Na semana seguinte Jacob e Ryan seguiram para Palencia. Ryan estava consciente, mas ainda introspectivo, sem querer conversar. A viagem de pouco mais de 2 horas, devido aos inúmeros bloqueios na estrada, estava sendo extremamente entediante. Jacob parou em um posto para abastecer usando alguns dos dólares que havia roubado em CaveDown e no vilarejo. Jacob olhou para o céu, era um lindo dia de verão, os raios de sol bateram em seu rosto, fazendo-o lamentar o dia que saiu da Califórnia.
- Gostaria de surfar. – Pensou alto.
- Gostaria de ter braços. – Ryan ponderou, ranzinza.
Jacob sabia que perder uma orelha não era nada ante a perder os braços e se compadeceu.
- Logo terá novos braços irmão!
- Porque não me deixou morrer?
- Ryan! Não seja assim, tenho feito de tudo por ti.
- Desde que JacksonVille foi atacada, temos feito coisas que não me orgulho. - Disse Ryan, envergonhado.
- Estamos tentando sobreviver, o mundo não é mais o mesmo. – Jacob segurava nos ombros de Ryan.
- Sobreviver? Não consigo nem limpar minha bunda! – Bradou enquanto se desvencilhava, chacoalhando o corpo.
- Logo poderá. Vamos sobreviver! - Jacob soou otimista.
- Será que este é um mundo do qual valha a pena viver, ter filhos?
- Vamos conseguir seus braços e depois pensar nisso, ok?
Ryan deu o silêncio como resposta. Era claro que ele também se arrependia de ter abandonado a Califórnia, tudo parecia ter desmoronado depois disso. A jornada não se estendeu muito após a parada no posto.
Palencia era a maior cidade não federativa da região, porém ela não era muito maior que Armstrong. Ela ficava no meio de um vale com apenas uma estrada não pavimentada dando acesso a ela, o que fazia dela uma cidade protegida naturalmente.
Entrar na cidade não era complicado, nenhuma proteção, nenhum guarda ou sentinela. Jacob se mantinha alerta. Ele sabia que esse tipo de lugar era o preferido de tipos como ele, ou piores. O sol estava violento, o que na mente de Jacob anunciava o meio dia. Seu estoque de comida já estava para acabar. Nas ruas nada se via. Ninguém transitava. Seria difícil achar o Dr. Norman sem perguntar a alguém. De repente, Jacob viu algo que o animou, um vulto feminino em uma janela. Ela provavelmente ficara curiosa ao ouvir o barulho do carro e fora checar. Jacob diminuiu a velocidade e parou próximo a casa, pegou as armas e saltou do carro. Ryan dormitava no banco de trás.
Jacob tentou bater na porta algumas vezes, mas ninguém respondeu. Ele checou todas as janelas baixas, porém assim como a porta, estavam trancadas. Jacob era um exímio arrombador, mas a luz do sol o inibia de tentar algo tão explicito. Analisou a casa por alguns instantes e julgou valido tentar as janelas mais altas, começou uma escalada pela lateral da casa, onde estava encoberto pelas sombras. Ele tinha razão a janela estava aberta. Entrou cuidadosamente agachado, mas assim que pisou na casa foi recebido com os canos de uma doze na têmpora. Uma bela jovem era quem lhe apontava a arma. Apesar de bonita estava muito maltratada. Alva como a neve, olhos verdes, cabelos lisos e negros, presos em rabo de cavalo. 1,71cm de altura, magra. Estava vestida com roupa masculina, tirando qualquer traço feminino de sua aparência física.
- Verme imundo! – Rosnou.
- Calma, garota! Não é o que parece.
- E o que parece? - Questionou empurrando a arma contra ele.
- Não sou um ladrão! – Mentiu.
- Então o que faz aqui?
- Eu achei que não havia ninguém na casa. Preciso de mantimento para meu irmão deficiente.
- Todas as casas aqui têm dono! Aqui não é lugar para ladrão!
- Posso pagar!
- Seu dinheiro aqui nada vale.
- Posso pagar em moedas federativas.
- Mostre.
Jacob se movimentou lentamente a fim de pegar o saco de moedas que carregava e o exibiu. Ela olhou fixamente. Jacob aproveitou o momento para segurar a arma dela pelo cano tirando-a de sua frente. A garota tentou disparar, mas a arma estava travada. Em um giro Jacob conseguiu lançar ela ao chão mantendo consigo a arma.
- Bela arma, eu diria. – Sorriu sarcasticamente.
- Leve o que quiser, mas me deixe em paz. – Suplicou a moça.
- Vejo que mudou o discurso. Porém se sua preocupação é se vou lhe estuprar, fique tranqüila, não sou este tipo de gente. – A medida que falava ia se aproximando. – De qualquer forma gostaria de uma informação.
- Diga... – Respondeu com os dentes travados.
- Onde posso encontrar o Dr. Norman?
- O que você quer com ele?
- Negócios...
- Que tipo de negócios um ladrão pode ter com...
- Hey! Olha o linguajar. - Ele a interrompeu. - Eu fui enviado pelo Dr. Hesenberg. Não vou discutir meus negócios com você.
- Dr Norman é meu pai. Se acha que vou dizer...
A jovem foi interrompida pela reação de Jacob, que deixou de apontar a arma em sua direção. Em seguida virou a arma ao contrario oferecendo o cabo à moça.
- Tome sua arma e vamos conversar, não somos inimigos. – Jacob falava mansamente.
A moça levantou e pegou a arma de forma desconfiada e tornou a aponta-la para Jacob.
- Eu me chamo Jacob Carter.
- Sou Helena Norman e você vai me dizer o que quer com meu pai ou vou ter que repintar o quarto! – Ameaçou.
- Meu irmão precisa de ajuda.
- E porque seu irmão precisaria da ajuda do meu pai?
- O Dr. Hesenberg nos informou que o seu pai trabalha com robótica. Meu irmão perdeu os braços para um bandoleiro. – Disse emocionado. - Se você for até meu carro, que esta estacionado aqui perto, poderá constatar o quanto meu irmão precisa de sua ajuda.
Helena permitiu que Jacob fosse até o carro buscar o irmão, mas se manteve alerta com a arma em punho. Entretanto todas as desconfianças de Helena tiveram fim ao ver Ryan. Helena foi até a cozinha preparar o café e em seguida o serviu com biscoitos enquanto Jacob contava uma versão distorcida dos acontecimentos recentes. Ryan, completamente dependente, estava envergonhado com sua situação. Após a curta pausa os três foram até o centro de pesquisa de Palencia no carro de Jacob.
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UDORA: O chamado da insanidade (DEGUSTAÇÃO)
Ciencia FicciónDISPONIVEL COMPLETO COMO EBOOK: https://www.amazon.com.br/dp/B09HFHC6QP/ Os Robôs auto-intitulados de UDORA, invadiram o país com facilidade. O ataque fugiu os padrões, sendo focados em destruir todas as capitais e defesas. O exercito tinha levado...