Epílogo

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Procure no YouTube a música "La vie en rose" de Michael Bublé feat. Cécile McLorin Salvant e deixe carregando. Dê play quando for indicado ;)

Fiquei um bom tempo olhando para a mensagem, sentindo meu rosto esticar pelo sorriso de orelha a orelha que normalmente Kate costumava colocar em meu rosto, pela sua personalidade desde sempre tão cativante.

- Pelo sorriso que vejo em seus lábios, percebo que meus planos foram por água abaixo - e então aquela voz que amava ouvir todos os dias, me fez voltar a realidade. Me virei para ele a tempo de vê-lo com o pequeno bolo nas mãos, fofo e rústico com a cobertura artesanalmente recém feita espalhando-se para todos os lados, junto com as várias velinhas pequenas, como uma multiplicação em miniatura de Torres de Pisa, as chamas tremulando com a brisa fresca. - Não estou sendo o primeiro a te desejar parabéns esse ano.

- Bom, com esse planejamento invejável, estou realmente surpresa - respondi, apontando para a obra abstrata contemporânea que podia-se chamar de bolo. A ironia só piora com a velhice, aprendi a notar isso com o tempo.

- O seu dia só está começando, ainda tenho algumas cartas na manga - ele curvou-se para me dar um beijo suave nos lábios e então soprei as velas suavemente, para que se apagassem.

- É mesmo? - quis saber, não conseguindo conter o sorriso por todo o charme.

Uma nova música começou a tocar, tão suave quanto a brisa daquela noite.

(Dê play agora!)

- Uma dança na varanda? - testou ele, dando uma olhada para o dispositivo de música, também sorrindo enquanto me oferecia sua mão.

- Como posso recusar tal convite, monsieur? - coloquei minha mão sob a dele, tendo seu auxílio para me levantar e caminharmos juntos até a varanda.

- Poderíamos estar em Paris com a Kate neste momento, devia ter pensado nisso antes - o ouvi comentar, pouco tempo depois de estarmos gingando de um lado para o outro, abraçados.

- Não, está perfeito do jeito que está - respondi, fechando os olhos enquanto sentia a música e seu corpo contra o meu, enquanto nos movíamos embalados no ritmo.

- Nenhuma crise dos 60 anos hoje? - quis saber, e pelo tom de sua voz, sabia que estava divertido e ligeiramente surpreso.

- Depois de tantas? - dei risada, afastando-me apenas o suficiente para que pudesse olhar para ele. - Não, já me acostumei. Estou velha demais para isso, eu quero é viver a vida.

Seu olhar faiscou, as íris brilhantes pela luz do luar e suas mãos me trouxeram para mais perto, meu corpo cedendo alegremente a seu aperto, em um encaixe perfeito, como se sempre estivesse lá, desde que nos conhecemos.

- La vie en rose? - sussurrou calorosamente, claramente fazendo uma menção a música que tocava, não podendo citá-la em um contexto tão exato e atribuindo-a a um significado tão correto.

- Sim, vejo a vida em rosa agora - murmurei, me sentindo plenamente satisfeita.

E pensando pelo que tinha construído até aqui, não tinha como não ser diferente.

Ou mais feliz.

FIM

Nota da autora: então é isso, chegamos ao fim dessa breve história.
É aí, pra você o homem que aparece no final com a Megan mais velha é o Henry? Ou será que não? Eu tenho minhas dúvidas! Me conta seu palpite nos comentários ;)
E espero que tenham gostado e talvez quem sabe se emocionado, assim como eu?
Coincidence é a primeira história que consigo finalizar em tantos anos que escrevo, que mal tenho palavras para explicar o quanto estou feliz com o resultado desta ideia, que nasceu da forma mais descompromissada e inusitada possível.
Só tenho a agradecer a todos os leitores que me acompanharam até aqui. E a você, que está lendo essa nota agora, neste momento, também.
Até mais!
XOXO

Coincidence [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora