P.O.V. Luke
Fui levado para uma pequena sala com uma mesa de madeira ao centro, uma cadeira atrás dela e outras duas diante. As paredes pareciam terem sido pintadas no século passado, assim como boa parte de todas as que vi. Aliás, havia estruturas anexas atrás da tal boate, formando um lugar ainda maior do que parecia quando se via de frente. Eu não tinha certeza do que se tratava, mas desconfiava que estava prestes a descobrir.
Os dois grandões que me arrastaram me jogaram numa das cadeiras diante da mesa e Noah foi para a de trás, mandando fecharem a porta, mas ambos continuaram na sala.
— Sabe, Hemmings — disse ele, pela primeira vez desde que saímos da boate dirigindo a palavra a mim —, é até bom que veio aqui, porque me poupou o trabalho de ter que te procurar para te dar outra surra já que a primeira não foi suficiente.
Noah acendeu um cigarro, deu uma boa tragada enquanto estendia os pés despreocupadamente sobre a mesa e, em seguida, olhou para mim e soltou a fumaça.
— Na verdade, você tem sorte de eu não ter deixado passar da surra — continuou ele. — Porque você já deveria estar morto depois de invadir a minha casa e ter aquela ceninha com a sua namorada em cima da minha cama.
Eu quase disse: "É uma pena que você chegou cedo demais, estávamos indo para a melhor parte", mas me controlei. Com aqueles grandões ali, eu não estava numa boa posição para fazer graça.
— Você só pode ser muito burro por achar que eu não descobriria. Deixo uma câmera de segurança em cada lugar que frequento — disse ele e apontou para o topo da parede lateral, onde havia mesmo um aparelho preso nela.
— Ninguém precisa de uma câmera em todo lugar se não tem nada a esconder. — Não consegui evitar essa pequena provocação.
Noah riu, mas não era um riso de quem achou engraçadas as minhas palavras, parecia mais um deboche, como se o comentário fosse algo óbvio demais.
— Eu mantenho bem as aparências, mas nunca se sabe quando tem alguém na sua cola, não é? Nesse caso foi só você, mas poderiam ter sido os tiras.
— Esse medo todo é de descobrirem sobre as drogas? — perguntei. Eis a chance de eu descobrir o que tanto queria.
Ele balançou a cabeça.
— Não, as drogas são o de menos. — Deu outra tragada no cigarro e soltou a fumaça antes de prosseguir. — Veja, eu estudo numa escola chique, participo do time de críquete e "namoro" — fez aspas com os dedos — uma líder de torcida. Pareço um típico adolescente riquinho e metido, então ninguém desconfiaria de mim. Mesmo se descobrissem sobre as drogas, pareceria o que um filho de papai faria, não é? Um pequeno tráfico é normal, nada de mais. Ainda se me seguissem e viessem até aqui, qual o playboyzinho que não frequenta um bordel? Ninguém imagina que, com esse rostinho jovial aqui, eu seja o dono dele. — Ele abriu seu sorriso torto peculiar.
Levei um tempo para processar as palavras. Então tudo não se passava de um teatro. Sempre foi isso: uma atuação. E ele era mesmo um bom ator, já que conseguiu enganar até a mim.
— Dono de um bordel aos dezessete anos? Realmente ninguém desconfiaria — falei com ironia.
Ele riu novamente.
— Dezessete eu tenho em cada perna. Na verdade, acabei de fazer trinta e quatro.
Puta que pariu. Trinta e quatro fodendo anos? Dezessete era mesmo exagero, mas nunca pensei que ele passaria dos vinte. Não consegui evitar a surpresa e ele percebeu minha expressão.
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Heartbreak Girl
RomansMeu nome é Jenny Clifford e sou considerada um fracasso para algumas pessoas. Eu não me encaixo em nenhum grupo da escola, e, certamente, nem da sociedade. Não tenho um corpo escultural, tampouco sou bronzeada, que poderia até me salvar. Mas não, so...