CAPÍTULO 5

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Depois daquilo, nunca mais o vi. 

Gon desapareceu.

" Eu te amo "

Disse em um impulso. Algo tolo como aquilo.

Tolo...

Algo tolo como aquilo, está persistindo até agora em minha memória, em meu corpo, em minha alma, em meu coração, em meu cérebro, na sensação do toque em minha própria pele. 

Algo tolo como aquilo, o fez fugir para longe. 

Escapando por meus dedos feito líquido, que se encontra uma fresta, por mais pequena que seja, começa a vazar. 

" Desculpa, Killua. Não posso te correponder "

Mesmo depois de 11 anos. 

Ainda me lembro de cada momento. 

Naquele dia, fiquei triste e com raiva.

E querendo esquecer aquilo, fui ao dia seguinte, esperando correr tudo bem. Ignoraria meus sentimentos, minha vontade de o seguir pela escola. 

Nem todo o planejamento dá certo. 

" Ouvi dizer que sua família estava brigando pela herança. Deve ser por isso que ele foi embora.

" Ele e mais 3 irmãos estavam brigando pela empresa, viu o vídeo?! Gon esmagou eles!

" Pena que teve que se casar, e nem parecia tão feliz assim no seu casamento.

Tudo isso...

Ouvi tudo isso de terceiros. 

Então compreendi.

Ele se casou, é rico, e tem que gerar herdeiros.  

Já estava destruído. Mas aquela maldita carta. 

Se aquela carta não tivesse sido aberta.

Eu não estaria olhando para a porta do restaurante, esperando sua silhueta morena entrar. 

" Ao meu amor de toda a vida. Killua Z.

Desculpa não ter respondido sua declaração. 

Se eu tivesse sido mais rápido, não estaríamos assim.

Já se passaram 5 anos, e adivinha Killua, ainda penso em você. Todas as noites antes de dormir, todos os dias quando acordo e vejo seu poeta retrato ao meu lado. Em todas as coisas que toco. Isso me deixa louco. 

Principalmente saber que eu te perdi. 

Que se eu fosse mais corajoso, poderia ter te assumido.

Se eu fosse mais corajoso, iria entregar todas as cartas que escrevo todos os dias, te fazer meu todas as noites, fazer cada canto da nossa casa um lugar para você se lembrar, do sofá assistindo série até a lavanderia onde encontraria meias furadas e reclamaria comigo. 

Eu te amo.

Eu te amo tanto que dói. 

O amor dói.

E tá doendo tanto agora.

Que eu não sei o que fazer. 

Meu coração dói.

Os corações e borboletas no estômago morreram.

E eu tô tão mal. 

E o pior.

Eu me apaixonei pensando que ia dar certo. Eu me apaixonei sem saber sua voz, sua risada, seu pensamento, sua beleza, a cor dos seus olhos, sua cor favorita, suas fraquezas, suas faces diversas. 

E eu continuo apaixonado.

Continuo, te amando. 

Por isso. 

Eu quero uma segunda chance.

Cope Coffe

Rua 890

Dia 11/04/2031. "

E a carta termina com várias palavras amor, escritas por toda a parte. 

Eu odeio. 

Odeio te amar. 

E odeio, a forma que me arrumei hoje, coloquei minha melhor roupa, a que nunca usei, meu melhor perfume. E meu melhor batom.

Que só foi usado uma vez. 

E agora, está é a segunda.  

E odeio, chorar no dia anterios por não saber o que fazer. Espernear no chão da cozinha. 

Por saber que eu quero ir. 

Por saber que fosse daqui 300 anos, eu ainda iria. 

Eu não te superei. 

Não superei as borboletas no estômago, que apareciam com somente ver um fio de cabelo seu. 

Deveria ter me livrado das borboletas. 

Nem que precisasse arrancar elas do emu estômago, mesmo que eu sangrasse mais do que minha coleção de batons. 

Deveria ter me livrado das borboletas. 

Principalmente agora, que você está entrando. 

Vestido com uma roupa social, colada ao corpo, com cabelos enrolados e pele bronzeada. 

Com um buquê maior que seu corpo, e que quase não passou pela porta.

Acho que vou sair voando, só porque você me olhou desde o momento, ou talvez antes de entrar no café.  

" Killua, eu te amo. Mesmo depois de 11 anos, 7 dias e 40 minutos, eu te amo, case-se comigo! "

Você gritou, tão alto, que às pessoas fora do estabelecimento escutaram. 

— V-voce é um idiota. Eu te odeio, odeio. Você é um burro! — Solucei e chorei como nunca havia chorado. — Burro! Ignorante! Se você me fez esperar tanto, e aparece assim. COMO EU VOU RECUSAR ?! EU TE AMO PORRA ! eu vim com a minha melhor roupa, melhor maquiagem, até o batom que você tanto adorou, só para dizer que você não teria outra chance! E você vem assim, como eu vou te recusar, caramba !

E foi assim. 

Depois de 11 anos, 7 dias e 40 minutos

Que tudo se resolveu. 

Casamos. 

E por fim. 

Amamos. 


Batom Vermelho [Killugon] Onde histórias criam vida. Descubra agora