Perdidos (parte 1)

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Eu estava apreensiva... pensando nos rumos que aquela noite tomaria. Torcia para que tudo fosse tranquilo, mas algo me dava uma forte impressão do contrário. Não sabia se estava pronta para enfrentar algo que não sabia nem o que era. Eu e Vi ficamos rondando por um bom tempo as redondezas, sozinhas em meio a escuridão e ao silêncio, até que puxei assunto.

                - ‘’Por que você escolheu vir para esta missão?’’, perguntei.

                - ‘’Não sei. Algo em mim dizia que era pra eu vir, e então, eu vim. E você?’’.

                - ‘’Bom, eu e Riven estávamos a fim de viajar, então decidimos pegar esta. Além do que, queríamos fazer uma missão com mais pessoas que não só nós duas.’’

Até aqui a noite estava estranhamente calma e pacífica. Os ventos agressivos no tempo quente prenunciavam chuva, e eu rezava para que não fosse o caso. Me pergunto: como será que a Riven estava...?

---------------Ponto de vista da Riven---------------

Estávamos patrulhando há aproximadamente meia hora. Um sentimento intenso de medo pairava o ar. Yasuo só andava com a mão na espada e não parava um segundo de olhar para mim. Acho que ele poderia ter virado e acabado com a minha vida a qualquer momento. A tensão iria me consumir, até que...

                - ‘’Eu preciso te contar uma coisa."

Eu não sabia o que tinha acontecido comigo. De alguma forma, parecia que não havia sido eu quem tinha falado aquilo. Meu corpo estava travado, eu estava suando frio e só conseguia encará-lo.

                - ‘'Sinta-se à vontade", ele respondeu com um sorriso.

                Lembro-me de morder meus lábios com muita força. Fiquei-o encarando por algum tempo, impossibilitada de produzir qualquer som.

                - " Tem algum problema? Você está bem?"

                  - "Fui eu. Eu fui a responsável por, durante a invasão de Noxus a Ionia, matar o Ancião do seu clã."

Instantaneamente Yasuo deu um salto para trás e sacou sua espada da bainha. Aquela aura acinzentada que havia visto em meu pesadelo era não só real, como muito mais intensa e amedrontadora.

                     - "VOCÊ O QUÊ?"

Num piscar de olhos ele sumiu e, em outro, estava na minha frente. Todo o caminho percorrido pela sua espada deixou um rastro de folhas que caía lentamente até o chão. No reflexo, saquei minha lâmina e defendi o golpe.

                   - "Espere, deixe-me explicar, por favor!"

A expressão de ódio no seu rosto me deixava paralisada de medo. Então, ele me empurrou e a onda de ar causada pelo movimento da katana cortou meu ombro. Dei um salto para trás para me afastar dele, mas ele era muito rápido. Sem que eu pudesse notar, ele já estava nas minhas costas, me segurou e colocou sua katana em meu pescoço. Engoli seco. Eu tinha certeza de que iria morrer ali, agora.

                     - "Diferente de você, Riven, eu tenho honra. Que é o que distingue pessoas de vermes como você. Por isso, vou deixar que dê sua explicação ridícula antes de eu banhar a grama desta floresta com o seu sangue".

                          - "A Invasão a Ionia foi minha última participação em nome do governo Noxiano. Era pra ter sido o dia mais feliz da minha vida..."

                        - "Sem ladainha. Seja breve.", me cortou impaciente

                         - "Naquele dia eu fui promovida e tive a oportunidade de participar do planejamento de ataque da Invasão. Naquela cúpula, eu vi as injustiças e imundícies que o alto comando Noxiano praticava, e que eram privadas do resto da população. Então, para tentar amenizar a radiação das decisões que aquele conselho tomava, eu fiz uma negociação para que só uma pessoa precisasse morrer, no caso o Ancião, ao invés de toda a aldeia".

                        - "Espera que eu acredite nisso? Um verme como você só é capaz de inventar mentiras."

                       - "Eu posso provar! Dentro do compartimento circular que fica na bainha de minha espada há um papel. É uma cópia da minha carta de exilamento, datada do mesmo dia da morte do Ancião. Nela você poderá ler exatamente a mesma situação que descrevi agora".

                         - "E como eu posso confiar que esse documento é verdadeiro?"

                         - "É um documento oficial para o governo Noxiano, então ele possui uma assinatura mágica que não pode ser falsificada".

Ele tirou sua espada do meu pescoço e me empurrou para longe.

                        - "Levando em conta o fato de que você não demonstrou nenhuma postura agressiva até aqui, e também que voluntariamente me confessou seu crime mesmo sabendo que meu objetivo era matar o assassino de meu Ancião, eu vou dar uma chance para você. Mas saiba que no primeiro deslize, eu não mostrarei misericórdia".

Um alívio muito grande tomou conta de meu espírito. Era como se eu conseguisse novamente respirar, tirado um peso das minhas costas que estava quase me matando. Então, novamente de maneira involuntária, corri, abracei Yasuo e, aos pratos, pedi desculpas. Ele ficou imóvel, e então eu me afastei.

Quando demos conta, no meio de todo aquele alvoroço não fazíamos a menor ideia de onde estávamos. Durante o conflito, nós havíamos destruído as marcações que Jax fizera nas árvores. Entrei em desespero:

                - ‘’AI MEU DEUS, YASUO, ONDE DIABOS NÓS ESTAMOS? MEU DEUS, CARA, O QUE A GENTE FOI FAZER??? ESTAMOS PERDIDOS NUMA FLORESTA DESCONHECIDA, À NOITE, COM UMA COISA DESCONHECIDA QUE DEU MEDO NO JAX SÓ DE PASSAR PERTO À SOLTA. E AGORA CARA?????’’

                - ‘’Se não mantivermos a calma, não conseguiremos pensar numa solução. Veja, nós combinamos com os outros que, caso nos perdêssemos, usaríamos a árvore milenar como ponto de encontro. Tudo o que precisamos fazer é ir pra lá. E, além disso, a culpa pelo que está acontecendo é toda sua".

As farpas não paravam. A todo segundo ele fazia questão de me lembrar da minha responsabilidade, mas era compreensível. Yasuo precisaria de um tempo até digerir toda aquela história. Ignorei a última parte e continuei respondendo:

                  - ‘’Mas a árvore parece estar muito longe... Será provavelmente o dia todo de viagem amanhã até lá. Teremos de encontrar abrigo e também achar o que comer’’

                - ‘’Isso não será um problema. Temos armas e essa região de montanhas, como Jax disse, tem vários animais que podemos caçar. Além disso, os galhos das árvores daqui são grossos e rígidos. Acho que podemos usá-los pra montar uma cabana. Pelo menos assim conseguimos nos proteger dos animais e da chuva enquanto descansamos."

                        - "Parece uma boa ideia. Eu consigo fazer uma fogueira também. E é melhor que a gente reveze pra patrulhar, porque essa floresta é imprevisível e nós mal sabemos o que estamos enfrentando".

Ajudei-o a cortar e recolher alguns troncos e a montar a cabana. Em pouco tempo a estrutura já estava montada e só faltava o ‘’telhado’’ de folhas. Era um pouco grande, conseguia entrar nela de pé sem precisar abaixar a cabeça e cabiam três de mim lá dentro deitadas. Também fizemos a cabana o mais próxima possível de um riacho das redondezas, para que tivéssemos uma visão privilegiada do nosso redor.

Finalmente tudo estava arrumado na nossa casinha temporária. Teríamos uma longa noite pela frente e a primeira ronda era minha. Mas mesmo que não fosse, estou certa de que não conseguiria dormir. Sob a luz fria do luar, passaria as próximas horas martelando meus pensamentos.

                           - "Ai, ai... como eu queria ter a Caitlyn pra desabafar agora..."

Os contos de Caitlyn.Onde histórias criam vida. Descubra agora