Dois

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hm.. olá talvez?
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Ar estava fresco e claro enquato Camila andava rapidamente por um caminho sinuoso no Central Park. Os sinais da primavera estavam por
toda parte, de minúsculos brotos em árvores ainda nuas à proliferação de babás que aproveitavam o primeiro dia quente com crianças barulhentas.
Era estranho como tudo mudara nos últimos anos e, mesmo assim, como muito permanecera inalterado.
Se alguém perguntasse a Camila dez anos antes como pensaria que a vida seria depois de uma invasão alienígena, isso não passaria nem perto do que imaginaria.

Independence Day, A Guerra dos Mundos nada disso chegava nem perto da realidade de encontrar uma civilização mais avançada. Não houvera lutas, nenhuma resistência de nenhum tipo no nível dos governos  porque eles não o tinham permitido. Pensando bem, estava claro como aqueles filmes eram bobos. Armas nucleares, satélites, jatos eram pouco mais do que pedras e pedaços de pau para uma civilização antiga que podia cruzar o universo com velocidade superior à da luz.

Ao notar um banco vazio perto do lago, Camila andou na direção dele, com os ombros sentindo o peso da mochila onde estavam o notebook grande, de doze anos de idade, e vários livros antigos de papel. Aos vinte e um anos de idade, às vezes ela se sentia velha, fora de sincronia com aquele novo mundo de ritmo rápido, de tablets finos e celulares embutidos em relógios de pulso.

O ritmo do progresso tecnológico não diminuíra desde o Dia K. No máximo, muitos dos novos dispositivos tinham sido influenciados pelo que os krinars tinham. Não que os Ks tivessem compartilhado alguma da tecnologia preciosa deles. No que dizia respeito a eles, o pequeno experimento tinha que continuar sem interrupções. Abrindo a mochila, Camila retirou o velho Mac. A coisa era pesada e lenta, mas fucionava. E, como universitária pobre, ela não podia comprar nada melhor. Fez login, abriu um documento do Word em branco e preparou-se para o processo doloroso de escrever o trabalho de sociologia.

Dez minutos e exatamente zero palavras depois, ela parou. A quem estava enganando? Se realmente quisesse escrever a maldita coisa, nunca teria ido ao parque. Apesar de ser tentador fingir que conseguia desfrutar do ar fresco e ser produtiva ao mesmo tempo, na experiência dela, aquelas duas coisas não eram compatíveis. Uma biblioteca velha e bolorenta era um local muito melhor para qualquer coisa que exigisse aquele tipo de esforço cerebral. Xingando-se mentalmente pela própria preguiça, Camila soltou um suspiro e começou a olhar em volta.

Observar as pessoas em Nova Iorque sempre fora uma atividade divertida. A paisagem era familiar, com a pessoa sem-teto obrigatória ocupando um
banco próximo  ainda bem que não era o banco mais perto dela, pois ele parecia não ter um cheiro muito agradável e duas babás conversando em espanhol enquanto empurravam carrinhos de bebê preguiçosamente. Uma garota corria em um caminho um pouco adiante, com os Reeboks cor de rosa claros contrastando com a calça azul. O olhar de Camila a seguiu à medida que ela fazia uma curva, invejando a boa forma dela. O horário irregular da cubana deixava pouco tempo para exercícios e ela duvidava que conseguisse acompanhar a garota até mesmo por um quilômetro.

À direita, ela viu a ponte Bow sobre o lago. Uma mulher estava encostado no corrimão, olhando para a água. O rosto dela estava virado para o outro
lado e Camila só conseguia ver parte do perfil. Mesmo assim, alguma coisa nela chamou a sua atenção. Ela não sabia ao certo o que era. Ela era alta e parecia estar em boa forma sob o casaco de aparência cara que usava, mas aquilo era apenas parte do motivo. Mulheres altos e bonitas eram comuns na cidade de Nova Iorque, que era infestada de modelos. Não, era alguma outra coisa. Talvez a postura delela, muito quieta e sem nenhum movimento extra. Os cabelos eram escuros e brilhantes sob o sol claro da tarde, longos o suficiente na frente para se  moverem de leve sob a brisa morna da primavera.

KrinarsOnde histórias criam vida. Descubra agora