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🦋▫️VANESSA▫️🦋

Saio de dentro do meu prédio e vejo o carro do meu irmão estacionando na frente do meu prédio. Um enorme sorriso cresce em meus lábios e eu me ponho a andar rapidamente em sua direção.

- Drew, que saudade!

Abro os braços assim que meu irmão sai do carro. Pulo em seus braços, rodeio os mesmo em seu pescoço e ouço sua risada rouca perto do meu ouvido quando ele da alguns passos para trás pelo choque dos nossos corpos. Ele rodeia os braços em minha cintura e me aperta contra seu corpo enquanto me mantinha erguida no ar.

- Oi, princesa. - sua voz sai abafada e divertida como sempre.

Drew me solta e eu me afasto o suficiente para olhar em seu rosto, deslizo minhas mãos por seus braços desnudos pela camiseta preta que usava e esboço um sorriso ao ver seus cabelos cacheados bagunçados.

Drew era uma versão masculinizada minha. A única diferença de mim, é que ele obviamente tinha traços masculinos, uma barba bem feita e curta, cabelos cacheados que na maioria das vezes estavam perfeitamente alinhados com gel mas dessa vez estavam bagunçados, sua pele era um pouco mais clara que a minha e claro, a sua altura. Drew deveria ter 1,80 no máximo e eu tinha meus tão adoráveis 1,78,dois gigantes.

- Você andou malhando? - pergunto e ele ri afirmando com a cabeça.

Rodeio meus braços por sua cintura e o abraço novamente. Consigo sentir ainda mais o seu perfume quando ele passa os braços por meus ombros e me aperta contra seu corpo a ponto de me sufocar.

Drew finalmente havia voltado para a nossa cidade depois de quase um ano longe de mim.

- Eu senti tanto a sua falta. - enquanto eu falava, um enorme sorriso me acompanhava esticando meus lábios o máximo que podia.

- Eu também senti a sua falta. - leva sua mão até meu cabelo e o bagunça arrancando um resmungo de desaprovação de mim.

- Onde está a minha cunhada favorita e o meu sobrinho que eu ainda não conheci? - pergunto olhando em direção ao seu carro e franzo o cenho confusa.

- A Elisa levou o David para conhecer uma das amigas dela. - coça a nuca sem jeito - Infelizmente, você só vai conhecer o David outro dia.

- Poxa, pela foto que você me mandou ele parece estar enorme. - meus ombros caem em decepção.

- Sua hora vai chegar, dona Vanessa. - suas mãos pousam sobre meus ombros e eu não consigo evitar um sorriso.

- Vamos entrar? Aqui está muito calor. - olho para o céu azul e meu irmão afirma com a cabeça.

Nós entramos em meu prédio que parecia que a qualquer momento iria desmoronar. Eu morava em um prédio um tanto quanto velho, não havia elevador ou essas coisas que prédios mais novos tinham. As escadas eram de madeira e rangem quando você pisa em uma parte especial. O corrimão está velho e rachado. Os detalhes de ferro, enferrujados. O reboco da parede caindo.

O que eu podia fazer? Esse apartamento alugado era o único que estava dentro do meu orçamento que era um tanto quanto curto.

- Você deveria mudar de apartamento. - Drew diz torcendo o nariz analisando as paredes assim que paramos na frente da porta do meu apartamento.

- Eu não sou tão bem sucedida como você. - brinco abrindo a porta dando espaço para que ele entre, assim que entro, fecho a porta e Drew se joga no sofá.

- Você mora aqui porque quer. Eu já disse que posso te emprestar uma grana para você dar de entrada em um apartamento melhor ou em uma casa. - fala esparramado no sofá e eu reviro os olhos. - Vanessa, você tem que ver o David tentando conversar comigo. - Drew diz animado depois de vários minutos de conversa furada - Ele parece que me entende enquanto assistimos futebol americano juntos... - um sorriso bobo cresce em seus lábios.

- Ele está com quantos meses?

- Ele vai completar sete em duas semanas. - seus olhos castanhos brilham.

- Céus, quando você e a Elisa foram viajar ela estava grávida de sete meses, estou certa?

- Uhum. - afirma com a cabeça.

- Vocês realmente ficaram muitos meses fora. - arregalo levemente os olhos arrancando uma risada baixa do meu irmão - Você está... Feliz com tudo isso?

Drew franze o cenho e aperta os lábios como se eu tivesse feito a pergunta mais absurda da face da terra.

- É claro David se tornou o meu mundo quando ele nasceu... - a voz de Drew é carregada com tanto amor que faz meu coração aquecer - Eu nunca estive tão feliz em toda a minha vida.

- Eu fico feliz em ouvir isso... Sério, de verdade. - pouso minha mão sobre seu rosto e o acaricio.

Drew e eu ficamos em silêncio por alguns segundos encarando o teto e ele suspira pesadamente.

- Queria que a mamãe e o papai estivessem aqui para ver tudo o que conquistamos.

- Eles estariam orgulhosos de você. - viro meu pescoço em sua direção e esboço um pequeno sorriso - Você conquistou tanta coisa foda, a mamãe iria amar ficar esfregando na cara das amigas da igreja. - mexo com as mãos e a risada de meu irmão chega a meus ouvidos.

- Ela iria mesmo... Eles também estariam orgulhosos de você.

- Uh, acho que não. - entorto a boca.

- O papai eu tenho certeza que estaria porque você está fazendo o que ele fazia. - diz por fim e ficamos em silêncio por alguns minutos.

- Sinto falta deles. - murmuro e Drew afirma com a cabeça.

- É, eu também.

Pisco demoraram e por fim entramos em outro assunto. Ele começa a contar sobre a viagem que durou quase um ano por todo o país. Drew contava fazendo entonações de voz diferentes a cada fala.

Ficamos ali até pelo menos três horas até que Elisa o liga por vídeo chamada para confirmar se eles iriam no restaurante favorito dele hoje a noite pois ela iria chamar uma babá.

Pela chamada, eu troco algumas palavras com a minha cunhada e via os olhos azuis dela brilhando sempre que eu tocava no nome de David. Eu de fato estava ansiosa para conhecer esse bebê.

Quando Drew sai do meu apartamento. Eu sinto uma necessidade de o abraçar como nunca antes, eu disse o quanto o amava e isso soou como uma despedida a ponto de ele fazer uma piadinha: "até parece que nunca mais vai me ver".

Antes de entrar no carro, ele disse:

- Eu te amo até o fim do universo.

E lançou aquele sorriso divertido em minha direção junto com um beijo no ar.

E de fato, eu não sabia que aquela era a última vez que o veria. A última vez que eu sentia o calor do seu abraço. A última vez que eu sentia seu cheiro tão conhecido. A última vez que ouvia a sua risada e via seus olhos idênticos aos meus mas ao mesmo tempo tão diferentes. A última vez que eu ouvia uma piada. A última vez que eu dizia que o amava.

A última vez que eu via a minha alma gêmea.

Querido DavidOnde histórias criam vida. Descubra agora