Capítulo XXXI - Aquela que Você Precisa Ser

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O pecado da inveja sentia-se um pouco envergonhada por ter chegado em sua terra natal depois de tanto tempo, mas apesar de tudo o que aconteceu, ela estava feliz por estar de volta. Canaã não tinha mudado nada, continuava a ser o mesmo vilarejo pacato e com pessoas simpáticas. Ally andou pela estrada, olhando para todos os lados. As tendas da feira mercantil e de comida estavam colocadas ao lado. Pessoas conversavam, riam, compravam mercadorias ou suprimentos para elas. Até disso tinha sentido falta.

- Ally? - o pecado parou de andar assim que ouviu uma voz conhecida por ela.

- Helena? - se virou e sorriu ao ver que se tratava de uma velha amiga. - Quanto tempo, estou tão feliz por vê-la. - se abraçaram.

- Por onde andou? Não tive notícias de você por anos.

- É uma longa história...

- Como você está? - separaram o abraço, olhando uma nos olhos da outra.

- Estou bem. - sorriu. - Depois de todo esse tempo, decidi voltar para proteger nosso vilarejo da guerra.

- Isso é muita gentileza, apesar de tudo... - Ally suspirou.

- Você sabe dos meus pais? Como eles estão?

- Continuam no mesmo lugar de sempre. Sabe, depois que você partiu, eles se afastaram de todos os amigos e dos festivais. - Ally ficou surpresa. - Se sentiram muito tristes, no fundo, eles se arrependeram de ter feito aquilo.

- Eu não esperava por isso... - abaixou o olhar. - Senti saudade deles todos os dias.

- Seus pais ficaram surpresos quando souberam que você fazia parte dos Sete Pecados Capitais. - sorriu. - Depois de terem visto tantos atos heroicos, o arrependimento aumentou ainda mais.

- Eu não tenho nenhum rancor deles, Helena, já se passaram dez anos. Eu quero muito conversar com eles e esclarecer tudo.

- Sempre tomando as decisões mais sábias. - sorriu. - Para ser sincera, se eu estivesse no seu lugar, não sei se eu conseguiria perdoá-los. Mas você é uma pessoa incrível como sempre foi.

- O perdão é o primeiro passo para iniciar a sua cura. Eu liberei a minha raiva já faz muito tempo. - Ally deu um meio sorriso. - Mas me conte... O que fez durante esses anos?

- Ah... - riu um pouco. - Aconteceu tanta coisa. Me acompanhe até a minha casa, vamos conversar tomando um chá.

- É uma ótima ideia.

Ally notou a pequena cesta que Helena carregava e presumiu que estava repleta de ervas e legumes, afinal, sua amiga sempre gostou. Caminharam conversando banalidades pelo vilarejo até chegarem à casa de Helena. Era simples. Feita de madeira, mas não deixava de ser aconchegante. O pecado olhou em volta e se sentou na mesa da cozinha enquanto Helena retirava as ervas de camomila da cesta para fazer o chá no fogão de lenha.

- Sua casa é incrível. - elogiou Ally.

- Obrigada. Meu marido e eu construímos juntos.

- Marido? Você se casou? Como ele se chama? - perguntou com os olhos arregalados, fazendo Helena rir.

- Sim, já faz alguns anos. Ele se chama Christoff - pegou um pouco de água do barril para esquentar na chaleira de ferro. - E tivemos dois filhos, um casal para ser específica.

- Não acredito... Onde eles estão?

- Saíram para o campo, devem voltar daqui um tempo.

Ally conversou bastante com Helena sobre o que tinha feito nos últimos anos. Ela se sentia em paz e livre, pois a mulher era sua amiga de infância. Não podia expressar em palavras o quanto tinha doído deixá-la para trás, mas agora estava de volta. A cada gargalhada devido as novidades e um gole de chá, Ally se sentia em casa cada vez mais.

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