Cap. 02: Erro

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Aquilo era um erro. Só que não me importava, não era certo, deixar algo tão incrível ter a vida interrompida daquela maneira. Não permitiria. O destino era cruel e a vida injusta, ambos estavam roubando experiências e sonhos do anjo.

E, eu não deixaria isso acontecer, ela teria sua segunda chance.

-D

A tempestade ainda está caindo, pode se ouvir um trovão, e logo o céu é iluminado por um clarão. O homem ruivo sai do rio com a garota nos braços, se sentindo vitorioso. Ele a observa desacordada em seus braços longos. E não consegue conter seu sorriso de satisfação.

A testa dela está suja de lama e sangue, assim como suas roupas. Ela parece ter desistido de lutar, e isso é bom. Se ela não quer mais lutar é porque já está fraca o suficiente para não fazer barulho.

Os olhos da garota se entreabre, provavelmente tentando uma última vez conseguir identificar seu assassino. Só que ela apenas choraminga e se encolhe, ora por medo, ora por dor, ou por conta do frio. Nunca saberia dizer. Ela claramente está atordoada, e sua mente luta para tentar entender o que está acontecendo.

O homem a deita sem nenhum cuidado nas margens do rio. Seus olhos percorrem o corpo da garota, o sangue dela cheira e o enlouquece. O caçador olha para sua presa frágil, sua mão se move na altura de seu pescoço para afastar os cabelos molhados.

O coração dela bate forte no peito, ele fecha os olhos com um sorriso no rosto, ela era do tipo que dava trabalho. E isso foi bom, pois havia um tempo em que ele caçava e suas presas logo se entregavam a ele sem nem mesmo querer lutar pela vida.

Ele aperta a mão dela, e dessa vez nada acontece, nenhuma reclamação. O corte em seu antebraço por conta das árvores, das pedras do rio e por conta dos dentes dele, o gosto do sangue dela ainda está fresco em sua boca, o caçador se inclina sobre a moça sabendo que desta vez ela não consegue mais fugir.

Se Pandora abrisse os olhos novamente poderia de algum modo se lembrar do rosto de seu assassino, mas, ela não conseguia mais, estava muito fraca, e tentar abrir os olhos parecia ser muito trabalhoso.

Os lábios gelados do ruivo encostam no pescoço dela e então os dentes avisados rasgam a carne dela, e o sangue invade a boca do caçador, outro trovão rompe nos céus, e desta vez quando ele morde mais uma vez seu pescoço um grito agudo escapou de seus lábios.

Não demora muito para que o corpo da garota comece a pegar fogo. E que ela sinta toda a energia começar a escapar dela...

E, quando tudo parece ser o fim, um barulho das águas do rio batendo contra as pedras parece se agitar, o caçador está tão concentrado em Pandora que nem nota que mãos ágeis o puxaram de cima de sua conquista.

O arrancando e o lançando para longe. Os dois homens se encaram uma luta se trava, o som que os dois fazem parecer como dois animais lutando por sua caça. Duas feras, dois monstros.

Antes mesmo que o homem com a estaca na mão conseguisse agir, o ruivo se jogou encima dele.

Enquanto os dois lutavam, um a fim de salvar a pobre menina, e o outro tentando se livrar daquele intruso e voltar para sua refeição.

Pandora travava sua própria batalha interior, entre a vida e a morte. De algum modo, ela se manteve forte até que o moreno travasse a estaca no peito do ruivo, e afundasse a madeira no coração dele.

O sangue escapa pelos lábios do caçador, seus olhos se arregalaram e mesmo estando próximo do fim de sua existência ele acha forças para provocar o salvador de Pandora.

– Chegou meio tarde. – Ele se inclina para frente, cai de joelhos com o sorriso mesquinho no rosto. – Ela, hum, já não tem tanto tempo... Já era.

Então o moreno crava mais fundo a estaca que desliza para dentro do peito do caçador, empurrou o ruivo deixando com que ele caísse no chão de maneira brusca. Era o fim dele.

Quando se aproximou de Pandora deitada no chão, se retorcendo por conta da dor e por conta da queimação que agora provavelmente estaria passeando por toda a sua corrente sanguínea, escutou o coração dela batendo bem baixinho.

– O que eu faço com você? – suspirou, sua voz saiu tão baixa que ele nem a reconheceu.

Havia uma mordida em seu pescoço e duas no seu antebraço, com delicadeza ele tocou a mordida do braço dela, e os olhos dela se abriram só que não focaram nele. Ele sabia disso, ela não iria conseguir focar seus olhos nele, porque perderá muito sangue.

– Você está... Consegue me ouvir? O que está sentido?

A voz dele tinha um sotaque carregado que ela não conhecia. Mesmo assim ela queria que ele falasse, de algum modo Pandora soube que o seu agressor já não estava perto dela.

Só que ela ainda não estava a salvo. Agora, ela sentia a sede arranhar ainda mais sua garganta.

– Está com sede, não é mesmo?

O rapaz se aproxima mais dela, com cuidado levante sua cabeça e atrás para perto de si.

– Acho que você não vai conseguir me responder.

A gélida mão dele tocou o ombro dela, fazendo que o corpo dela tremia em resposta, a chuva não estava ajudando muito, mas pelo menos não teria testemunhas, para aquilo que ele estava prestes a fazer. Ele afasta o tecido todo molhado dela deixando a pele dela exposta. Antes de agir, ele analisa uma última vez as mordidas no pescoço dela.

– Isso não é bom e vai doer. Mas, não vou te deixar morrer.

O homem se inclinou, aproximando sua boca do ouvido da garota para lhe dizer a última informação, antes de realmente salvá-la.

– Você não vai se lembrar disso, prometo.

E, então, ele morde o ombro dela para colocar um fim naquilo e para livrá-la daquele destino. O dente dele rasga a pele dela, mas a única coisa que Pandora faz é se agarrar a ele. Suas mãos segura os ombros dele, e de início ele acha que ela está tentando se segurar nele, mas na verdade ela queria se livrar dele. Se livrar dos dentes dele.

Não demora muito para que o corpo da garota comece a pegar fogo. O seu corpo já estava lutando contra o veneno que corria sobre suas veias, a queimação e a ardência estava a enlouquecendo e talvez fosse por isso que ela não ousou gritar dessa vez.

O aperto das mãos dela nos ombros dele foi diminuindo, e ele afastou os lábios da pele dela. Limpou a boca com a mão livre, a pegou no colo a tirando daquele lugar. Ele a deixaria em um lugar seguro por ora.

Mesmo que ele quisesse não conseguiria livrá-la da dor da queimação. Isso era algo que Pandora teria de enfrentar sozinha.


 Isso era algo que Pandora teria de enfrentar sozinha

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