Capítulo 5

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Honesty, is such a lonely world
Everyone is so untrue
Honesty, is hardly ever heard
And mostly what I need from you

"Honesty" by Billie Joel

(Não é obrigatório, mas se você ler o capítulo ouvindo a música, vai ajudar na experiência).


Não fiquei exatamente surpresa ao acordar com o outro lado da cama vazio, na manhã seguinte.

Não tinha muitas expectativas. Nenhuma, para falar a verdade.

Como eu desconfiava, a sensação ainda era surreal – como acordar de um sonho mais intenso e sinestésico, perfeito pelas imperfeições que são tão inerentes à realidade, mas tão bonito quanto todos os sonhos dourados.

Senti a transição para a realidade começando a surgir enquanto caminhava até o banheiro, para mais uma vez enfrentar um dos meus desafios daquela hospedagem: o chuveiro. Era engraçado como eu passara a pensar tanto em chuveiros desde que tinha vindo para cá e como eu simplesmente nunca pensava neles, antes de ter problemas com esse aqui em específico. Bom, o que eu tinha em casa sempre funcionou com uma simplicidade e perfeição – se é que eu poderia colocar dessa forma –, a não ser quando ele pifava e aí, trocava por outro. O que definitivamente não era igual ao que tinha aqui. O chuveiro do meu quarto era um pouco sentimental, você precisava saber lidar com ele, para conseguir a água quente o suficiente para conseguir ficar um segundo sem roupa neste frio da Inglaterra, mesmo com o aquecedor.

Tive que testar a dita cuja umas três vezes, abrindo e fechando o registro, até sentir que estava na temperatura exata ao que eu queria: quente, mas não fervendo. O banheiro já estava se preenchendo daquela névoa de vapor sutilmente quente e reconfortante, quando finalmente me coloquei debaixo d'água. Enquanto ela escorria molhando todo meu corpo, observava o vapor dominar a janela lateral que sempre me distraía, nesses momentos de banho. Aliás, a informação de que a vista do banheiro deste quarto em específico tinha algo a mais, foi como uma daquelas pequenas coisinhas inesperadas (mas bem vindas), quando me falaram dos quartos vagos que eu poderia escolher. E realmente a vista era maravilhosa, toda a extensão de vales percorrendo os vários tons de verde até o limite visível no horizonte, acompanhado vez ou outra de tonalidades diferentes de céus, enquanto eu poderia relaxar na água quentinha. Não pude evitar pensar no privilégio que tudo aquilo compunha, afinal, até então nunca tinha pensado como pode ser difícil às vezes se conseguir água aquecida quando se precisa. E então precisei passar o dorso da mão para limpar o vidro, que agora estava totalmente coberto pelo vapor e acabei me distraindo novamente com a vista.

E então, quando finalmente voltei minha atenção para o banho em si e que precisaria me ensaboar, foi quando as lembranças de ontem a noite vieram, dominando tudo por vontade própria.

Senti os dedos de Henry acariciarem meu cabelo em uma espécie de agradecimento, depois do primeiro orgasmo que havia proporcionado a ele. Ele me puxou gentilmente, demonstrando sua intenção de que eu me levantasse e decidi atendê-lo por uma primeira vez; fazendo o caminho inverso que havia feito, tocando toda a extensão de pele que tinha ao meu alcance, até chegar aos seus lábios.

Ele me recebeu mais ávido do que esperava, visto o que acabara de acontecer. Imaginara que ele estivesse um pouco aéreo ou até mesmo lascivo, quando na verdade parecia que havia tocado justamente em um ponto importante que o fizera despertar da la petite mort. Suas mãos me acariciavam em todos os lugares que podia encontrar, trabalhando em tirar minha blusa, a qual ajudei a retirar.

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