O dia começou cedo pra mim. E não pra menos: apesar da Riven ter conseguido cair no sono, claramente alguma coisa estava perturbando a cabeça dela, e isso fez com que ela se mexesse incansavelmente durante a noite. Mesmo a cama sendo de casal e totalmente espaçosa, essa menina abria os braços e os mexia como quem estava fazendo um anjo na neve.
- ‘’Que foi, Riven? Está tendo outro pesadelo?’’.
Ela nem me ouviu. Ainda roncava abraçada com seu ursinho.
Olhei pro céu pela janela e estranhei por estar claro demais, me levantei da cama e fui ver que horas eram. Tropecei e quase caí em cima da Riven, mas consegui apoiar na cabeceira da cama e evitar o desastre.
- ‘’MEU DEUS! JÁ SÃO 11 HORAS?!?!’’, olhei surpresa e já começando a entrar em desespero.
Corri até o quarto e acordei Riven jogando-a do colchão. Ela ficou puta da cara, mas quando esfregou os olhos e conseguiu ver o horário na tela do meu celular, percebeu que teríamos de correr muito pois o carro que nos levaria ao tal lugar saía às 13h. Tomamos o banho mais rápido de nossas vidas, nos arrumamos, eu com meu traje habitual, saia curta roxa, camiseta básica leve e uma blusinha roxa por cima e ela com uma blusa branca combinando com seus cabelos cinzentos e um shorts curtinho, além do seu all star preferido que nunca saía de seu pé. Comemos um lanche rápido na cozinha e, como já havíamos colocado nossas bagagens no porta-malas, saímos correndo até o carro de Riven, que acelerou sem dó antes mesmo de pôr o cinto. No meio do caminho tivemos que voltar, porque eu havia esquecido meu rifle do lado do guarda-roupa.
Chegamos na liga aproximadamente ao meio-dia e meia e fomos correndo até a recepcionista. Ela disse que os outros dois participantes já haviam chegado e estavam recebendo instruções com o motorista que nos levaria. Riven começou a ficar preocupada, ansiosa, com medo, tudo quanto é sentimento ruim estava passando pela cabeça dela nesse momento. Encontrar o homem que ela destruiu a vida de novo depois de tantos anos... porém ela tinha a sorte dele não saber que foi ela a responsável por matar o homem que ele deveria proteger.
Olhamos de longe e avistamos os dois. Yasuo era um homem com aparência desgastada e cansada, suas vestes eram azuis, tinha uma calça larga cheia de rasgões nas barras e usava caneleiras acima dos pés descalços. Tinha braceletes e um cabelo enorme preso por um rabo de cavalo. Na cintura, carregava uma bainha com uma espada longa e fina, além de um cantil feito de bambu, onde provavelmente guardava algum tipo de bebida alcoólica. A parte superior de sua vestimenta deixava à mostra sua barriga, expondo várias cicatrizes, algumas profundas e pequenas, outras enormes que atravessavam seu abdômen e chegavam à clavícula.
Quando vi a moça ao lado dele, Vi, meu coração quase saiu pela boca. Aquela garota... era igualzinha àquela dos meus sonhos. Alta, bem mais alta que eu, - não que isso fosse difícil. Altura não é meu forte. - tinha cabelos rosa um pouco mais longos do que no meu sonho, vários brincos e piercings na orelha, usava uma espécie de armadura metálica que parecia ter sido feita exatamente para o corpo dela e também óculos feitos de metal que ficavam como uma tiara em seus cabelos. Em seu rosto havia uma tatuagem, mas pela distância não consegui identificar o que era. Também usava duas manoplas gigantes que tinham o que parecia serem medidores de pressão na parte de cima. Eram tão grandes que encobriam todo seu antebraço, e deviam ser 3 vezes maiores do que a cabeça dela.
Após sair do choque, dei uma cutucada em Riven e ela reclamou:
- ‘’Ai! Por que tá me cutucando?’’.
- ‘’R-Riven, a-aque-quela é... É a garota com quem eu estava casando no meu sonho!’’.
- ‘’O QUE? VOCÊ ESTAVA CASANDO COM UMA CRIMINOSA?’’.
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Os contos de Caitlyn.
Hayran KurguO percurso da vida de uma garota como outra qualquer, enfrentando dilemas morais e suas próprias contradições. Um misto de ação, autoconhecimento, romance e filosofia.