CAPÍTULO 2: AFASTAMENTO IRREPARÁVEL

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Já passou-se o tempo que era pra passar, era dia de voltar pra universidade e retomar os estudos, que nunca tem fim. O lado bom disso é somente o fato de que verei todos os meus amigos novamente, o que significa que a época de curtição estava a um passo de mim. Não estava ansioso, mas eu sabia que eles me fariam ir, querendo eu ou não, porém não importava, eu os amava por fazerem isso.
O dia parece estável, o sol está visível e intenso porém com algumas nuvens carregadas ao redor que pareciam estar de passagem. Eu estava ansioso pelo retorno aos estudos e por isso não consegui dormir direito naquela noite, apenas umas 2 horas de sono para descansar, ainda assim não adiantou. Era divertido estar cansado e ansioso, duas coisas que não se encontravam na minha cabeça há muito tempo, eu estava alegre naquele dia, haha. Devo ter ficado feliz devido a música que tocou no meu despertador: Good riddance do Green Day. O dia sempre parecia mais belo quando ela tocava pela manhã independente do clima ou de qualquer outra coisa. Sem muita pressa ou correria eu desci já arrumado para a cozinha, na mesa estavam R$5,00 para o almoço como sempre foi de costume, tomei um café, escovei os dentes, peguei meu skate e fui. Atravessando a calçada para ir pelo lado mais asfaltado daquela rua, comecei a “remar”, com a mochila nas costas e uma ansiedade para chegar como se fosse o primeiro dia de aula da oitava série: era emocionante.
Sem nada demais para acontecer no caminho, eis que chego à universidade! Vendo vários alunos pelo pátio de um lado pro outro sempre ocupados pelos próprios afazeres. Andando um pouco por ali já avistei um dos meus amigos, tenho que admitir que não vejo ele a muito tempo: Seu nome era Caio, ele tinha fama de saber lidar com qualquer tipo de pessoa da forma mais cara de pau que pudesse e por essa razão, todos gostavam dele. Já rodeado pelas meninas que ficavam com a gente nos fundos do pátio, fui cumprimenta-lo:

- E ai cara! Já faz um tempinho
- Pois é, tive que ficar ausente dos rolês [disse ele]
- Problemas?
- Que nada, eu só tava namorando

Ele não costumava namorar por muito tempo, então não me impressionou que já tivesse terminado antes das aulas voltarem, ele era um cara peculiar de certa forma, mas pela sua facilidade de interagir com desconhecidos, era o que mantinha-o sempre de bom humor, mas também era uma das coisas que qualquer uma que se envolvesse com ele tinha pra implicar. Um pouco depois de colocar o papo em dia, alguém põe a mão no meu ombro e quando me viro para olhar: Era o Matheus, meu amigo cachaceiro.

- E ai véi, Quanto tempo! [disse ele]
- Pô mano, verdade. Tanto tempo que não te vejo.
- Eu tava viajando, voltei ainda ontem

Matheus era chamado por dois nomes entre nós: Avelar ou Cachaça. Costumávamos disputar quem bebia mais nos rolês pós-aula e é óbvio que ele sempre ganhava, seu fígado provavelmente já deveria estar morto a uns dois anos e ainda assim, não parava por nada. Ele me contou que viajou por vários lugares para conhecer mais da cultura dos outros países: no caso dele, conhecer cultura nada mais era do que provar o “álcool” de outros lugares. Sempre foi muito na dele e nunca se envolvia com tanta frequência em discussões ou desentendimentos, eu admirava isso nele.
Logo foram chegando mais pessoas e mais amigos meus se aproximavam: Vitor com o seu violão e seu caderno de musicas, Michelle e Vitória que eram amigas grudadas em qualquer momento (ou não), Breno já bem disposto pra chegar zoando, William e Bia o casal maluco, etc. Todos foram chegando para se encontrarem e colocar o papo em dia, afinal todo mundo não se via a muito tempo e estavam ocupados demais para manterem contato durante as férias. Passou-se 1h e eu estranhei, Wesley ainda não havia chegado e não tinha passado mensagem, fiquei meio pensativo se deveria ir até a casa dele para chamá-lo ou se ele só estaria atrasado pra chegar. O sinal tocou, era hora de ir pra sala, então não dava mais pra ir lá.
Enquanto o professor explicava alguma coisa, fiquei olhando pela janela imaginando do porquê da demora dele, não parava de pensar que poderia ter acontecido alguma coisa no caminho ou que ele não tenha acordado ou que tenha se atrasado ainda mais, as possibilidades fluíam na minha cabeça. Quanto mais se passavam as horas, mais as possibilidades se acumulavam e as ideias se tornavam paranoias e assim foi até que o professor pediu a atenção da turma:

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