Outubro chegou e, finalmente, a primavera resolveu dar o ar da graça. O tempo esquentou, os dias ficaram um pouco mais longos, salpicados por chuvas algumas vezes por semana, mas fazia sol na maior parte do tempo. As redes de televisão apresentavam previsões de tempo otimistas para o feriadão do dia 12 de outubro, o que era bem conveniente diante do convite que Téo e Noah fizeram no primeiro dia daquele mês, que caiu justamente numa quinta-feira.
- Quatro dias na praia! Estou falando de sol, mar, cerveja e churrasco. A casa tá garantida, na faixa, toda equipada, só precisamos levar o que formos consumir. E aí, o que me dizem? - Téo estava tão animado fazendo o convite que parecia que seus olhos iam saltar do globo ocular a qualquer momento.
Desde que nos conhecemos, ouvíamos histórias sobre a mística casa de praia da família do Téo, que ficava a apenas algumas horas de carro, numa faixa mais deserta do litoral. Ele dizia que era uma casa grande, bem na beira do mar, num condomínio fechado e seguro, de poucas casas. Ele contava histórias sobre o tanto que já tinha aprontado por lá com Noah na época da escola e da faculdade e dizia que um dia nos convidaria para ir até lá, mas esse dia nunca chegava porque a casa sempre estava alugada em feriados longos ou em meses de férias escolares. Naquele feriadão, especificamente, a pessoa que tinha reservado a casa desistiu de última hora e não deu tempo de outra pessoa alugar – para nossa sorte.
Quando ele anunciou que a casa estava disponível em outubro, todos ficamos animados e eufóricos – afinal, quem não adoraria receber um convite para passar um feriadão à beira do mar, sem maiores preocupações, na companhia de alguns bons amigos? Apesar disso, não pude deixar de pensar, como imagino que todos também pensaram, que o convite não veio na melhor hora possível. Olhei para Ariel, sentado na outra extremidade da mesa, o mais distante possível de mim, com um sorriso confuso enquanto ouvia os plano mirabolantes do Benji para o final de semana prolongado.
O moreno passou por diversas fases depois do nosso término. Primeiro, ele me ignorava completamente, nem olhava na minha direção se estivéssemos no mesmo ambiente, evitava até tecer comentários sobre qualquer coisa que eu dissesse. Depois, ele tentou uma reaproximação, tentando trocar algumas palavras comigo quando nos víamos ou mesmo no grupo do whatsapp, mas era claro seu desconforto, então não foi surpresa quando ele voltou a se distanciar, discreta porém certamente. Não ao ponto de não me responder quando eu falava, como no começo, mas dificilmente iniciava alguma forma de contato.
Depois voltei os olhos para Sebá, que estava sentado entre Benji e o melhor amigo. Tudo indicava que o ruivo já ia tirar o gesso na segunda-feira seguinte; logo, o loiro não teria mais desculpas para continuar morando com o baixinho. Pelas poucas vezes que conversei com o Benji sobre o assunto, eles não pareciam ter se reconciliado naquele período.
Naquela fase que estávamos vivendo, Noah e Téo eram o que estava nos mantendo unidos, o motivo de nos encontrarmos religiosamente todas as quintas-feiras, mesmo quando o clima ficava meio esquisito. Olhei para os dois, abraçados ao meu lado com sorrisos gêmeos enquanto o mais alto falava sobre a casa, e imaginei que devia ser estranho pra eles também, bem no momento em que eles estavam vivendo uma de suas fases mais felizes, planejando o casamento, nós estávamos caindo aos pedaços.
No final da tarde do dia 09 de outubro, uma sexta-feira, nós começamos a nos arrumar para ir pro litoral. Noah e Téo conseguiram folga naquele dia, então já tinham ido na noite anterior para deixar a casa pronta e arrumada, levaram algumas coisas extras, como roupas de cama, toalhas, panelas, e também se encarregaram de fazer as compras de comida e bebida para o final de semana.
Eu fui designado motorista da rodada, porque entre os quatro restantes só eu e Sebá tínhamos carro e o dele era uma bela porcaria, que ele nunca me ouvisse falando isso. Assim, eu saí do trabalho por volta de cinco horas da tarde e fui direto buscar o Benji em casa, pois ele que morava mais próximo da agência, em seguida peguei Ariel na redação e, por fim, Sebá, que morava mais afastado da zona sul.
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Amigos, Benefícios e Shampoo de Eucalipto
Romance[Finalizado] Lúcio e Ariel se conheceram num bar e tiveram uma noite intensa e inesquecível. Para Lúcio, um cafajeste assumido de 29 anos, não passava daquilo; mas para Ariel, um garoto romântico e sonhador de 25 anos, aquele era o início de uma gra...