3 - Pandora's Box - Orbbiss

23 0 0
                                    

Camilla se despediu das amigas e bloqueou o celular assim que ouviu a porta do banheiro se abrindo. Ela se apressou em sair da cama para encontrar Murilo na porta do seu quarto. Ele levou um susto quando entrou descalço e só de toalha, quase trombando com ela.
— To com a impressão que você esqueceu uma sujeirinha aqui... — Ela se aproximou, pelada, explorando por debaixo da toalha enrolada na cintura do namorado.
Ele fez uma expressão de surpresa, sorriu e a puxou para perto, enquanto lhe beijava.
— De novo?
— Tá atrasado pra algum compromisso e eu não tô sabendo? — Ela respondeu, enquanto desenrolava a toalha e jogava em cima da cadeira da escrivaninha, que já estava lotada com as roupas que Murilo recolheu do chão mais cedo.
Se beijaram com vontade, enquanto caminhavam aos tropeços. Murilo a pressionou contra a parede do quarto. Uma foto do mural de mapa-mundi acabou agarrando no cabelo de Camilla. Ela se desvencilhou com uma mão, sorrindo, enquanto passava a outra na nuca do namorado, em suas costas e descia até o bumbum. Puxando-o para mais perto de si, levantou uma perna quando sentiu que ele já estava ficando excitado.
Ela só se afastou para pegar mais um preservativo na mesinha de cabeceira. Logo foi puxada por Murilo e continuaram se beijando. Começaram a transar em pé, ao lado da cama.
Pandora não poderia interrompê-los desta vez, pois a porta do quarto estava fechada. De qualquer maneira, Murilo não dava sinais de que gozaria rápido, então continuaram por mais de 20 minutos.
Trocaram de posição algumas vezes, experimentando diferentes velocidades e carinhos, até que gozaram juntos quando Camilla ficou de costas para ele e se apoiou na cama.
— Acho que tem alguém descobrindo a posição favorita... — Ela riu.
— O que eu posso fazer se você tem um bumbum que me deixa doido?
— Quer tomar banho de novo? Pode me fazer companhia. — Camilla lhe deu mais um beijo, pegou a toalha do namorado de cima da cadeira e abriu a porta.
— Hum... deixa eu pensar... sozinho na sala ou pelado e molhado contigo? — Ele colocou a mão no queixo, fazendo cara de pensativo. — Acho que eu não tomei banho direito... você me ajuda?
Camilla riu, enquanto o puxava pelo corredor.
Pegou sua própria toalha que estava pendurada atrás da porta do banheiro e colocou-a no gancho próximo ao box.
— E aí, contou pras meninas? — Murilo perguntou, enquanto olhava muito interessado para qualquer coisa em cima da pia, na tentativa de disfarçar a curiosidade e uma pitada de nervosismo.
— Sim, elas ficaram doidas. — Camilla soltou uma gargalhada enquanto se lembrava da conversa. — Teve até batalha de figurinhas de putaria.
Os dois riram alto enquanto entravam no box.
— Agora que eu me toquei... por que a Tif tomou banho aqui se o quarto dela é uma suíte? — Ele questionou.
— Ah, porque o chuveiro dela queimou... e com essa loucura de quarentena, não deu tempo da gente chamar um eletricista. E ela odeia água gelada com todas as forças. — Camilla respondeu, com uma risadinha.
— Huuum... entendi.
Eles entraram no box e começaram a discutir sobre a temperatura.
— Tá louco, como que você consegue tomar banho quente assim??? — Camilla foi o mais longe que podia para fora do alcance da água, sua sorte era que o box era comprido o suficiente.
— Você que toma banho gelado, cruz credo!
— Não é gelado, é morno. Você acha que é gelado porque gosta de sentir lava vulcânica na pele. — Ela riu. — Como que não tem queimadura de 1º grau?
Quando finalmente acertaram um meio termo confortável para os dois, pararam de rir e conseguiram tomar banho, quer dizer, aproveitaram para trocar carícias e beijos embaixo da água, se ensaboar foi a última coisa que fizeram.
Murilo fez uma nota mental, enquanto tomavam banho juntos: "Como conciliar diferentes temperaturas de água com sua namorada no chuveiro. Google. Pesquisar". Mais tarde ele realmente faria essa pesquisa na internet e descobriria que tinha sido em vão.
—  Ué, como que eu não vi essa tatuagem no seu pé antes? —  Murilo perguntou, enquanto ensaboava a perna da namorada, boquiaberto.
—  Acho que você não estava olhando para o meu pé, né amor...? —  Camilla riu.
Ele tocou em sua pele, acompanhando a linha tracejada que terminava em um aviãozinho de papel.
—  É a única que você tem? —  Ele quis saber.
—  É. Fiz com a Tif ano passado, quando a gente completou 18 anos. Significa que não importa aonde os ventos nos levem, sempre nos esforçaremos para encontrar nosso caminho de volta uma pra outra. —  Ela explicou. —  A sua é uma homenagem pra sua mãe, né?
