Minha cabeça parecia o tic tac de uma bomba-relógio prestes a explodir. A noite ao lado de Jungkook havia sido complicada e pouco proveitosa. Se eu olhava para ele, meu coração acelerava, se eu virava para o outro lado, queria voltar a olhá-lo. Mesmo que Deus colocasse a mão na minha cabeça e dissesse: Jimin, meu filho... para! Eu não conseguia me esquivar dos pensamentos impuros envolvendo meu ex-melhor amigo.
Nessa batalha interna, atravessei a noite saltitando de cochilo em cochilo, sem conseguir recarregar minhas energias. O calor também estava fazendo as vezes de coadjuvante naquele pesadelo noturno, mas nada que justificasse Jeon dormir apenas de cueca. Isso era totalmente desnecessário e injustificável.
Suando pelas beiradas, virei-me no lençol amarrotado e vi Jungkook ressonar a poucos centímetros de mim com a boca entreaberta.
Já estava consciente que não conseguiria pregar os olhos de novo. Sentei no colchão e abri o zíper da entrada da barraca. O brilho do sol me cegou por alguns segundos. Quando minhas pupilas se acostumaram à claridade, consegui testemunhar a beleza natural formidável daquele lugar.
— Bom dia, Jimin-ssi... — disse Jungkook com a voz rouca e manhosa.
Olhei por cima do ombro e meu coração palpitou ao vê-lo espreguiçar-se no colchão com apenas uma peça de roupa.
— Ainda está cedo. Volta pra cama. — Completou fazendo um biquinho e batendo a mão no colchão.
— Eu queria voltar, mas esses latidos não me deixam dormir.
— Latidos? — Levantou-se num movimento rápido e colou seu peitoral em mim, mais especificamente nas minhas costas. — Será que eles tem um doguinho aqui?
— É o que parece... — Afastei-me um pouquinho, ao sentir seu peito suado e quente umedecer minha blusa.
Despreocupado, Jeon fez menção de sair da barraca, mas antes que desse o primeiro passo na grama o segurei firme pelo pulso.
— Aonde você vai?
— Procurar o doguinho, ué...
— Não vai... vestir uma roupa? — perguntei analisando-o de cima embaixo despistadamente.
— Pra que? Eu te incomodo vestido assim? — A pergunta chegou aos meus ouvidos com um toque provocante e sedutor. — Achei que éramos brothers, Jimin-ssi... Héteros fazem isso o tempo todo.
— Sim, claro! Somos héteros... Quer dizer... Eu sou hétero e você é gay... — Limpei a garganta, sacudindo a cabeça para ver se minha noção voltava para o lugar. — Bem... eu acho que você é gay, né? — Tentei consertar ao lembrar que Hoseok havia me pedido para guardar segredo.
— Sim, sou gay, Jimin-ssi, que bom que você percebeu. — Sorriu descontraído, deixando a entender que minha conclusão era estúpida. — Mas aonde você quer chegar com tudo isso?
— Em lugar nenhum... Só acho que você deveria se vestir, porque alguém pode já estar acordado. Se te virem assim... Prevejo problemas. — Finalizei minha trapalhada erguendo os cantos da boca num sorrisinho sem graça. — Mas por mim... você pode ficar pelado... — Tapei minha boca ao perceber o que havia dito. — Quer dizer... De cueca. — Cada vez eu conseguia piorar ainda mais a situação. — Aish, esquece.
— Fico feliz pela sua preocupação com minha integridade. — Agachou-se passando por mim e deitou novamente no colchão, que agora mais parecia um ninho de dois porquinhos. — Pra falar a verdade, eu não me importo que me vejam assim... Mas sei lá, podem se apaixonar, não é mesmo?
Deixei escapar uma risadinha debochada com seu comentário nada modesto, mas minha mente me contrariava dizendo que ele estava certíssimo quanto àquela colocação. Era fácil uma garota se apaixonar só de olhar para o Jungkook.
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Um Crush Espiritual || Jikook
HumorA grande amizade entre Park Jimin e Jeon Jungkook teve um final inesperado no início da adolescência, quando foram pegos brincando de um jeito suspeito no banheiro da igreja. Anos depois, o acaso decide reuni-los novamente num retiro espiritual para...