Capitulo 31

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•Henry•

Por pura sorte, encontro um bar quilômetros depois da casa da Livia. Estaciono meu carro e entro no estabelecimento, que está cheio de velhos com suas cervejas e apenas uma mulher atendendo. É pequeno, mas pelo menos está vazio. A maioria dos homens estão sentados perto da bancada e as mesas não tem ninguém. Passo na bancada, pedindo um cerveja e vou para a mesa mais próxima da porta.

Olho meu celular e tem várias ligações, apenas apago e o coloco novamente no bolso. Começo a beber e lembro da briga com o David. Aquele cara é um filho da puta, eu nunca senti tanto ódio uma pessoa como eu sinto por ele. Certo, sinto também pelo Luke, mas a diferença é que ele nunca fez nada pra Livia, e o David sim. Eu estou na porra de um bar, com a cara toda fodida por causa de um merdinha e pensando em uma menina. Eu nunca fui de me importar com as pessoas ao meu redor, depois da perda que eu tive, pensei que iria ser mais sentimental. Mas isso não aconteceu. Eu me prendi, me fechei pro mundo e não consegui sentir amor por ninguém, nem por mim mesmo. Quando eu olhei para Livia, eu vi uma luz no fim do túnel. É impossível uma pessoa sentir algo só de ver uma pessoa, pelo menos eu achava que era, até conhecer ela. Não a amo, amar é uma palavra muito forte mas eu sei que sinto algo por ela, e eu estou lutando contra isso, com todas as minhas forças.

Preciso esquecê-la, preciso tirá-la do meu pensamento pelo menos por alguns minutos. E a única coisa que me faz esquecer o mundo é a bebida. Peço mais outra bebida e passo a tarde inteira bebendo mais e mais. Minha visão está escurecendo, e a atendente vem várias vezes perguntar se estou bem mas, claro que estou. Nunca fui fraco pra bebida, não é agora que ela vai me enfraquecer.
-"Senhor, acho melhor você parar de beber"- a mulher diz tirando o meu copo e a encaro.
-"Seu trabalho é pra atender as pessoas e não cuidar da vida delas"- eu digo e ela se ofende. Foda-se, quem mandou se meter. Ela sai e escuto ela gritando que não vai mais me atender.

Pego meu celular, para olhar o perfil da Livia e porra, com eu queria ter o número dela. Queria ligar nela e ouvir sua voz, saber se está bem. Aperto no Instagram mas logo aparece uma ligação, e vejo que é do Paul. Preciso dele pra ir para casa, não tenho condições de dirigir assim. Atendo a chamada de primeira.
-"O Nick está chamando a gente pra casa dele"- Paul diz e com o barulho ele já estranha -"Aonde você está, cara?"
-"Estou em um... bar"- sussurro e vejo tudo girando. Preciso sair daqui - "p-pode me buscar?"
-"Claro! Manda a localização"- ele diz com uma voz nervosa e já não consigo mais escutar direito, mas entendo o final. Desligo a chamada e mando pelo Whatsapp.

Minutos depois, a mulher manda eu sair do bar e diz que não quer mais que eu apareça aqui. Assim que eu saio, o Paul chega e eu entro em seu carro. Ele me olha assustado.
-"Que porra foi essa?"- ele grita pegando em meu rosto por conta da briga com o David.
-"Não é nada"- digo pegando na minha cabeça que está latejando - "e para de gritar, porra"
-"Cara, você está mal"- ele diz enquanto dirige e eu apenas reviro os olhos.
-"Vamos logo pra casa do Nick"
-"Está louco? Você vai desmaiar porra!"- ele grita e eu o encaro.
-"Vai me levar pra onde?"- murmuro e vejo tudo girar novamente -"preciso vomitar"
-"Que merda, Henry!"- ele grita abrindo a janela, parando o carro e eu vomito.

Porra, estou literalmente acabado. O que está acontecendo?
-"Vou te levar pro hospital"- ele diz e eu nego com a cabeça.
-"Não"- resmungo e ele me olha.
-"Pra onde então?"
-"Casa"- assim que eu digo isso, ele me encara mas não diz nada. Encosto minha cabeça e fecho os olhos para pelo menos disfarçar quando chegar em casa. A última coisa que preciso é de uma briga com meu pai.

Paul passa na farmácia e compra um remédio para aliviar o mal estar e eu tomo. Bebo uma água e a dor em minha cabeça diminui um pouco, fazendo com que a gente vá logo para casa. Preciso de um banho e dormir, apenas isso. Vejo o relógio e já são sete horas. Meu pai já está em casa e tenho certeza que vai fazer um interrogatório.

Do abismo à luzOnde histórias criam vida. Descubra agora