CAPÍTULO SETE

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Zínia: "Lamento sua ausência."

#MeuJardimInteiro

Existe uma flor conhecida como "Planta-Pedra". Ela é originária da África do Sul, conhecida por crescer entre pedras, em um ambiente muito árido, assim, necessitando de pouquíssima água para sobreviver. Apesar disso, ela é uma flor muito bonita.

Eu sempre pensei na Planta-Pedra como uma florzinha um tanto solitária, sem ter suas outras amigas florzinhas por perto e, além de tudo, crescendo entre pedras, sem ter muito para quem contar sobre suas peripécias, do tipo: "Amiga, acredita que eu só fiz fotossíntese hoje por cinco horas? Acordei preguiçosa".

Mas a Planta-Pedra é conhecida por se virar muito bem sozinha, ela é perfeita para aqueles que querem ter uma plantinha em casa, mas não têm muito tempo para cuidar delas.

Bom, eu sou Min Yoongi. E eu sou uma Planta-Pedra.

Eu não preciso de muitas pessoas ao meu redor, preciso que alimentem o meu buchinho e me deem um lugar para ficar em suas casas... Nada muito difícil. Mas, também, para aqueles que me acolhem, eu quero um lugar em seus corações. E eu até tinha, mas parecia que estava sendo esquecido por alguém.

Já fazia um mês desde o dia em que Park Jimin tinha saído no meio do programa que ele mesmo tinha sugerido — ir ao parque com Taehyung — e praticamente virado um estranho para mim.

Jimin vivia ocupado agora, indo em festas, saindo em dias de semana, treinando para entrar para o time de futebol no ano que vem e por aí vai. Enfim, ele tinha alcançado definitivamente a tão almejada popularidade, mas tinha sacrificado sua presença na minha vida em nome disso.

Eu me sentia profundamente triste com tudo isso. Como Jimin estava sempre indo para cima e para baixo, entrando em contato com suas novas companhias e fazendo seus novos projetos, nós raramente íamos para da escola para casa, e vice-versa, juntos agora, por isso, afastamo-nos mais ainda. Porém, eu via a felicidade estampada no rosto do mais novo e lembrava do quanto ele lutou para conseguir aquilo, então, eu apenas guardava para mim meus sentimentos.

Minha sorte, todavia, era maior do que eu imaginava e, por incrível que pareça, minha amizade com Taehyung realmente tinha evoluído e se tornado algo importante em minha vida. Claro que eu não pretendia substituir um amigo por outro, eu só estava feliz de não estar completamente sozinho. Eu me lembrava como era a minha vida antes de Jimin... E não era legal.

Eu era sempre o menino excluído, brincando sozinho, comendo terra sozinho... E até enfiando areia na cueca sozinho. Todas as crianças pareciam se divertir umas com as outras, mas eu me sentia incapaz de ir até elas e pedir para eu brincar junto. Elas eram muitas e eu era apenas um, eu tinha medo do que diriam e do fariam, por isso, eu ficava quieto no meu cantinho, vendo elas cochicharem sobre como eu era estranho.

A maioria das pessoas, especialmente as extrovertidas, não entendem o quão difícil é, para uma pessoa como eu, que prefere viver no "silêncio" confortável das minhas músicas e na companhia das plantinhas, conversar com outras, quiçá fazer amizade com elas. Pessoalmente, eu me sentia contente por ter superado uma barreira tão grande quanto essa e ter feito uma amizade nova.

Taehyung passava os recreios comigo agora. Nós conversávamos sobre coisas aleatórias, como música clássica — algo que descobri que ele gostava muito, mas que eu nem entendia direito (até hoje, eu não entendo porque os maestros tinham aqueles palitinhos nas mãos) —, tipos de sorvetes e desenhos.

Apesar de eu ser um zero à esquerda para muitas coisas que, tradicionalmente, eram consideradas as coisas que faziam de você alguém inteligente, como ter boas notas na escola, entender matemática, ser bom em esportes e afins, Taehyung tinha me ajudado a entender meu tipo de inteligência e me ajudado a explorar, chegando ao ponto de eu descobrir que eu gostava e me dava muito bem desenhando e pintando paisagens.

HORTUS [myg + pjm]Onde histórias criam vida. Descubra agora