—  Essa parte com rosas simboliza a minha vida com a minha mãe. — Ele respondendo, limpando a espuma do braço. — A linha preta separa o espaço de pele que representa o luto, o período em que foi bem difícil enxergar alguma coisa boa. A segunda linha foi quando eu consegui aceitar a morte dela e seguir em frente. As rosas depois são a esperança de que um dia conseguiria ser feliz como era quando ela estava aqui. Fiz alguns meses depois que ela morreu. —  Murilo explicou.
—  Queria ter te conhecido naquela época... iria te lembrar sempre que você não estava sozinho, nem nunca estará. E o desenho ficou lindo, o traço perfeito. —  Camilla terminava de ensaboar o namorado, acariciando sua pele na área tatuada.
Quando saíram do banheiro, ouviram o interfone tocar. Camilla foi atender enrolada na toalha e Murilo foi para o quarto dela se vestir.
— Ué, você pediu alguma coisa, amor? — Ela gritou para o corredor.
— Sim! — Murilo respondeu, colocando a cabeça para fora do quarto.
— Pode subir sim. — Respondeu ao porteiro. — Como assim? Quando foi isso? Eu fiquei contigo o tempo todo. O que você pediu? — Camilla quis saber.
— Pedi no banheiro, antes de tomar banho... Da primeira vez. E... você vai ver. — Ele sorriu, misterioso.
Ela foi para o quarto para se vestir também, enquanto o namorado atendia a porta. O entregador já tinha ido embora quando se encontraram na sala.
— Quando você me contou a história do nome do grupo de vocês e como a Mel veio morar aqui, falou que o aniversário da Pandora é dia 13 de março. Bom, acontece que dia 13 de março foi ontem e eu acho que você teria me falado se tivessem feito alguma coisa pra ela. Como você não me falou nada, eu pensei que talvez vocês tivessem esquecido, então comprei um brinquedinho e um sachê de salmão. Ela gosta, né? A gente pode cantar parabéns, se quiser. — Murilo estendeu a sacola de papel para Camilla, todo orgulhoso.
— Amooooooor, que coisa mais linda. Óbvio que eu esqueci. — Ela colocou uma mão no rosto e com a outra pegou a sacola da mão dele. — Saí do trabalho com a cabeça nas nuvens, essa história de ter que entrar de quarentena, coronavírus... loucura né. Nem as meninas lembraram... vou ligar pra elas agora!
— Oooooi, gente! — Tif foi a primeira a aceitar a chamada de vídeo. Falou com uma entonação atrevida, transparecendo para Murilo que já sabia exatamente o tipo de diversão que eles viveram naquela tarde (pela primeira vez). — Se eu travar ou cair, já sabem que é porque tô na estrada, tá?
— Oi miga, você não vai acreditar no que a gente esqueceu!
— O quê? — Ela abriu a boca, curiosa.
— Oiiiii, migas! — Mel aceitou a chamada de vídeo também.
— Ah, agora que a Mel entrou eu posso falar de uma vez só. A gente esqueceu do aniversário da Pandora!!! Eu não acredito nisso.
— Como assiiiiiiiiim, nossa princesa ta fazendo dois aninhos hoje??? — Tif sorriu e colocou a mão no peito, em um gesto dramático.
— Fez ontem, miga! E a gente esqueceu! Bando de mãe de pet desnaturada... — Camilla admitiu.
— Aaaaaaah neném. Cadê ela, miga? — Mel perguntou.
Camilla procurou pela sala e não viu a gata em lugar nenhum. Foi até a varanda e nada. Deu uma olhada pelo seu quarto e no banheiro, focando nos cantinhos que Pandora mais gosta de ficar. Só quando chegou no quarto de Mel a encontrou deitada na cama, em cima do notebook da amiga.
Ela virou a câmera do celular para mostrar para as meninas no vídeo.
— Agora a gente já sabe porque você esqueceu seu computador, miga. — Ela riu. Pediu para Murilo segurar o celular enquanto pegava a gata no colo e a levava para a sala. — Eu tava contando pro Mu a história de como a Mel veio morar aqui e que lembrava o dia exato em que ela se mudou pra cá ano passado porque era aniversário da Pandora. Ele que se tocou de que foi ontem. Aí comprou um presentinho pra ela e mandou entregar. Não é a coisa mais linda esse meu namorado??? — Camilla sentou no sofá e colocou Pandora no colo.
Retirou o brinquedo da sacola. Uma vareta de madeira com um peixe de tecido preso a um elástico. A gata não só adorava esse tipo de brinquedo, como já havia destruído meia dúzia deles nos últimos dois anos.
— Aaaaah o Mu acertou em cheio! Ela adora essa vareta com elástico. — Mel riu enquanto observava a gatinha brincando com a amiga. — Vamos ver quanto tempo esse vai durar!
— A gente tem uma velinha, amor? — Murilo perguntou.
