Crônica 25

2 1 0
                                    


Uma falsa esperança

No final da oitava série, eu prestei um vestibulinho para ingressar no ensino médio de uma escola técnica, uma professora dizia que eu estaria no lugar certo pois ali eu era um peixe fora da água. Eu realmente fiquei cheio de esperanças e animado, prestei a prova fiquei entre os 20 primeiros, mas tão logo eu chegasse lá, como se o desafio de pegar 2 horas de ônibus não fosse o bastante, minha esperança seria destruída.

Saíram os vagabundos metidos a bandidinhos, entraram os playboys mimados.

Como eu defino a forma que agi? Acho melhor fazer uma metáfora. Suponha que eu esteja precisando atravessar um rio a nado, não importa como eu fui para lá, eu estou tendo que atravessar o rio a nado. Se eu parar de nadar eu me afogo, porém antes de eu parar neste rio eu não sabia nadar perfeitamente, tive que aprender na marra mas aprendi toscamente, eu não estou preocupado em nadar de forma perfeita mas sobreviver.

Porém a falta de técnica e de preparo me fará se ineficiente, ou seja, vou gastar mais energia e me desgastar mais do que o ideal, vou inclusive passar por situações desnecessárias que eu não deveria passar.

Assim foi meu período no ensino médio, uma fase 2 da guerra que eu vivia, e mais difícil, o inimigo era outro e eu estava mais agressivo, mais arrogante, mais intolerante, mais extremista.

Para piorar se não bastasse o bullyng eu comecei a procurar alguém para namorar, sem trejeito social (ainda não tenho até hoje), fui um estorvo. Apanhei e revidei, apanhei e revidei, apanhei e revidei, só não pensei. Fiquei mais cansado, tinha inveja dos playboyzinhos que moravam em Santos e só acordavam quando eu já estava no ônibus. Fiquei mais furioso, não pensava.

Tinha aversão em querer entrar na sala de aula pois tinha o sentimento que todos olhariam para mim e me zoariam (ainda tenho este sentimento até hoje confesso). Fiquei mais escuro, mais na minha poucos amigos a quem era leal, mas com uma fúria do mundo uma frustração, coisas que vi e recebi que me machucam até hoje talvez eu tenha enterrado. Acredito eu que depois de virar professor eu devo ter dado motivos, mas não consegui pensar, estava sobrevivendo, quem vai parar para pensar quando se nada para não afogar?

Por isso que problemas como me adaptar a um conteúdo puxado em relação ao que tinha no fundamental que não me serviu de p.......... nenhuma e assim não me ajudou, até coisas boas como comer o lanche do intervalo frente a praia, eu poderia enumerar coisas boas que aconteceram, mas eram pequenas infelizmente eram leve brisas para meu inferno mental.

Para complementar, eu via postagens no finado Orkut e pelo menos uma vez um papel no recreio me debochando, ai como isso ainda dói e foi lá que ultimo brilho de infância da inocência da crença pura no mundo melhor morreu, nem foi enterrado, foi descartado.

Sim deixou cicatrizes, tanto que me recusei a participar da formatura do ensino médio (diferente da do técnico que participei), eu era inteligente? Sim não sabia usar ela mas se eu fosse medíocre perdão minha arrogância não teria sido tão batido. Peço perdão a Deus, mas até hoje debocho em pensamento de um dos meus colegas que escreveu no Orkut uma coisa contra mim, até hoje acho graça em saber que ele ta paraplégico por racha de moto.

Agora luto internamente contra meu lado negativo, lado que colocaria um prédio abaixo se julgasse necessário, uma besta louca para destruir. Torço piamente que ela nunca apareça totalmente, mas se um dia ela aparecer, põe na conta de quem o provocou.

Mas esta luta continua, é um novo rio a atravessar, eu com um pouquinho mais de experiência, mas igualmente cansativo, antes eu não tinha conhecimento do meu poder de destruição, hoje eu temo.

Não quero sua morte, é minha bomba nuclear, sempre bom ter para utilizar, espero que não, mas talvez um dia eu precise dele, infelizmente algumas coisas não se resolvem no dialogo.

Como se ver, isso mudou minhas crenças e eu acredito ainda no bem, mas acredito também na guerra como algo necessário. Por isso faço das palavras de Sun Tzu:

"A guerra tem importância crucial para o Estado. É o reino da vida e da morte. Dela depende a conservação ou a ruína do império. Urge bem regulá-Ia. Quem não reflete seriamente sobre o assunto evidencia uma indiferença condenável pela conservação ou pela perda do que mais se preza."

Inicio do Capitulo 1 de seu livro a Arte da Guerra

Faça você leitor as trocas dos termos "estado", "império" por algo equivalente na sua vida e conseguirá entender um pouco das minhas crenças que foram forjadas neste período.

Refazendo os meus passosWhere stories live. Discover now