Capítulo 07

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Com o Halloween se aproximando no final da semana, Hogwarts se tornou animada, e o Salão Principal estava repugnantemente decorado. Draco, no entanto, apenas apreciava as guloseimas pré-Halloween que os elfos-domésticos lhe davam quando estava sozinho nas cozinhas.

Em contraste, os sonhos de Harry estavam piorando. Algumas vezes, tudo o que Draco conseguia ver era escuridão, e as mesmas emoções dos sonhos — culpa, mágoa, desespero — se infiltravam nele. Ele sabia que Harry estava lá, em algum lugar, mas Draco não conseguia encontrá-lo, e nenhuma canção parecia alcançá-lo.

E nas vezes em que Draco conseguia alcançá-lo, conseguia puxar Harry para seu abraço, Harry parava de chorar, mas permanecia quieto, tenso.

Draco descobriu que Pontas era Tiago Potter, Aluado era Professor Lupin; Draco se inteirou sobre Tonks — outra prima que ele nunca conheceu — e sobre a morte de Fred Weasley.

Draco viu a si mesmo, nesses sonhos. Assistindo à tortura. Torturando.

Ele sempre acordava com a cabeça de Harry enfiada sob o seu queixo e o rosto de Harry coberto de lágrimas. Algumas vezes, Harry sussurrava dormindo, me desculpe.

Não é sua culpa, Draco pensava ferozmente. Não é.

No momento em que as primeiras decorações para o Halloween surgiram, os pensamentos desconfortáveis sobre Draco desapareceram rapidamente. Ele começou a vagar novamente e nunca acordava cedo o suficiente para acompanhar Draco até as cozinhas.

O banquete de Halloween deu a Harry dor de cabeça. Os rostos sorridentes de todos e as conversas alegres deixaram Harry mal-humorado e irritado. Ele escapou, sentindo o olhar preocupado de Hermione contra suas costas, mas ele não conseguia suportar toda essa felicidade do caralho — eles não sabiam que seus pais haviam morrido nesse dia, dezessete anos atrás?

Ele grunhiu, enquanto se esquivava de outro grupo de alunos que bebia álcool ilegalmente. Os estudantes e fantasmas encheram os corredores de Hogwarts com muito barulho, deixando Harry sem lugar para vagar. Ele pisoteou pelo salão comunal do oitavo ano e acima das escadas. Porém, acalmou seus passos ao entrar no dormitório porque as cortinas de Malfoy estavam fechadas. Mesmo no Halloween, Malfoy segue seu cronograma. Harry desabou na cama.

Não conseguia lembrar muito de sua mãe — ele temia ter falsas memórias, conjuradas a partir de seus sonhos e de fotos dela que havia visto. Mas ele tinha certeza de que uma memória era verdadeira. Ele estava seguro, aquecido nos braços de sua mãe, o cheiro dela envolvendo-o. Sua voz era uma canção de ninar, e Harry sentiu-se dormir em um sonho —

E então vinha o caos. Lá estava Voldemort, e ele podia ouvir o grito de sua mãe, e ele podia ver a maldição da morte voar em sua direção, em um verde doentio, e "Não-não-não!"

Seus olhos se abriram, ele se deu conta de um abraço quente, e pensou que talvez — talvez fosse sua mãe o abraçando — e a Guerra e Voldemort fossem apenas um sonho.

Mas não era um sonho. Sua mãe havia morrido.

Umidade brotou de seus olhos. Os braços ao redor dele se apertaram. Harry viu o breve lampejo de cabelo loiro-branco e sentiu a dor diminuir, enterrando a cabeça na mão que o acariciava, seu rosto no peito aconchegado ao lado dele. A pessoa cheirava a chá e papel, e a uma espécie de almíscar masculino. É Draco, ele começou a pensar, mas o resto de seus pensamentos flutuou quando ele sentiu e ouviu o suave murmúrio da música das estrelas.

O sonho de Harry gelou Draco. Harry se lembrou de sua mãe morrendo. Harry se lembrou do golpe da maldição da morte

The Standard You Walk Past • drarry [portuguese version]Onde histórias criam vida. Descubra agora