Cap. 04: Desejo de Sangue

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''O desejo pode ser prazeroso até deixar de ser.''

-D

Frustração

Era isso que estava sentindo enquanto, sem sucesso, encarava o corpo sem vida do pescador largado no chão. Ainda sentia fome, um desejo insaciável invadia minha mente, e dominava todo o meu ser.

Claramente precisava de mais.

Foi prazeroso sentir aquele líquido vermelho quente e doce na minha boca, por mais que o gosto de álcool fosse bem marcante. Queria sentir de novo aquela sensação prazerosa, só que desta vez sem o gosto marcante da bebida.

Aquele pobre pescador, teve o azar de cortar a mão justamente na minha presença. Meu olhar recai em seu corpo na minha frente, seu olhar era vazio, e a expressão em seu rosto era de quem tinha acabado de se deparar com uma assombração. O que provavelmente não seria mentira.

O pescoço dele está bem machucado, suspiro e fecho meus olhos. Qualquer um que o visse daquele jeito juraria que o coitado tinha sido atacado por algum...

Animal. 

 Penso na forma em que poderia me livrar do corpo dele, tinha que esconder aquilo a qualquer custo.Um arrepio percorre minha espinha, estou me sentindo uma criança que quebra algo da mãe e fica pensando em uma forma de esconder antes que seja pega no flagra.

Não tive muitas ideias, e procurei nas suas coisas e só havia a faca, e uma corda.

O que eu poderia fazer?

Qual seria a história que eu iria criar?

Poderia amarrá-lo em uma das árvores, deixar que pensasse que ele se matou... Eu não o conhecia, não sabia quem ele era.

Talvez, seja por isso, que não estou me abominando pela situação.

Pelo menos, não ainda.

Com poucas opções, ou melhor, sem muitas ideias, decidi finalmente amarrar a corda na árvore e no pescoço do homem.

Observo atentamente ao meu redor, escolho a árvore, amarro a corda usando o nó que aprendi com meu pai quando criança, envolvo-a em torno do pescoço dele e contemplo a marca que deixei.

Faço uma careta, mordo os lábios, a sede volta a me atormentar, uma sensação pior que a fome.

Engulo em seco e meu olhar cai sobre a faca, ainda no mesmo lugar onde os peixes estavam no cesto para serem tratados...

Pensa, Pandora! Pensa...

Franzo minha testa, isso é uma loucura, suspiro ainda frustrada. De repente, uma nova ideia surge em minha mente, e ela revira meu estômago.

Mas, não há alternativa, preciso seguir adiante com isso. Então, pego a faca e cuido da marca que fiz em seu pescoço, preparando a cena. Em seguida, afastei-me das margens do rio e adentrei na floresta, seguindo na direção oposta de casa.

Naquela época, não sabia o quanto sentiria falta de casa.

Eu estava em uma corrida tranquila, escolhendo o caminho que já havia percorrido antes, a velocidade em que eu corria me deixava animada, isso era novo, e isso é incrível.

Mesmo morta me senti mais viva do que nunca.

Olho ao redor, tudo parece estar diferente e nítido. Consigo escutar o som dos animais ao redor, as folhas das árvores estão mais vivas, tudo ao meu redor parece estar mais vivo.

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⏰ Última atualização: Jun 24 ⏰

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