamente, Amy se afastou e, de imediato, sentiu o quanto lhe faltavam roupas.
- Mas você não é. – Contou, usando os braços para se esconder. – Eu mudei assim que terminamos. – A manta térmica dada a ela pelos paramédicos fazia um mau trabalho em lhe cobrir.
- Então, quem é o seu número de contato? – Com seu ego ferido, Peter estava descontente, principalmente por ver Sherlock tão próximo de Amelia.
- Eu. – Lestrade respondeu, aproximando-se, só então Peter o percebeu. – E eu recebi a ligação.
- Claro que seria você. – Peter e Lestrade tinham uma péssima relação. – Sempre sendo um bom amigo, né Lestrade? – Respirando fundo, Peter voltou-se para Sherlock. – Isso é coisa sua, não é? – Encarando Holmes, ele o empurrou pelo ombro. Ele era a pessoa que Peter mais odiava. – Sempre tentando bancar o herói e levando a Jess para o perigo, você não se importa com ela!
- Peter, acalme-se! – Lestrade bufou, ele não gostava do ex de Amy e não estava disposto a lidar com o drama que ele causava.
- E você, não se meta. – Interrompeu Greg. – Ou acha que eu não sei que você e Amy tiveram um caso enquanto estávamos juntos.
- Peter, isso nunca aconteceu e você sabe disso. – Lestrade respondeu irritado. – Mas, o mais importante, é que você precisa se retirar agora, sua presença não é bem vinda.
- Quem chamou esse cara? – John perguntou para Mycroft, que estava ao seu lado. A discussão continuava a acontecer, enquanto Mycroft e John tinha sua conversa paralela.
- Não sei, mas ele não pode ficar aqui. – A presença de Peter deixava todos inseguros e John estava sentindo.
- Mas por quê?
- Porque Amy tem uma ordem de restrição contra ele. – Mycroft chamou um de seus seguranças e pediu que todos ficassem atentos.
- Peter, não temos tempo para suas loucuras, isso não é hora para os seus ataques. – Sherlock tentou encerrar o assunto antes que tudo saísse de controle.
- Você adora esse papel, né? O amor que nunca foi esquecido, que sempre ressurge como herói. – Peter odiava tudo que Sherlock era na vida de Amy. Odiava que ela o tivesse escolhido e que fosse o grande amor da vida dela. – Sabe tem muito tempo que eu quero fazer isso e esse é o momento perfeito. – Desferindo um soco no rosto de Sherlock, Peter viu quando Holmes perdeu o equilíbrio e aproveitou a vantagem para se jogou em cima de Sherlock. Mais socos foram dados, os dois homens estavam no chão trocando golpes, os seguranças de Mycroft e alguns policiais tentavam separar a briga, mas sem sucesso. Amelia caminhou calmamente até um dos policiais que tentavam apartar a confusão e sacou sua arma.
- Se você não o soltar, os legistas terão de remover mais um corpo dessa casa. – Amelia pediu a Peter com o cano da arma encostado em sua nuca.
- Jess, você não teria coragem. – A desafiando, o lado ardiloso e manipulador de Peter se mostrava. – Você não foi capaz de me enfrentar antes, não fará agora, porque você sabe que precisa de mim e se abaixar a arma, eu vou te perdoar e podemos sair daqui juntos e viver nossas vidas bem longe dessas pessoas. – Peter ouviu o barulho da trava de segurança sendo liberado.
- Você tentou me matar, o que te faz achar que não me vingaria? – Amy tinha um tom amargo em suas palavras. – De todas as mortes que eu já causei, a sua será o maior orgulho da minha vida. – Amelia iria apertar o gatilho, mas a mão de Sherlock, que repousou sobre a sua, a interrompeu.
- Não vale a pena, Anne. –S herlock aproximou seu corpo, colocando-o completamente junto ao dela e sua boca próxima do ouvido de Amy. – Por mais que me agrade à ideia de vê-lo morto, principalmente pelo que ele fez com você, não vale a sua liberdade.
- E eu não ficaria um dia na cadeia por isso, ele está violando a ordem de restrição. – Contou. – E com certeza me faria muito bem. – Confessou.
- Chega de mortes por hoje, Anne. – Tirando a arma da mão dela, ele entregou o objeto a Lestrade e abraçou Amy como se sua vida dependesse daquilo.
- Por favor, Sher, não vá. – Pediu baixo, usando o apelido que dera a ele. Em seus olhos havia súplica silenciosa.
- Não vou a lugar nenhum.
- Tirem ele daqui e o prendam por violar a ordem de restrição. – Lestrade deu a ordem.
Assim que Peter saiu, os ânimos começaram a se acalmar e todo mundo voltou ao seu trabalho. Os paramédicos levaram Amelia para ambulância. Ela precisava ir ao hospital para ser examinada e suturar seus ferimentos. Sherlock a acompanhou na ambulância e a cada passo do caminho, esteve sempre ao seu lado, atento a cada movimento.
Horas mais tarde, depois de Sherlock ter enlouquecido quase metade do hospital, os médicos constataram, pelos exames, que Amy que estava fora de perigo e que apesar dos machucados, arranhões e hematomas, não havia ferimento interno que colocassem sua vida em risco e, por isso, e para se livrar de Sherlock, deram alta para ela ainda na madrugada.
- Não precisa me levar para sua casa, Sherlock, eu posso ficar com Mycroft, ou Greg, até mesmo com a Molly. – Disse enquanto ele empurrava sua cadeira de rodas para fora do hospital, ela estava mais calma e conseguia pensar com mais clareza. – Não quero causar nenhum desconforto ou impor minha presença. Obrigada pelo suporte, mas você não tem nenhuma obrigação comigo. – Amelia tinha todo um passado e um presente recente como argumentos para apoiar a sua decisão de não ir com Sherlock, apesar de ele fazer questão. Aquela noite e todo o cuidado e o carinho que ele demostrava não apagavam os acontecimentos anteriores e ela não poderia deixar que aquele momento de fragilidade fosse uma desculpa para que ele voltasse para sua vida. O que ele havia dito ainda ecoava em sua memória.
Amelia sabia o quanto estava abalada, por isso precisava de um tempo para pensar, que não teria se Sherlock estivesse por perto. Não era a primeira vez que tentavam mata-la e ela estava certa que não seria a última, mas não poderia permitir que isso a afetasse tanto.
- Eu faço questão. – Ele não a deixaria longe de seus cuidados. A segurança de Anne era sua prioridade naquele momento, mesmo que isso fosse péssimo para seu objetivo de afastá-la, não conseguia ficar longe dela naquele momento.
- Sherlock, se está fazendo isso porque acredito que me deve algo, ou por qualquer outra razão, eu te asseguro que não há. – Ela não queria ter que lidar com os sentimentos dela em relação a ele naquele momento. Ter Sherlock a tratando com tanto cuidado a deixava confusa e ela estava exausta demais. – Eu posso ficar na casa do seu irmão, lá ele tem vários quartos vazios, no seu apartamento não há quartos sobrando.
- Mas tem o John, que é médico e pode cuidar de você. – Insistiu. – Você pode ficar no quarto, eu durmo no sofá da sala.
- Por favor, Sherlock. – Ela não queria ter que brigar. – Eu prefiro ir para casa do seu irmão.
- Tudo bem, se prefere assim. – Sentindo-se rejeitado, Sherlock aceitou a decisão de Amy e deixou que ela fosse com Mycroft. No fundo sabia que a culpa era dele e do grande esforço que fazia para afastá-la. No final havia conquistado seu objetivo, mas não sentia como se fosse uma vitória.
- Tem certeza que não quer ficar? – John disse ao sair do carro, ele esperava que ela mudasse de ideia.
- Tenho sim. – Ela sorriu e viu quando Sherlock saiu sem se despedir.
- Então você está mesmo dando o tratamento de gelo no meu irmão? – Mycroft perguntou.
- Não. – Tirando seus olhos da rua que passava por eles, encarou o ex-cunhado. – Estou me protegendo. – Admitia. – Eu amo o seu irmão, mas eu preciso começar a pensar em mim. – Limpando as lágrimas, aquela era a decisão mais difícil que já tomara em sua vida.

Amy's fate - SHERLOCK HOLMES FANFIC PORTOnde histórias criam vida. Descubra agora