Meu amável e necessário sofrimento

varanda

eu ainda me lembro de tudo, sabe?
duas ruas, duas direções, sentidos opostos.

dois sonhadores buscando o novo.
buscando tudo aquilo que ambos já tinham.

tudo muito sombrio, tudo muito triste.
mas supúnhamos que naquele momento,

onde um olhou a janela da alma do outro,
a história do universo mudaria.

te compus uma linda música,
fala sobre o quanto o novo pode machucar.

mas o quanto o novo pode nos ensinar também
sobre os dias que virão.

entende o que eu digo?
entende o que eu sinto?

somos estranhos vivendo no mundo de conhecidos.
impossível duas confusões se entenderem.

mas, "...ambos já tinham."

quem sentiu mais?
entende o que eu sinto?

e ainda hoje, quando olho você,
quando vejo seu rosto gentil

eu sinto vontade de morrer,
de matar o pouco que você deixou sobrar.

e logo chegará tal momento.
não se culpe, alma perdida.

não se culpe, árvore, cujas folhas negam a crescer.

não deixe de sentir, de crer, não deixe de respirar,

pequeno passarinho, cuja jaula o impede de voar.

não precisa se culpar, pois eu já estava cansado de toda forma...

não se culpe você que sentiu.
não se culpe, pessoa cujos olhos eu vi naquela rua

do dia 22/05...

- seus olhos são as janelas de sua alma.