Peace [Projeto Folklore] | CONCLUÍDA

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O caminho era ladeado de galhos secos com algumas folhas ocasionais, tudo isso iluminado pela luz da lua e das estrelas. Havia uma luz baixa no encontro do chão com os galhos, o suficiente para que ninguém tropeçasse e causasse um acidente no dia mais esperado do ano.

Estávamos nos formando! E não só naquele ano específico, mas era a despedida da escola, de todos os anos dedicados e provas feitas para que chegássemos até ali. Girei no corredor largo, a saia leve e longa do meu vestido rodopiando ao meu redor.

Ramona riu atrás de mim, e eu parei até que ela estivesse do meu lado e estendesse a mão. Ela estava particularmente legal naquele dia, e tinha inclusive me ajudado a escolher um sapato que combinasse com o vestido e não me deixasse mancando até o final da noite. Nossos pais estavam caminhando atrás de nós, parando para conversar com outros adultos ao longo do caminho.

Fui para a mesa reservada à nossa família e à de Thaís e Vanessa. Eram 10 pessoas por mesa, e só estavam sentados nas cadeiras os pais de Thaís e a mãe de Vanessa. Aparentemente, minhas amigas e o irmão de Thaís já estavam circulando pela festa.

O salão era lindo, tão bem decorado que eu fiz uma nota mental de procurar os membros da comissão de formatura para parabenizá-los. A mesa de aperitivos parecia deliciosa, assim como a de doces, destino imediato de Ramona. Sorri com a visão dos seus fios cor de rosa entre seus cabelos castanhos. Minha irmã sempre conseguia o que queria, mesmo que demorasse um pouco mais do que o planejado.

Cumprimentei todos os ocupantes da nossa mesa e anunciei que iria procurar as meninas. Saí andando pelo salão, admirando a forma como as luzes estavam milimetricamente posicionadas para destacar as decorações certas, sem cansar as vistas de ninguém ou deixar o ambiente escuro. O chão também estava impecavelmente brilhante, como tudo ali parecia estar.

Encontrei Vanessa e Thaís conversando apoiadas em pilastras de madeira rústica, no limite do gramado iluminado da propriedade. Aquele lugar era enorme, o suficiente para acomodar um salão gigantesco, cozinhas e outros cômodos adicionais, uma pista de dança digna de filmes adolescentes e aquele gramado infindável.

Abracei minhas amigas e admirei a boa escolha que havíamos feito no dia anterior. Nossos vestidos eram lindos e, ainda bem, confortáveis, porque queríamos aproveitar aquela noite ao máximo.

O que seria das nossas vidas quando saíssemos dali? Conheceríamos novas pessoas, novos lugares, novas informações que nos transformariam, mas eu sabia que sempre poderia contar com aquelas duas. Elas eram as minhas almas gêmeas, as melhores amigas que qualquer um poderia ter, e eu tirara a sorte grande.

— A decoração tá impecável — falei, aceitando um copo de refrigerante que o garçom ofereceu ao passar por nós. — Mal vejo a hora de provar a comida. Tô morrendo de fome! A Ramona já foi atacar os doces, aquela pestinha.

Elas riram. Eu devia ter comido alguma coisa antes de sair de casa, mas acabei atrasando toda a minha família na procura pelos meus documentos, que eu nunca lembrava de levar quando saía de casa.

— Eu adoro a sua irmã — Thaís revelou, como se eu já não soubesse que Ramona pedia informações da minha vida para as duas. Fofoqueira como ela não havia ninguém. — Ela é tão divertida!

— Demais — resmunguei, mesmo que concordasse. — Falando em irmãos, cadê o seu?

Foi a vez de Thaís resmungar.

— Vai saber. Ele tem uma habilidade fora do normal para desaparecer sem deixar vestígios. Daqui a pouco vou ligar para ele.

Havia uma reflexão peculiar em ficar em fila observando o gramado bem cuidado. As flores cresciam por entre o verde da grama aparada, alguns postes elegantes iluminavam pontos estratégicos e as estrelas compunham um cenário lindo. Eu pensava em tudo e todas as coisas, em cada detalhe que não fizesse sentido e vinha à minha mente.