I
Um campo sem fim, sem chão e sem noção do que pode ser frente ou trás, cima ou baixo. No entanto, com cores vibrantes, e inúmeros pontos de luz, em sua maioria parados. Volta ou outra podia se ver alguns correndo em direção ao talvez "nada" ou além. Hideki com certeza não saberia explicar que lugar era aquele, no entanto se fosse descrito em uma foto talvez se parecesse com o espaço cheio de efeitos em uma montagem de computador.
Repentinamente, por mais que aquela visão fosse bonita, se formou a vontade de olhar para um vasto céu azul. E lá ele se formou, um céu de um azul celeste impressionante, com radiantes raios de sol atravessando as poucas nuvens que se formavam ao alto. Havia um chão em baixo, como imensos campos verdes, no entanto fora de foco.
"Que macio... parece até uma nuvem". Pensou o garoto ao sentir o que estava em baixo de si, embora não soubesse muito bem o que era o "em baixo" naquele momento.
Então tentou olhar para o que era aquilo no qual estava deitado, no entanto tudo o que se pode ver foram algumas fracas luzes, como se passassem através de um prisma. De forma que se deu a entender que aquilo no qual se aconchegava estava de alguma forma tentando esconder a si mesmo da visão do jovem. Ele, no entanto, não se importou. Ao passar sua mão ao redor daquele "prisma" ele pode sentir uma pelugem, muito macia e longa e como se o envolvesse por um momento ele pensou que ela fazia parte dele. "Mas se faz parte de mim... porque tentar se esconder?" e com a mesma velocidade que a pergunta veio, uma resposta preguiçosa o alcançou, "não importa, é tão confortável aqui"
—Awaaar.
E com esse grito indicou uma dor lancinante que o atacou direto no pescoço e rapidamente começou a se espalhar para o resto do corpo. Os arredores daquilo que parecia ser um sonho passaram a se borrar. As imagens ficando mais e mais fora de foco começou a dar uma mudança para o que parecia agora ser um pesadelo. Assim sendo, imagens vieram à sua mente, dois vultos de cores distintas, um estando em azul celeste, como o céu que via a pouco e o outro de um vermelho sangue. Ao que pareceu a queda de sua consciência ele sentiu seu corpo mais uma vez tomar forma.
—Uwan.
Com um suspiro engolido em seco como sua primeira ação, lá estava ele, Hideki, deitado sobre um futon, ou melhor dizendo, agora estava sentado. Embora não soubesse onde estava, não pareceu se importar, ao invés disso estava mais preocupado com o sonho, antes do céu azul e até mesmo das estrelas numa vasta galáxia, ele estava no chão sendo atacado por uma jovem garota que não parecia querer mostrar compaixão para com ele. "Seria aquilo também parte do sonho?" Ao pensar nisso ele engoliu em seco mais uma vez.
II
Ao que pode ver era um quarto grande, com móveis luxuosos. No entanto ele não parou seu olhar sobre nada em especifico, ao invés disso, se lembrou do que havia acontecido. De seu sonho do qual acabara de despertar e da garota de longos cabelos e olhos de cores diferentes. Ele rapidamente colocou sua mão sobre seu pescoço que deveria ter um ferimento muito feio.
—Um sonho? —Questionou a si mesmo ao ver que lá não havia nada além de sua pele. Que talvez por culpa do sonho parecia estar um tanto quanto sensível.
Ao reparar na pele de seu pescoço também não pode deixar de reparar na pele do resto de seu corpo. Estava completamente exposta, sendo suas únicas vestimentas um samba canção deixado em seu corpo pelo que parece ser respeito humano.
Ao seu lado estava um kimono azul escuro dobrado de forma impecável, o que deu a entender que era para seu uso quando se levantasse. Deitado sobre a roupa estavam seus óculos. Com um pouco de relutância, Hideki se levantou e se vestiu. Ainda estava um pouco cansado, como se seu corpo resistisse em se levantar em uma manhã de inverno preguiçosa. Isso, é claro, não o impediu de sentir o tecido fino que parecia escorrer sobre seu corpo. "Isso deve ter sido realmente caro", pensou.
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Flamma Memorias
Novela JuvenilUm garoto jogado no meio de um mundo de magia invisível há olhos comuns. Um mundo violento no qual ele está sendo caçado bem em frente as pessoas e ele nem sabe mais se é... humano. Mas seria tudo tão ruim afinal de contas? Não ser humano? Um mundo...