CAPÍTULO 3

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Cheguei em casa deixando minha mochila em cima do sofá, de lá vi meu pai e o Pedrinho na cozinha abrindo uma marmita enquanto minha mãe fumava na varanda.

— Iai? Como foi lá? — meu pai perguntou todo empolgado.

— Foi bem legal, pai. O colégio é lindo e os professores muito bons — falei indo direto pra cozinha.

Minha barriga roncava e minha boca salivava só de sentir o cheiro da comida.

Passei pelo Pedrinho que estava sentado e bagunçei seus cabelos, o mesmo murmurou enquanto almoçava.

— Fui até convidada pra uma festa hoje.

Peguei minha marmita que o pai tinha deixado pra mim e coloquei no prato.

— Mas lógico que você não vai, não tem roupa — minha mãe falou observando a rua com o cigarro entre seus dedos.

— Deixa a menina Débora, se ela quiser ir pode ir. Começo do ano tem que se enturmar com os colegas, isso é bom.

— Ensina mesmo teus filhos serem um merda igual a você  — ela falou e saiu batendo a porta.

Minha a muito tempo parecia que não gostava do meu pai. Eles viviam brigando, acho que ela acha que nossa situação toda era culpa dele.

Meu pai fez um sinal com a cabeça indicando pra eu não ligar, mas essa situação era orrivel.

— Hoje ela bebeu um litro de álcool com açúcar escondido no banheiro — antes que pudesse falar algo ele me cortou — Ela achou no vizinho.

Quando meu pai falou isso senti uma tristeza tão grande que até minha fome passou.

Logo lembrei do cartão da Joyce, eu iria ligar hoje mesmo.

Eu ia tirar minha família dessa situação.

(...)

Eu tinha arrumando a casa inteira e tinha escondido todas as bebidas que continham álcool. Depois fiz todas as atividades.

Meu celular tocou enquanto eu brincava de carrinho com o Pedrinho.

- Alô? Quem é — atendi vendo que era número desconhecido.

- Joyce do colégio - ouvi a risada dela - Complicado te ligar hen. Tentei mandar mensagem mas não foi.

- Meu celular não tem aplicativo de mensagens.

-Ah - ficou em silêncio alguns segundos - Tá ocupado agora de tarde? Queria que você fosse no shopping comigo - eu ia falar que não dava pra ir mas a mesma me cortou - Eu passo na sua casa e te pego, tá bom?  Até daqui a pouco.

Joyce desligou me deixando com cara de taxo.

— Vai sair, Mel? — Pedrinho me perguntou enquanto puxava seu carinho de um lado pro outro.

— Sim, vou ter que te deixar com papai lá em baixo, ta? — ele afirmou com a cabeça.

Deixei o Pedrinho com o papai que trabalhava como ajudante reformando uma casa lá em baixo.

Tomei um banho rápido e vesti o primeiro vestido que vi pela frete.

Um carro buzinou várias vezes lá em baixo. Era a Joyce.

Quando sai dei de cara com um carro luxuoso vermelho.

Joyce estava no banco de trás e assim que me viu deu um sinal com a mão.

Fui até ela mas antes que eu chegasse perto do carro saiu um moço muito bem vestido e abriu a porta do carro pra mim.

— Obrigada — não sabia como agir, então apenas entrei.

— Nossa, que carrão, hen. — falei sentindo o cheiro da Joyce e friozinho do ar condicionado.

— Meu pai tem dinheiro — ela riu convencida.

Fiquei quieta durante toda a viagem enquanto a Joyce mexia no seu celular de última geração.

Não demorou muito e chegamos no shoping.

De cara a Joyce entrou em uma loja em um vestido custava dois mil reais. Sim, dois mil reais. Minha boca foi no chão e voltou.

Fomos atendidas pro uma moça alta que vestia Jens e a blusa da loja. A Joyce fez vários pedidos e a moça buscou.

— E esse? — falou enquanto se olhava no grande espelho da loja.

Ela tinha um corpo de dar inveja, e lógico que o vestido ficou muito lindo.

— Aí, acho que não gostei. Acho que vou em outra loja.

— Tá certo — a moça falou com um longo sorriso no rosto.

Fomos em várias e várias lojas. A Joyce tinha comprado várias jóias, vestidos, saltos, blusas, bolsas  entre várias outras coisas.

— Você vai hoje? — me perguntou enquanto calçava um salto preto— Tem vermelho?  — a vendedora assentiu

— Vou lá buscar e já volto — falou saindo.

— Acho que não — não queria dizer que não tinha uma roupa pra ir.

— Não tem roupa né? Aqui, toma de presente — ela me entregou três sacolas.

Não soube nem o que dizer.

— Sério? Pra mim? — ela assentiu

Abri as sacolas vendo que tinha um salto lindo, uma bolsa e um conjunto rosa com brilhos.

Meus olhos brilharam, nunca tive nada disso.

— Eu sei que sou uma anja — falou convencida — Eu vou com aquele salto vermelho e essa roupa preta aqui — ela me mostrou um conjunto de saia brilhante e uma blusinha preta transparente nas mangas — E essa bolsa maravilhosa.

A Joyce apesar de ser rica e um pouco mimada, ela era muito gente boa.

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