Capítulo 32 - Fulga

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- Abre essa porra, porque se eu arrombar, vai ser pior pra você!

Eu ignorava seus gritos e as porradas que ele dava na porta.

Eu só queria ajudar minha amiga, não quero que ela tenha o mesmo fim que Brian, por minha causa! Sempre por minha causa!

Por que eu tive que existir? Se não fosse por mim, Brian estaria vivo, Mason não teria despertado sua obsessão doentia e nem sua mãe estaria morta!!

Eu sou o problema, eu não deveria existir!

Uma dor dilacera meu peito imaginando a possível morte da minha amiga e a minha parcela de culpa nisso, as lembranças da morte do Brian me deixam ainda pior e dói tanto, a tristeza dói tanto, que parece que vou morrer sufocada.

Mas talvez eu possa evitar tudo isso...

Sim! Se eu morrer, tudo fica bem.

Eu só preciso trocar a minha vida pela da minha amiga, preciso dar a minha vida para compensar a perda da do Brian.

Eu já sabia o que fazer.

Com uma cadeira, quebrei o vidro da janela do quarto de hóspedes.

Mason quando ouviu o barulho xingou e desistiu de esmurrar a porta.

Isso significa que ele vai dar a volta por fora para tentar me pegar, então eu preciso correr imediatamente se quero ter minutos de vantagem sobre ele.

Corri com todo o meu fôlego para os fundos da casa, pulei o cercado do jardim de Mason e adentrei nas árvores que tinham ali.

Eu não tinha chance correndo contra o Mason, ele era muito maior e mais rápido. Então eu tive a ideia de me jogar no rio e deixar a correnteza me levar até a cidade.

Mason não pensaria que eu poderia cogitar isso pois está um frio congelante, as chances de eu morrer por hipotermia são grandes.

Como eu vou acabar morrendo de um jeito ou de outro, tanto faz...

Corro em direção ao rio e graças a Deus não ouço Mason atrás de mim, devo ter pego uns bons minutos de vantagem.

Entro na água sem fazer barulho. Ela estava estupidamente gelada, meus ossos doeram e meu corpo ficou dormente.
Eu tentei me manter na superfície, para ter mais fôlego, a correnteza estava forte então saí com rapidez da direção da casa de Mason.

Mas ouvi um barulho no mato e minha primeira reação foi afundar para evitar de ser vista, caso fosse o Mason.

Eu segurei meu fôlego o máximo que pude, o frio não ajudava, dificultando minha respiração.

Levantei discretamente a cabeça afim de verificar rapidamente se tinha alguém ao lado esquerdo do rio, de onde o barulho veio, mas não achei nada.

Sou surpreendida quando ele me agarra e me tira da água com um puxão só. Tento gritar mas minha boca é tampada imediatamente e então foco minha visão no homem a minha frente entrando totalmente em pânico ao ver de quem se trata.

- Oi Mel! Obrigado por facilitar minha vida. - Diz Dylan com seus olhos azuis frios como o gelo e seu sorriso transbordando ódio.

Não consigo falar com sua mão tampando minha boca, tento me livrar dele por extinto, nas seu corpo parece muito pesado sobre o meu, o frio me deixa fraca também e meus dentes batem mostrando como estou congelando.

Vejo Dylan entornando um líquido em sua boca.

O que ele está bebendo?

Então com um movimento brusco ele toma meus lábios e passa o líquido da sua boca para a minha. Não consigo evitar de engolir tudo, escorre um pouco pelo canto dos meus lábios mas acabo engolindo a maior parte.

Tusso engasgada após ele terminar e se afastar. O líquido tinha um gosto amargo e senti enjoo na mesma hora.

Que porra foi essa que ele me deu?

Dylan tira sua mão da minha boca, mas ao tentar puxar o ar para gritar, sinto-me mole e meus olhos pesam toneladas, é impossível os deixar aberto. Dylan agora parece fora de foco e meu corpo está tão pesado que parece afundar no chão.

- Você tem uma puta boca gostosa... Acho que agora entendo um pouco porque meu irmão se apaixonou por você. - Ele sorri amargo. - Você tem gosto de inocência pura e isso é delicioso.

Não consigo dizer nada e suas palavras se tornaram arrastadas.

- Durma, Bela adormecida. - É a última coisa que ouço com um som destorcido, grave e lento...

Caio em um sono profundo e sem sonhos.

O ManipuladorOnde histórias criam vida. Descubra agora