Capítulo XXX - Promessa a Uma Pessoa Amada

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Ally estava sentada embaixo de uma sombra fresca perdida em pensamentos. Todas as batalhas que ocorreram ou as que ainda estavam acontecendo tinham, de certa forma, mexido com o pecado da inveja. Ela se lembrava nitidamente do dia em que seus pais a expulsaram de casa depois de descobrirem seus poderes mágicos. A mulher sempre teve uma ligação muito forte com a Terra e com seus elementos. A primeira civilização do vilarejo de Canaã era formada por pessoas que possuíam uma magia poderosa, certamente ela foi uma das únicas a herdar esse dom de seus ancestrais.

Ally respirou fundo a brisa da manhã que soprou para tentar esvaziar sua mente e assim, pensar melhor em uma escolha. Apesar de ter sido exilada, ela sentia um profundo apresso por seu antigo lar e queria protegê-lo. Talvez provando ser uma heroína sagrada, seus pais poderiam reconsiderar e aceitá-la de volta. Embora ela acreditasse que família eram aqueles que o apoiavam independente de tudo, afirmou isso para si mesma e tornou sua convicção quando entrou para os Sete Pecados Capitais há 17 anos.

17 anos atrás

Ally andava pela estrada carregando uma bolsa com suas roupas e alguns suprimentos, seus olhos estavam molhados e inchados pelo choro. Fazia dias que estava viajando à procura de um novo lar e de um destino. Sua família a havia rejeitado, alegando que ela era uma feiticeira por simplesmente ter nascido com poderes mágicos. Mesmo que seus ancestrais fossem como ela, a história deles haviam se perdido no tempo.

- O que eu vou fazer? A comida e o dinheiro estão acabando. - completamente desesperançosa, ela voltou a chorar. - E não há quase nada de emprego no reino por causa da guerra.

Resmungando em meio ao choro, Ally continuou seu caminho. Usava o mesmo vestido surrado há dias, pois ainda não tinha encontrado um lago ou algum rio para lavar suas roupas e tomar banho. Odiava se sentir fedida e suja. Se ela quisesse arranjar dinheiro trabalhando, teria que eliminar aquele odor e ficar mais apresentável.

- Ei, mulher, parada aí! - um grupo de cavaleiros com suas armaduras, mas sem os rostos tampados por elmos, barraram Ally. - Se quiser passar, tem que pagar.

Um pedágio.

Ally pensou que a situação não poderia piorar, mas estava enganada.

- Essa estrada foi construída pela nossa ordem do trigo dourado e não deixamos que qualquer pessoa a atravesse sem permissão. - Ally apertou a alça de sua bolsa quando viu os homens a olharem de forma maliciosa. - A não ser que queira nos pagar de outra forma se é que me entende, como se chama? - disse se aproximando.

- Se afastem de mim.

- Não seja marrenta, venha aqui.

Antes que o cavaleiro encostasse em Ally, alguém o empurrou e lhe deu um soco certeiro que fez ele cair no chão.

- Mas que vergonha... Um bando de homens contra uma mulher sozinha? - Ally arqueou uma sobrancelha para a mulher de cabelos negros e sobretudo branco. Nunca tinha visto alguém como ela antes.

- E quem é você? - outro cavaleiro perguntou, empunhando sua espada.

- Não tenho obrigação de responder você.

Ela não deu tempo dos homens rebaterem e os nocauteou rapidamente que dispararam em retirada.

- Você está segura agora, aqueles nojentos te assustaram? - sorriu gentil enquanto limpava suas mãos uma na outra. Ally não soube o que responder, pois estava admirada e até chocada com a beleza daquela mulher. - Tudo bem?

- Sim... Eu estou bem, obrigada. - mexeu no cabelo um pouco sem graça e sorriu.

- Não tem de quê.

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