3° Capítulo - Interrogatório

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11 de Abril de 2015

Alice Ballard

Começava a anoitecer, Ronan dormia no meu colo e todas as outras crianças que estavam naquele playground já tinham ido embora com seus pais.

Olhava preocupada para ver se o Sr. Vance estava chegando, ou acabaria levando o garotinho para a casa, começava a ventar frio e ficava completamente deserto e escuro aquela parte da praça onde estávamos.

Respirei aliviada ao ver o carro dele se aproximar, me levantei segurando Ronan no colo e seguindo direção ao carro. Oliver desceu afrouxando o nó da gravata e sorrindo ao me ver com seu filho no colo:

— Ele dormiu?

— Sim. Ele brincou muito e estava exausto.

Conferiu as horas naquele relógio de pulso e solta uma respiração pesada:

— Sempre me atraso em reuniões, mas trabalho em outra cidade então fica difícil chegar nos horários combinados. — Ele abre a porta do banco de trás e me fita — Acomoda ele por favor.

Concordo colocando o garotinho deitado, estava exausto e dormia como uma pedra, ele era assim, elétrico quase o tempo todo, aí do nada deitava e dormia em qualquer lugar.

Coloco-o no banco de trás e após colocar o sinto de segurança, fico sem graça com o olhar do Sr. Vince em mim. Ele sorrir voltando o olhar no filho:

— Ele gosta muito de você.

— Eu também gosto bastante dele, é uma criança adorável. Confesso que é o que mais gosto de olhar.

Um vento forte fez algumas mechas do meu cabelo irem de encontro ao meu rosto, Oliver se aproxima tirando aquela mecha dos meus lábios e fitando os olhos castanhos em mim:

— Ele te deu muito trabalho?

Me afastei o que me fez encostar as costas no carro. Descordei e peguei meu celular no meu bolso conferindo as horas:

— Preciso ir, tenho que fazer um trabalho da escola que é para entregar amanhã e...

Sorriu como quem não acreditava, se aproximou mais de mim o que ficou um pouco sufocante:

— Até quando vai ficar fazendo esse joguinho?

O encarei confusa.

Sorriu balançando a cabeça:

— Para Alice. Não tem ninguém aqui nos olhando. Esse papel de mocinha ingênua não lhe cai bem.

Pisco algumas vezes desconfortável com a situação e a forma invasiva que está se aproximando de mim:

— Eu... — Segura meu queixo me forçando a encara-lo:

— Acha que eu não percebo seus olhares? Sei que trata o Ronan dessa forma porque na verdade quer chamar a minha atenção.

Ergo as sobrancelhas atônita:

— Eu sou babá dele.

Solta uma respiração de desaprovação:

— Para de fingir que é uma boa moça. Fica o tempo todo insinuando pra mim. — Tenta me beijar, acerto um tapa na face dele que no mesmo instante coloca a mão. Engulo em seco assustada com minha reação, mas foi automática. Ele sorrir — O que foi? O que você quer? Me deixa excitado e fica fazendo doce? Que merda você tem na cabeça garota?!

— Eu tenho dezessete anos. Eu sou a babá do seu filho e só isso, não sei o que você vê, mas eu não quero você, tenho respeito pelo Ronan, pela Jhenna.

Roteiro da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora