3° dia

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— O que você está fazendo?

— Cale-se! — cortei Sam, sibilando para que ela ficasse quieta.

No modo automático pulei junto com o travesseiro e coberta para dentro da minha cama, empurrando a cabeça da Sam para baixo e abraçando o restante do seu corpo como se fosse meu cobertor, no exato momento em que minha mãe acendeu a luz do quarto.

— Mãe! O que você quer? — reclamei falsamente. — Eu já disse mil vezes: eu não preciso que venha mais a noite no meu quarto.

— Eu achei ter ouvido vozes, meu amor. — ela começou a se explicar, correndo os olhos por todo meu quarto a procura de outro ser vivo além de nós dois. — Fiquei preocupada. — disse se desculpando pela invasão.

— Eu estava conferindo uns vídeos para o iCarly. — menti. — Prometo deixar o volume mais baixo na próxima vez.

— Mas Fredinho... — ela tentou insistir, mas eu a impedi.
— Boa noite, mãe. — encerrei o assunto.

— Boa noite, querido. — ela sorriu suavemente e saiu.

Eu soltei um suspiro de alívio.
Porém não foi o suficiente e permanecemos por uns cinco minutos na mesma posição, amedrontados na idéia dela voltar e nos flagrar naquela situação difícil de explicar.
Recuperado os sentidos, e a certeza da minha mãe ter ido mesmo embora, Sam decidiu sair das cobertas reclamando de calor.

— Fredinho. — ela não perdeu tempo para tirar sarro, parecendo alheia em como nossos corpos estavam colados.
Lancei-lhe o meu melhor olhar zangado e indiferente, soltando-a e cruzando meus braços sobre a coberta.

— Essa foi por pouco.

— Não foi tão ruim. — olhei incrédulo para ela. — Qual é, não é como se ela fosse nos matar.

— Eu não duvido nada disso. — respondi, me aconchegado no calor da cama.

— O que será que aconteceria?

— Não quero nem pensar. — comentei, voltando a olhá-la. Pequenas rugas surgiam entre seus olhos que se fechavam intrigados com o pensamento.

— Boa noite, Sam. — desejei com os olhos já fechados.

— Boa tentativa. — disse a diabo louro, me expulsando novamente da cama. 

Quando acordei Sam já tinha saído assim como na noite anterior, em sigilo. Dei uma arrumada rápida no quarto e fui me encontrar com minha mãe, que estava na cozinha pronta para ir trabalhar.

— Freddie, já vou indo para o hospital. Almoça direito, coma as verduras que eu cozinhei e estão na geladeira. Nada de comer salgadinhos! — ordenou a minha mãe, fechando a porta e finalmente me dando liberdade.

— Okay. Tchau mãe. — me despedi atento a TV.

Passado uns trinta minutos de puro tédio e sem nada de interessante acontecendo desde que a minha mãe foi trabalhar, a campainha tocou. Eu me levantei do sofá para atender com má disposição.

— Que surpresa. — disse sarcástico para a loura que entrava sem ser convidada como de rotina.

— Na minha casa não tem comida. — ela se justificou, apossando-se do sofá na maior folga digna de Sam Puckett.
— Sam, não precisa inventar desculpas. Admita que você sentiu a minha falta. — brinquei e ela me fuzilou com seu olhar.

— Bem que você queria, mas só nos seus sonhos, bebêzinho. Outro italiano roubou nossa geladeira. — contou.

— E você vem comer aqui? — Sam deu de ombro.

0'clock↳ˢᵉᵈᵈⁱᵉ Onde histórias criam vida. Descubra agora