Capítulo 7

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Procure no Youtube a música "Careless Whisper" de George Michael e deixe carregando. Dê play quando for indicado ;)

Acordei sentindo uma coisa úmida e um pouquinho áspera tocando meus dedos, uma textura engraçada que fazia cócegas. Abri os olhos e dei de cara com Kal, que parecia feliz por me ver desperta, interrompendo a sessão da lambidas assim que notou.

— Contente em me acordar, espertinho? — perguntei e recebi um latido alegre de resposta. — Sorte sua ser lindo demais, não posso nem brigar com você por acabar com meu sono de beleza.

— Ah, então a beleza acaba tendo efeito em você também? — pude ouvir a voz do dono questionar, em um tom rouco talvez pelo cochilo que tiramos, mas divertimento também moldava a superfície. — Bom saber.

Ele estava sentado em uma escrivaninha ao canto do quarto, ao lado da cama em que eu dormia, o notebook ligado em alguma página que não conseguia distinguir, olhando de onde estava.

— Beleza canina, sim — respondi, enquanto me espreguiçava. Kal entendeu meus braços erguidos como um convite e como um bom cão treinado, acostumado a exercícios, fez um pulo alto, em um perfeito arco – a explosão de músculos acompanhando seu ímpeto – e aterrissou com tudo na cama, acertando em cheio minha barriga, roubando todo o fôlego.Céus, como era pesado! 

Depois de me recuperar do impacto, não pude deixar de rir pelo entusiasmo, enquanto deixava meus dedos se perderem em sua pelagem abundante, afagando desde a lateral de sua cabeça até todo o seu tronco corpulento.

A alegria dos animais é sempre tão gostosa e pura, que não tinha como não ser contagiante. O que sempre me fazia pensar que minha vida seria muito mais feliz com algum bichinho, mas também com o meu vício em trabalho, não faria bem deixá-lo tanto tempo sozinho em casa. Mas agora que as coisas estavam mudando, talvez finalmente pudesse dar andamento a esse plano.

— Vou roubar você para mim — cochichei para Kal, enquanto sentava na cama.

— Eu posso ouvir você daqui, Carmen Sandiego — Henry murmurou, enquanto digitava no notebook.

Ah é, o conhecimento nos jogos. Fiquei surpresa que tivesse pego a referência. Até que conseguira acompanhar bem o assunto de hoje. Estava orgulhosa de mim mesma, por não ter perdido essa parte da Megan da faculdade.

— Bom, Carmen Sandiego foi descoberta, então está batendo em retirada — anunciei, rapidamente vestindo a calcinha e a camiseta de volta.

Henry levantou e me puxou levemente pela mão.

— Espere aí, tenho uma surpresa para você — e lá estava o sorrisinho sacana, os olhos azuis brilhando, como se fosse uma criança travessa. — Eu também tenho bom gosto para música, fiquei procurando uma apropriada para te mostrar.

E sem esperar minha resposta, ele deu uma leve batidinha na tecla de espaço do notebook e a tal canção "escolhida a dedo" soou pelo sistema de som integrado que ele tinha, me puxando pela cintura para que ficasse próxima a ele, para começar a dançar pelo quarto.

(Dê play agora!)

Assim que a introdução começou a tocar, já reconheci a música e não pude evitar quase cair numa crise de riso, enquanto Henry me rodopiava de uma forma quase desajeitada por não estar prestando muita atenção em como me mover.

— Eu não acredito nisso! — pude dizer, em tom alto o suficiente para que pudesse me ouvir, depois de explodir em mais risadas. — Você não pode estar falando sério.

— O que? — perguntou, a expressão mais cínica do mundo. — É George Michael, esse é um tipo de gosto inquestionável.

— Sim, a música é ótima, mas você dizer que ficou procurando-a para me mostrar... — sorri para ele, agora conseguindo acompanhá-lo melhor em nossa dança desajeitada. Henry me fez girar no mesmo lugar, em um movimento bastante suave. Uau, ele sabia mesmo fazer isso, apesar de tudo.

Coincidence [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora