PARTE 2
Um
Dois
Três...
Apenas mais alguns passos e estarei segura em sua sala de aula.
Apenas mais alguns passos, Nelly. Só alguns passos.
Vozes continuam a me chamar, ainda existem alunos andando de um lado para outro, no entanto, consigo sentir a presença de Carlota bem atrás de mim, se tornando cada vez mais próxima e difícil de ignorar.
Uma mão agarra meu ombro e me vira com brutalidade, fazendo com que um lado do meu casaco desça pelo meu ombro e minhas costas batam no armário. Minha respiração está irregular quando foco nos olhos afiados da garota.
- Você não me ouviu chamar? - Sua voz parece irritada, mas ainda controlada.
Mordo a parte interna do meu lábio inferior, não conseguindo desviar dos olhos cinzentos.
- Desculpe... - Sussurro, incerta do que responder.
Ela empina mais o nariz e olha ao nosso redor como se estivesse checando algo, me olhando de volta quando termina sua inspeção, sorrindo para um piada interna. Sinto minha boca ressecar e tento forçar o cuspe pela minha bíli, ouvindo meus batimentos cardíacos aumentarem a cada segundo que ela continua a me olhar em silêncio.
O segundo sinal toca e os alunos começam a se dissipar, esvaziando o corredor e começo a me desesperar.
- Temos que ir. - Falo, retomando o caminho para aula de História quando a garota me segura pelo braço, ainda em silêncio.
Meu corpo congela e começo a temer por minha segurança.
Carlota é como uma abelha rainha, atraindo toda a atenção e nunca sendo desafiada, mas eu a desafiei quando não respondi ao seu chamado.
- Car... - Começo a falar, mas sou empurrada contra os armários.
Fecho os olhos, sabendo que isso era só questão de tempo.
- Quando eu chamo, você vem até mim. - Ela diz, próxima ao meu rosto e tudo que faço é assentir.
- Abra os olhos. - Diz, usando um tonalidade suave, quase fraternal.
Faço o que pede, percebendo só então que se não fosse pelo seu pequeno grupo ainda afastados, estaríamos sozinhas.
- Sabe, Nelly. Você é bonita. - Ela diz, acariciando minhas bochechas com as costas de suas mãos.
Um calafrio percorre minha coluna cervical.
- Obri...Obrigado. - Digo.
Ela sorrir.
- Mas não o suficiente para ele ou qualquer outro.
Ele?
A garota percebe minha confusão, pois esclarece em seguida:
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Perverso, Sr. Bragança. / COMPLETO NA BUENOVELA
Literatura FemininaSENDO ESCRITO. SEM REVISÃO. Eu sempre me vi como culpada. Acreditando desde as palavras que saiam da boca da mulher que me trouxe ao mundo até naquelas ditas por pessoas aleatórias na rua. Mas, eu estava errada. Eu não era a culpada. Eu era a vít...