Cap.03: IMORTALIDADE

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 "Após séculos, finalmente compreendi o propósito da minha existência."

-D

Achava que estava morta, isso seria melhor do que a dor que estou sentindo agora. Qualquer coisa seria melhor do que isso.

Não sei explicar a dor é insuportável, ardência, sede, o pior de tudo era o calor, não era comum.

Aquele calor era diferente, era como se eu estivesse dentro de uma fogueira, sendo queimada de dentro para fora,- queimava mesmo estando viva.- enquanto isso acontecia, as minhas memórias eram passadas, uma a uma, os rostos dos meus familiares, o cheiro do café da minha avó, a canção que eu gostava, tudo numa velocidade na qual eu estava começando a me acostumar, era como se meu corpo estivesse sendo moldado, não só meu corpo, como minha mente.

Eu estava sendo queimada de dentro para fora da mesma forma que um dia as bruxas de salém foram queimadas.

A ardência e a queimação.

Meu corpo todo doía, não consegui saber da onde a dor vinha, só sabia que ela estava por toda parte. O meu pescoço ardia, meu braço parecia ter sido rasgado, a dor era atordoante.

Eu estava enlouquecendo. Ardência e queimação, eram como uma só, eram uma só agonia.

Tentei rejeitar a dor, meu corpo tenta expulsar seja o que fosse de mim.Só que eu era puxada para aquela dor atordoante, sugada para agonia.

Repetidas vezes eu fui abraçada por uma escuridão, então me esforçava para abrir meus olhos, mas não pude enxergar nada. Era tudo escuro.

A escuridão me abraçava, enquanto meu ouvido zunia. Eu queria me livrar daquele calor, queria me livrar da queimação...

Então algo aconteceu. A queimação cessou por segundos, ou talvez por um minuto. Antes de eu sentir algo rasgando a minha pele, era o meu ombro, senti algo arrancando. Rompendo. Quebrando.

Tento me agarrar em algo, busco algo para me apoiar. E sinto novamente a dor atordoante, um zunido, e uma explosão. Quero gritar, e pedir para que isso pare.

Sinto um vento frio contra a minha orelha, acho que estou começando a perder minha consciência, mas continuo me agarrando, preciso viver.

Eu quero...

A onda de dor volta de novo, e dessa vez é mais forte. A explosão da queimação corre por todo o meu corpo e quero me contorcer, quero gritar.

Parar!

Só que eu não tenho forças para reclamar, deixo que a ardência e a explosão me inunde. Deixo que elas vençam, desisto de buscar forças, e paro de me agarrar. Me rendo, não por não querer mais lutar, e sim porque é mais fácil.

Quando paro de resistir, a dor parece aliviar.

E, é algo diferente acontece, algo curioso, muito curioso. A dor me rompendo, me quebrando de dentro para fora, e depois um alívio me inunda.

O alívio e a dor começam a entrar em uma sintonia desconcertante. Isso me parece bom, e a dor começa a ser gostosa. Mas, a queimação ainda está aqui.

Ainda sinto o fogo.

Minha mente vaga em algumas lembranças, momentos felizes. A morte deve estar próxima.

As lembranças me levam para a minha infância, e depois ao meu amigo. Allan.

Somos crianças novamente, e estamos pescando juntos, em outro momento, estamos jovens, e então vejo nossas brincadeiras, nossas piadas, e em questão de segundos... Tudo some.

Vida Imortal - Saga O Império ImortalOnde histórias criam vida. Descubra agora