CAPÍTULO 4: UM AMIGO

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Eu sei que eu deveria ter preservado melhor a minha adolescência e não ter chegado a esse ponto, eu sei que eu não deveria ter me metido nesse meio e simplesmente atrapalhado toda a minha trajetória até sabe-se lá aonde. Mas não dava pra ficar parado, não dava pra simplesmente ignorar, eu não podia aceitar a morte de alguém que havia marcado minha adolescência, os melhores momentos da minha vida. Eu me recusava a aceitar isso, e o Bruce que eu nem sabia que tinha envolvimento com ele, também sabia que não dava pra aceitar essa despedida.
Nesses pensamentos, um dos capangas dela se aproxima e pega a mala com o dinheiro dentro, sem hesitar e armado. Bruce do meu lado olhava pra ele como quem parecia que estava pronto pra atacar, e já percebendo, segurei o braço dele e olhei para ele. Logo reparou que eu dizia que não era hora pra isso e que muita coisa estava em risco naquele momento, não dava pra brincar. O capanga pegou a mala e voltou para perto da Eve.

- O que acontece agora? (perguntei)
- Agora, você não vai mais se meter na minha vida e nem nos meus planos. (afirmou com voz de raiva)

Antes que eu pudesse reagir, um som de tiro havia ecoado e um dos capangas dela havia caído no chão. Bruce sacou a arma que havia consigo abaixo da blusa, atirou quando viu oportunidade, derrubando-o enquanto fazia a Mariana de refém.
Assustada, Eve correu rapidamente com o outro capanga, procurando-se abrigar para não levar um tiro. Rapidamente pegamos a Mariana e também buscamos nos proteger para que o pior não acontecesse naquele momento. Os tiros ficavam ainda mais intensos, mas conseguimos fugir a tempo, mas a minha guerra contra ela estava apenas começando. Descemos rapidamente a colina sem sermos vistos, buscando proteção nas árvores e pedras que haviam por ali. Entramos no carro do Bruce e fomos embora, as coisas a partir daquele momento teriam de piorar, nossa briga estava séria. Mariana aos prantos e desesperada, me abraça assim que eu a desamarro.

- Você veio! Me salvou! Vocês me salvaram! (dizia ela com voz de choro)
- Não podíamos deixar mais ninguém morrer.

Não era seguro em lugar nenhum, fomos em direção a delegacia onde estavam os policiais que ajudará da última vez que fui pego pela Eve. Lá, sabíamos que mesmo que a maioria não se importasse, poucos fariam questão de ajudar e ajudariam a socorrer a Mariana. Acelerados, fomos direto sem parar por nada. Chegamos depois de algumas horas, notando o quão parado estava aquele lugar. Já na entrada, Bruce pediu para chamar o seu tio, que ajudou a me encontrar. Depois de uns minutos, ele apareceu e o Bruce pediu para que cuidasse da Mariana. Logo, outro policial veio e a levou para dar a ela algo para comer e uns curativos para passar nas feridas.
Enquanto isso, Bruce e eu fomos com o tio dele até a sala de interrogatório para conversar nós 3 sobre o que poderia ser feito até aquele momento. A situação era alarmante, mas sabíamos que era necessário fazer algo para que não houvesse outras vítimas futuras.

- Precisamos de um plano para poder agir, as investigações estão um pouco devagar e se continuar assim, essa menina vai acabar fugindo da cidade antes que possamos prendê-la (disse o tio do Bruce)
- Os ataques estão constantes, não sabemos ao certo o que esperar por agora, já que ela pode atacar qualquer um ligado a ele, não vai parar (exclamou Bruce)
- Isso tem que acabar! (esbravejei)

Precisávamos começar a pensar em algo para evitar que mais alguém se machucasse! Eve não ia parar até que ela conseguisse me matar ou arrancar tudo de mim e o pior é que não sei afirmar o que eu fiz para merecer essas consequências, só queria que o Bruno estivesse aqui. Pensar agora em algo era difícil tendo em vista tamanha merda em que estávamos atolados. Moldar um plano no mínimo 90% eficaz era tarefa para filmes de ação as quais todo mundo gosta mas a realidade não é tão bacana quanto nos filmes.
Sem sucesso para raciocinar, ficamos horas para tentar ver as melhores possibilidades para arriscar alguma coisa que não fosse tão imprudente a ponto de levar a vida de ninguém
Até que:

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