"Notando minha incapacidade de fazer qualquer ato em resposta, minha tia apenas buscou seu celular, e lá estava minha mãe, também aos prantos. Minhas lágrimas se intensificaram. Eu pensava em tantas coisas para dizer à ela, mas nada parecia querer s...
À noite, depois de conversar com minha mãe e colocá-la à par de tudo que andou acontecendo por aqui, comecei a conversar com minha tia sobre Mari. Ela havia se tornado nosso assunto principal há dias.
- "Ah, tia! Fala sério! Eu só causo problema pra ela! Ele não pode escolher outra pessoa?"
- "Claro que não! Vocês foram predestinados a isso! Você só precisa fazer as coisas certas, se aproximar dela."
- "Ela me odeia! Eu fiz ela chorar e perder toda a pose de nerd tímida hoje!"
- "Por que você não pede ela em namoro? Ou convida ela pra ir em um parque de diversões com a gente!"
- "O QUÊ!? Ah, fala sério... Se eu fizer isso ela me transforma em churrasco."
- "Vai por mim. Ela vai aceitar. Vocês se gostam! Você devia ir em um parque comigo, ia ver como seu humor melhoraria bastante."
Desde que as aulas começaram, minha tia vive me convidando para ir com ela em um parque de diversões. Eu sempre recusei, para evitar ao máximo passar vergonha sozinho com ela.
- "Eu sei que ela vai aceitar. Eu também gosto dela, mas ela é estranha..."
- "Vocês jovens de hoje em dia não se importam mais só com o amor que os outros têm para dar... Isso é triste."
- "Talvez eu faça isso... Mas só semana que vem... Já fiz muito mal pra ela em tão pouco tempo..."
Já era sexta, o fim de semana estava próximo, eu teria tempo o suficiente pra pensar melhor e dar o devido espaço à Mari.
[...]
A manhã de sábado passou rápida, talvez pelo fato de eu ter acordado tarde... Mas ainda assim, foi uma manhã gostosa. Estava uma temperatura agradavelmente amena, perfeita para uma caminhada sem rumo. Ou, simplesmente, revirar meu quarto apenas pelo prazer de ver minhas coisas antigas guardadas como se fosse a primeira vez...
Passei o fim da manhã e início da tarde revirando minhas gavetas em busca de itens e papéis antigos que eu deixava guardados apenas pelo prazer de tê-los como recordação. Acabei por encontrar duas bolinhas pula pula, uma roxa com o número 4, e outra azul e amarela, que mais parecia uma pedra... Ela não pulava mais como antes de tão velha e dura... Descobri também que eu tinha um jogo de dominó esquecido em uma mochila velha, eu não fazia ideia da última vez que usei aquelas peças... E para meu espanto e (in)felicidade, eu deixei guardado uma pasta com provas antigas minhas... Eu decidi que não ia nem olhar por cima, para poupar meu psicológico... Em compensação, havia outra pasta, mas com desenhos e textos antigos meus. Essa eu tive o prazer de ver cada folha guardada. Havia textos de sentimentos, alguns poemas bem mal feitos, textos para aliviar a raiva de algumas pessoas... Eu realmente escrevia bastante... E havia desenhos bem diferentes também, como uma fazendinha bem simples, dois desenhos dos símbolos de dois grupos os quais eu sempre gostei, além de um menininho abraçando um ovo gigante, em referência à um vídeo paródia que um amigo havia feito para mim. Foi um dia gostoso aquele sábado, apenas pelo fato de ter me feito voltar aos tempos divertidos com meus antigos amigos na minha antiga escola.
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