Tudo é branco
e nada é tudo.
Ao mesmo tempo que o silêncio
ensurdece, ele é mudo.Consegues ouvir?
Tu já estiveste aqui antes,
embora o "aqui" fosse outro lugar.Consegue distinguir?
Em meio a tantos sussurros,
um enigma óbvio e puro.Mas o que é o óbvio?
E o que é o puro?
O que é nada?
E o que é tudo?Quem sou eu?
Baseada em tantas versões,
realidades, personalidades,
sou ninguém.Entretanto, indago: o que é ser alguém?
Desastres naturais.
Crianças sem pais.
Lares malditos.
Espelhos em mito
duma experiência extrassensorial.E o significado de mito é qual?
Não aquele literário, não aquele banal.
Procuro o significado invisível a quem procura.Talvez eu devesse parar de procurar.
Buscar por patologias e analisar
todos aqueles ao meu redor.
Talvez eu devesse parar...
mas quero continuar!Quero me achar em tudo que vejo!
Tal ânsia é egoísmo ou simbolismo?
Ou os dois?Quero pertencer ao mundo!
Apesar de não estar acorrentada
à mundana chama humana
que arde a pele de todos aqueles que vão mais fundo,
quero morar no coração do mundo!Subúrbios, ruas mal cheirosas,
poluição a sufocar cada nuvem angustiosa.
Periferias e rodovias,
ruas sem saída.
Já conheço todos esses desvios da principal avenidazÓ, Deus inerte em mim
e em todos seres vivos!
Mostrai-me vossa alma!
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Almardente
Poetry"Porque tudo é oriundo de sentimento, arte é tudo". Coletânea de poemas.