Caminhante

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Do negro céu e prateada lua,
do leve ar soprante de árvores nuas
cujos reflexos enfeitam a cidade crua;
faz-se tu, caminhante destas ruas.

Mais vermelho que sangue,
rojador de desespero;
mais celeste que veia,
pulsante em cheia, é teu paradeiro.

Ó, caminhante de mim,
ao passo que o dia chega ao fim
e no silêncio me encontro enfim,
teu melódico caminhar acalma meu confim.

Sinto teu andar pelas artérias
e, antes que possa duvidar,
tu já decompõe a matéria,
outrora solitária miséria.

Numa casinha amarela tu te instalas,
neste lírico vilarejo cardíaco
que descrevo enquanto tu desfaz a mala,
caminhante do meu corpo físico e onírico.

AlmardenteOnde histórias criam vida. Descubra agora