— Acho que sim... ainda sobrou do seu aniversário, né Tif? — Camilla tentou se lembrar. — Se tiver mesmo, tá na última gaveta da bancada da cozinha. Atrás dos panos de prato.
O namorado lhe devolveu o celular e foi até a cozinha procurar. Voltou para a sala para pegar o sachê na sacola da petshop. Colocou o conteúdo em um dos potes de ração de Pandora. Colocou uma velinha em cima.
— Fósforos? — Ele reapareceu na sala para perguntar.
— Mesmo lugar, amor. Não viu quando pegou a vela? — Camilla riu.
— Er... não. Mas tava tipo... próximo da vela? Porque não vi fósforo nenhum. — Murilo respondeu, enquanto abria a mesma gaveta novamente. — Ah, cara. Não é possível, que bruxaria é essa? Você acabou de colocar ali, amor. Fala sério. — Ele fazia uma expressão de incrédulo. Realmente acreditava que a caixa de fósforos havia aparatado ali como por mágica.
Voltou com todos os itens para a sala, enquanto Camilla e as meninas morriam de rir dele.
— Ai... homens... — Tif ria do outro lado da chamada de vídeo.
— Páaaaaarabéeeeeens práaaaaa vôoooooocêeeeeee... — Ele puxou, mesmo antes de riscar o fósforo e acender a vela, em uma tentativa de mudar de assunto e sair do centro da atenção das meninas.
Eles cantaram parabéns: Camilla com Pandora no colo, o sachê com a velhinha na mesa de centro e Murilo segurando o celular, as meninas cantando em suas parcelas de tela.
— Aêeeeee filhaaaaaaa! Feliz dois aninhos, meu amor. Migas, vamos tirar um print! — Ela deu a gata para o namorado, pegou o celular da mão dele e fez pose ao seu lado.
Ele sorriu e posicionou Pandora como Rafiki segurou Simba na cerimônia de abertura de Rei Leão. Essa atitude do rapaz foi tão inesperada que as três amigas riram de forma bastante espontânea quando Camilla tirou o print da tela do celular.
Ela assoprou, tirou a velinha do sachê e colocou o potinho no chão, para que Pandora pudesse se deliciar com seu bolo de aniversário improvisado.
— Manda lá no grupo, miga! — Tif pediu.
— Pode deixar. Bom falar com vocês, já tô com saudade.
— Eu também, migas. Gente, meu pai tá me chamando, preciso ir! — Mel se despediu assoprando beijos.
— Eu também, nem sei como consegui uma parte com tanto sinal na estrada, que sorte! Amo vocês. — Tif também jogou beijinhos para as meninas e desligou logo em seguida.
— Eu não sei você, mas esse lance de "Parabéns" me deixou com vontade de comer bolo! — Camilla confessou.
— Olha, se você continuar assim, vai ser bem difícil superar esse sábado no nosso relacionamento. Essa quarentena começou super bem. — Murilo riu.
Ela o puxou para um beijo. Pegou o celular, mandou o print da vídeo chamada no "10 pras 3". Abriu o aplicativo de música e selecionou uma de suas playlists favoritas. Clicou na primeira faixa. Deixaram Pandora se deliciando com seu presente na sala e foram para a cozinha separar os ingredientes e utensílios.
Camilla abriu o aplicativo de receitas e foi pedindo para o namorado pegar tudo no armário e na geladeira. Escutaram música, prepararam o bolo e teriam saído de uma cena de comédia romântica hollywoodiana se não tivessem visto a pilha de louça crescer de forma vertiginosa.
Quando colocaram o bolo no forno, foram para a sala brincar um pouco mais com a aniversariante do dia anterior. A gata não parecia cansar nunca e se divertiu muito perseguindo o peixinho e as penas que o enfeitavam.
Camilla foi até o quarto e pegou sua câmera instantânea. Tirou algumas fotos de Pandora brincando e depois uma selfie com Murilo. Pediu para que ele tirasse uma foto dela com a gata. Fez um vídeo tipo timelapse registrando cada foto revelando, para compartilhar no seu perfil profissional nas redes sociais.
Ela trabalhava em uma agência de viagens, mas aos finais de semana, trabalhava como autônoma em festas de aniversário, casamentos e todo tipo de evento; tirando fotos instantâneas, tipo a antiga Polaroid.
Camilla amava esse trabalho. Levava muito jeito com o público, tinha jogo de cintura e não existia nada (ou quase nada) em que seu sorriso não a ajudasse. Seus clientes amavam sua presença e sempre elogiavam seu trabalho. Fotografava com a Instax há mais de um ano e acompanhou vários momentos importantes de algumas famílias que, além de clientes, viraram seus amigos.
Foi assim, inclusive, que conheceu Murilo ano passado. A priminha dele estava fazendo 3 anos e sua tia, Roberta, contratou Camilla para fotografar os convidados e dar as fotos de presente. Quem poderia saber, naquela época, que enfrentariam uma pandemia mundial juntos...?

?

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Um romance em construçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora