capítulo V - Promessa

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A sensação que eu tinha era de ter sido atingido por um caminhão. Alguém anotou a placa? Minha cabeça doía tanto, meu braço esquerdo estava sendo sustentado por uma tipóia, com receio mexi o resto do corpo, mas não parecia ter tido danos maiores. Sentei-me na cama e observei a minha volta. Eu estava em um quarto de hospital, iluminado, claro e terrivelmente frio. Havia a cama onde eu estava, uma Tv na parede com aqueles suportes feios, um aparador de um lado e um sofá de dois lugares com aparência desconfortável do outro. Sobre ele havia uma jaqueta verde escura com aplicação da força aérea na lateral que eu conhecia tão bem. Mas seu dono não estava a vista.

Parecendo que ter sido invocado ele surgiu passando pela porta.

Quando me viu parou por um segundo antes de fecha- la atrás de si e se aproximar. Sua expressão era perfeitamente composta. Uma máscara impecável de autocontrole. Mas eu sabia mais. Em seus olhos haviam um brilho que beirava a insanidade. Ele parou ao meu lado na cama, pensou por mais um segundo antes de sentar a beira dela.

_ Como se sente? _ Liam perguntou. _ Ainda dói? Precisa de mais remédios? _
Quando eu cheguei aqui fizeram uma avaliação, em seguida me medicaram para que eu esperasse os exames. O que, percebi agora, me apagou por um tempo.

_ Quanto tempo estamos aqui? _ Perguntei ignorando sua pergunta porque não tinha certeza de como me sentia, e não queria mentir dizendo estar bem, o faria sentir pior.

_ Você apagou por cerca de três horas. _ ele respondeu analisando meu rosto seriamente. Ainda doía, mas não queria dizer isso a ele.

_ O que aconteceu? _ eu perguntei me reclinando sobre meus travesseiros e fechando os olhos.

Aguardei sua resposta por algum tempo, mas nada foi dito. Ergui minha cabeça para que pudesse olhar para ele diretamente. Sua expressão me deixou um pouco chocado. Seus olhos estavam apertados e seus traços contorcidos, como se sentisse uma profunda dor que não podia externar. Sua mão alcançou a minha que repousava sobre mim, ele a segunrou por um tempo analisando a vermelhidão presente nos nós dos dedos, que pareciam bem superficiais se comparadas as de suas mãos. Estavam feridas, ferimentos bem mais evidentes e profundas que os meus. Nossos olhos se encontraram e nossos mãos se apertaram fortemente.

_ Me Desculpe ... por favor ... me desculpe. _ ele deixou escapar por sua voz toda sua fragilidade.

Eu tentei me sentar melhor para que meu rosto pudesse estar a altura do seu, o encarei gravemente, tentando buscar em seus olhos uma forma de faze-lo entender meus sentimentos.

_ Não importa o que tenha acontecido, não foi sua culpa, você não tem que estar se desculpando.

_ Isso não deveria ter chegado até você. Eu cometi um grande erro.

_ Hey. Liam. _ ele parou e respirou fundo.

_ Você não deveria ser envolvido em meus problemas. _ ele desviou seu rosto do meu, encarando a parede ao longe.

Soltei minha mão da sua e segurei seu rosto para que ele pudesse me encarar novamente. Sua expressão era de partir o coração. 

_ Não existe seus problemas. Tem sido nossos problemas a muito tempo. Não há como você estar em apuros e eu não fazer parte disso. _ segurei seu olhar no meu, tentando transmitir confiança _ Me conte o que está acontecendo _ eu pedi em voz baixa.

Ele levou sua mão sobre a minha que ainda segurava seu rosto, a acariciou por um momento antes de abaixa-las e colocar entre suas mãos novamente, Eu agradeci pela sensação quente que elas transmitiam ao meu corpo. Ele suspirou e começou a me contar sobre os fatos que eu estivera todo esse tempo alheio.

Sintonia - BLOnde histórias criam vida. Descubra agora